Onda roxa: Itabira e mais 17 cidades terão toque de recolher e apenas serviços essenciais

Dos municípios da Amepi, 18 deles decidiram por aderir a onda roxa do Minas Consciente. Somente João Monlevade ainda não definiu se adotará o protocolo de saúde. As novas medidas começam a valer na segunda-feira (8) e devem durar 15 dias.

Onda roxa: Itabira e mais 17 cidades terão toque de recolher e apenas serviços essenciais
Foto: Arquivo/DeFato

Após uma reunião na Associação dos Municípios da Microrregião do Médio Piracicaba (Amepi), na tarde desta sexta-feira (5), prefeitos de 18 cidades, entre elas Itabira, decidiram por aderir a onda roxa do programa Minas Conscientes, do Governo de Minas Gerais — somente João Monlevade ainda não informou se adotará o protocolo de saúde. Com isso, haverá toque de recolher das 20h às 5h, tanto durante a semana quanto nos sábados e domingos, e só poderão funcionar os serviços essenciais. As medidas começam a valer a partir de segunda-feira (8) e devem durar por 15 dias.

A decisão foi motivada pelo agravamento da pandemia e, principalmente, pelo risco iminente de desassistência nos leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) específicos para Covid-19 na rede de saúde itabirana, que é referência para os municípios vizinhos.

O fechamento dos serviços e atividades não essenciais será mantido, inicialmente, pelo prazo de 15 dias, segundo decidiram os prefeitos. Em Itabira, o decreto municipal que determina as novas medidas será publicado no Diário Oficial do Município também na segunda. Antes, no sábado (6), o prefeito Marco Antônio Lage (PSB) falará à imprensa em entrevista coletiva on-line.

Nos últimos dias, houve aumento significativo do número de infectados e hospitalizados em Itabira e região. Cabe ressaltar que os leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) disponíveis na cidade também estão a serviço de outros 13 municípios que pertencem à microrregião de Itabira. Nesta sexta-feira, o percentual de leitos ocupados no município se aproximou dos 100%, o que significaria o colapso na rede de atendimento.

Onda roxa

A criação da onda roxa foi anunciada nesta semana pelo governador Romeu Zema (Novo) e é considerada a fase mais restritiva do programa Minas Consciente. De acordo com o Governo de Minas Gerais, as regras instituídas no novo protocolo incluem: a proibição de circulação de pessoas sem o uso de máscara de proteção, em qualquer espaço público ou de uso coletivo, ainda que privado; e a proibição de circulação de pessoas com sintomas gripais, exceto para a realização ou acompanhamento de consultas ou realização de exames médico-hospitalares.

A onda roxa, ainda, determina a proibição de realização de reuniões presenciais, inclusive de pessoas da mesma família que não coabitam; e a realização de qualquer tipo de evento público ou privado que possa provocar aglomeração, ainda que respeitadas as regras de distanciamento social.

Serviços essenciais

A onda roxa, ainda, prevê o funcionamento apenas dos serviços considerados essenciais. Dentre eles, estão os supermercados, açougues, padarias, oficinas mecânicas e agências bancárias.

Abaixo, a lista detalhada dos serviços que podem funcionar. Confira:

  • indústria e comércio de fármacos, farmácias, drogarias e óticas;
  • fabricação, montagem e distribuição de materiais clínicos e hospitalares;
  • hipermercados, supermercados, mercados, açougues, peixarias, hortifrutigranjeiros, padarias, quitandas,
  • centros de abastecimento de alimentos, lojas de conveniência, lanchonetes, de água mineral e de alimentos para animais;
  • produção, distribuição e comercialização de combustíveis e derivados;
  • distribuidoras de gás;
  • oficinas mecânicas, borracharias, autopeças, concessionárias e revendedoras de veículos automotores de qualquer natureza, inclusive as de máquinas agrícolas e afins;
  • restaurantes em pontos ou postos de paradas nas rodovias;
  • agências bancárias e similares;
  • cadeia industrial de alimentos;
  • agrossilvipastoris e agroindustriais;
  • relacionados à tecnologia da informação e de processamento de dados, tais como gestão, desenvolvimento,
  • suporte e manutenção de hardware, software, hospedagem e conectividade;
  • construção civil;
  • setores industriais, desde que relacionados à cadeia produtiva de serviços e produtos essenciais;
  • lavanderias;
  • assistência veterinária e pet shops;
  • transporte e entrega de cargas em geral;
  • call center;
  •  locação de veículos de qualquer natureza, inclusive a de máquinas agrícolas e afins;
  • assistência técnica em máquinas, equipamentos, instalações, edificações e atividades correlatas, tais como a de eletricista e bombeiro hidráulico;
  • controle de pragas e de desinfecção de ambientes;
  • atendimento e atuação em emergências ambientais;
  • comércio atacadista e varejista de insumos para confecção de equipamentos de proteção individual – EPI e clínico-hospitalares, tais como tecidos, artefatos de tecidos e aviamento;
  • de representação judicial e extrajudicial, assessoria e consultoria jurídicas;
  • relacionados à contabilidade.

