Operação mira grupo suspeito de comércio ilegal de minério de ferro
Investigação aponta esquema de empresas de fachada e laranjas para ocultar origem ilícita de cerca de R$ 260 milhões movimentados em um ano e meio
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) deflagrou a operação Angra em 17 municípios, na última quinta-feira. A operação resultou no cumprimento de 36 mandados de busca e apreensão. O trabalho é decorrente de investigação sobre lavagem de dinheiro, entre outros delitos relacionados, a partir do comércio ilegal de minério de ferro.
A operação foi coordenada pelo Departamento Estadual de Investigação de Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), com apoio das Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e de Fazenda. O nome da operação é em homenagem à deusa do fogo.
Ponto de partida
Um dos alvos principais da investigação é uma Unidade de Tratamento Minerário (UTM) em Itabirito. Os agentes indiciaram seus controladores em 2023 por operarem sem licença ambiental e destruírem espécies da Mata Atlântica.
Conforme apurado, o empreendimento, apontado como destino de minério de ferro de origem ilícita no quadrilátero ferrífero, gerou lucros milionários enquanto os administradores acumulavam ocorrências de crimes ambientais nos últimos dez anos.
“Isso ligou um alerta sobre a vantajosidade que estava sendo a prática dessas condutas criminosas. Mesmo havendo a persecução criminal, eles (indiciados) continuavam reiteradamente praticando esses crimes. Então, iniciou-se uma investigação financeira”, informa a chefe do Dema, delegada-geral Bianca Landau.
Lavagem de dinheiro
Durante os levantamentos, foi identificada a suspeita de um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo empresários que comercializavam minério ilegalmente. De acordo com o delegado Hugo Arruda (chefe da Divisão Operacional do Dema), a investigação identificou outras unidades de tratamento minerário e usinas de processamento de minério de ferro.
“Identificamos uma rede criminosa grande, inclusive usando empresas de fachada, em nome de laranjas”, Arruda afirmou. E concluiu: “A movimentação financeira no período de um ano e meio foi superior a R$ 260 milhões”.
O delegado completa, descrevendo o esquema: “Recebiam esse minério de origem ilícita, beneficiavam o material e usavam empresas de fachada para dar aparência de legalidade a um recurso obtido de forma ilícita”.
Crimes investigados
Os crimes em investigação pela Polícia Civil incluem organização criminosa, receptação qualificada, falsidade ideológica, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e ilícitos ambientais. “A operação de hoje teve como objetivo, basicamente, a arrecadação de documentos e objetos”, pontuou. Os próximos passos, de acordo com o chefe são: “Dar sequência às investigações e fazer o correto indiciamento dessas pessoas”.
Além da capital, a polícia realizou ações em: Nova Lima, Itabirito, Congonhas, Contagem, Rio Acima, Divinópolis, Sete Lagoas, Barão de Cocais, Santa Bárbara, Bom Jesus do Amparo, Cachoeira da Prata, Maravilhas, Itatiaiuçu, São José da Lapa, Esmeraldas e Ribeirão das Neves.
Informações da Agência Minas