Operação da Polícia Civil mira influenciadores suspeitos de promoverem rifas ilegais; itabirano está entre os investigados

Ao todo, seis mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Belo Horizonte e em cidades do Paraná e Santa Catarina

Operação da Polícia Civil mira influenciadores suspeitos de promoverem rifas ilegais; itabirano está entre os investigados
Uma dos veículos apreendidos pela Polícia Civil do Paraná – Foto: Divulgação/PCPR

A Polícia Civil do Paraná (PCPR) deflagrou uma operação, na manhã desta terça-feira (20), contra influenciadores digitais suspeitos de promoverem rifas ilegais em redes sociais. A ação contou com o apoio de equipes das polícias civil de Minas Gerais (PCMG) e Santa Catarina (PCSC). Entre os investigados está o digital influencer itabirano Nélio Dgrazi, que reside em Belo Horizonte e soma mais de 1,3 milhão de seguidores no Instagram.

De acordo com a Polícia Civil do Paraná, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão simultaneamente em Rio Branco do Sul, no Paraná; em Itapema e Balneário Camboriú, em Santa Catarina; e em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Em Santa Catarina, as equipes policiais apreenderam cinco veículos de luxo, com valor aproximado de R$ 1,5 milhão, motocicletas esportivas, diversas joias e documentos de transferências bancárias. Em Belo Horizonte, outros seis veículos de luxo foram apreendidos, bem como uma munição e um comprimido de ecstasy.

“A presente operação busca apurar a contravenção penal de promoção de rifas ilegais, bem como os crimes de lavagem de dinheiro, de associação criminosa e de crime contra a economia popular. Apesar de terem se tornado extremamente populares recentemente, as rifas de veículos e valores em dinheiro só podem ser realizadas se devidamente autorizadas pelo Ministério da Fazenda. Não atendidos tais critérios, são consideradas contravenção penal”, explica o delegado da Polícia Civil do Paraná Gabriel Fontana.

“Essas rifas eram realizadas sem qualquer espécie de autorização do órgão competente e também esses valores em espécie sorteados contém fortes indícios de fraude, uma vez que a numeração utilizada para identificar os vencedores desses sorteios não encontrava qualquer tipo de lastro na loteria federal, que era o padrão que os próprios investigados diziam que era utilizado naqueles sorteios”, acrescenta Fontana.

Além das apreensões, a Polícia Civil do Paraná conseguiu, junto à Justiça, o bloqueio de contas bancárias visando ao sequestro de R$ 25 milhões, que teriam sido levantados pelos investigados no último ano. As contas nas redes sociais e o site em que exploravam os sorteios também foram suspensos, mediante autorização judicial.

“As investigações também apuraram que no último ano, em 2023, esse grupo arrecadou com esses esquemas de rifas de veículos e sorteios de valores em espécie cerca de 25 milhões de reais. Valores esses que também foram alvos dessa operação de terça-feira por meio de um bloqueio judicial nas contas bancárias dos investigados”, afirma Gabriel Fontana.

Sorteio de dinheiro

Ainda segundo o delegado, o próprio imóvel onde um dos investigados morava foi adquirido com o dinheiro das rifas, no valor de R$ 4 milhões. A Polícia Civil também apurou que o grupo realizava sorteios de valores em espécie.

“Nesses sorteios, o comprador ganha um ‘número da sorte’ entre 01 a 9.999.999. Acontece que nos sorteios regulares, baseados na loteria federal, são utilizadas somente cinco dezenas, em composições que variam de 01 a 100.000. Há fortes indícios de que tais sorteios sejam fraudados para que os valores nunca saiam de dentro do grupo criminoso”, completa Gabriel Fontana.

As investigações prosseguirão com o objetivo de identificar outros envolvidos no branqueamento dos recursos ilícitos.

Posicionamento da PCMG

Em uma breve nota, a Polícia Civil de Minas Gerais afirmou que apenas prestou apoio às equipes do Paraná no cumprimento do mandado de busca e apreensão na capital mineira. Confira na íntegra:

“Sobre a operação em andamento, a PCMG informa que prestou apoio à Polícia Civil do Paraná no cumprimento de mandado de busca e apreensão na residência do investigado”, diz a nota.

Outro lado

O portal DeFato tentou contato com Nélio Dgrazi por meio da sua conta oficial no Instagram, mas até o fechamento desta reportagem não houve retorno. O espaço segue aberto para posicionamento.

Rifas são ilegais no Brasil?

De acorddo com o Ministério da Fazenda, as rifas são proibidas no País, podendo ser realizadas somente por entidades beneficentes conforme autorização da Lei 5.768/1971 e a regulamentação do decreto 70.951/1972. Além disso, a venda de rifas precisa ser autorizada pelo órgão federal, por meio da Secretaria de Prêmio e Apostas.