Cidades que aderem à Onda Roxa

Além de Itabira, também definiram pela adesão à Onda Roxa os seguintes municípios: Rio Piracicaba, Nova Era, Bom Jesus do Amparo, Bela Vista de Minas, Itambé do Mato Dentro, Barão de Cocais, Ferros, São Gonçalo do Rio Abaixo, Santa Maria de Itabira, Catas Altas, Santa Bárbara, Morro do Pilar, Passabém, Alvinópolis, São Domingos do Prata, Dom Silvério e Sem Peixe.

Cenário em Itabira

De acordo com o último boletim epidemiológico da Prefeitura de Itabira, divulgado na noite de quinta-feira, a cidade tem, desde o início da pandemia, 9.361 infectados pela Covid-19. Além disso, já foram contabilizadas 81 mortes pela doença.

Com um total de 26 leitos de UTI, o município tem 21 deles ocupados, o que caracteriza 81% da taxa de ocupação.

A cidade também conta com 55 leitos de enfermaria para pacientes com coronavírus. Desses, 32 estão preenchidos, o que gera uma taxa de ocupação de 58%. Entre os 21 pacientes internados na UTI, 13 são de Itabira e o restante de municípios da região. Na enfermaria, 12 pacientes são de outras cidades e 20 são itabiranos.

Somente entre janeiro e fevereiro, 3.307 cidadãos contraíram covid-19. O número de óbitos também aumentou: foram 12 mortes em janeiro; 21 mortes em fevereiro e quatro em março. Isto significa que, apenas nos primeiros três primeiros meses de 2021, Itabira já perdeu 37 vidas para a covid-19. O número de óbitos desde o começo da pandemia é de 81 pessoas.

Nas últimas 48 horas, mais de 240 itabiranos foram contaminados, o maior avanço diário desde a pandemia. Outra notícia grave é que infectologistas acreditam que a nova variante da covid-19 detectada no Brasil, considerada mais contagiosa, já pode estar circulando na região.

Decisão regional

Desde a semana passada, Itabira e os demais municípios da região vem discutindo o endurecimento das medidas de enfrentamento ao coronavírus. Por meio da Amepi, essas cidades decidiram por adotar um protocolo que pudesse ser seguido na região do Médio Piracicaba, reduzindo a circulação do vírus, diminuindo a incidência de casos e desafogando os sistemas de saúde

Na quinta-feira, 25 de fevereiro, o secretário de Governo de Itabira, Gabriel Quintão, manifestou a sua preocupação com o impacto regional da pandemia de Covid-19 no sistema de saúde itabirano.

Na ocasião, ele afirmou que “Itabira é uma cidade-polo e a gente sabe que é a referência para os municípios da região. O nosso temor, no entanto, é que aconteça aqui o que estamos observando em Uberlândia, que também é uma cidade-polo e está em colapso. Os número recentes acenderam este alerta e estamos aqui trazendo essa preocupação para os prefeitos da região. Nossa demanda é por ações conjuntas, que minimizem a proliferação do coronavírus e traga um alívio para todos os municípios”.

Em nova reunião da Amepi, realizada na terça-feira (2), os prefeitos voltaram a manifestar preocupação com o avanço da pandemia. Assim, eles passaram a cogitar medidas mais duras para o enfrentamento do vírus. “Precisamos tomar uma decisão rápida. Não pode passar desta semana”, ressaltou Dr. Laércio Ribeiro (PT), prefeito de João de Monlevade, que ainda não confirmou se a sua cidade irá aderira a onda roxa — definição que deve acontecer na próxima segunda-feira.

Para Décio dos Santos (PSB), prefeito de Barão de Cocais, é necessário coesão entre as prefeituras para encontrar as melhores soluções. Segundo ele, “é preciso respeitar as particularidades de cada município, mas os prefeitos não podem apresentar decretos completamente díspares. Caso contrário, as ações não terão efeito”.

Em nota, enviada à reportagem da DeFato após o encontro da terça-feira, a Prefeitura de Itabira destacou os diálogos para uma tomada de decisão em conjunto. “Os prefeitos fizeram um diagnóstico das suas cidades e concordaram que a situação na região demanda medidas mais rigorosas — e em conjunto”.