Orçamento participativo: primeira assembleia tem pouca adesão e Prefeitura promete novas estratégias

Foi realizada, na noite desta quarta-feira (23), a primeira assembleia do Orçamento Participativo, programa municipal de participação popular retomado após pouco mais de 20 anos, em Itabira. O encontro ocorreu no Cmei (Centro Municipal de Educação Infantil) Ademir de Souza, no bairro João XXIII, e não atraiu tantas pessoas. Entre secretários, cargos comissionados e moradores da região, foram cerca de 40 presentes.

O baixo engajamento foi reconhecido até pelos próprios membros da Prefeitura. Gabriel Quintão, coordenador do programa e secretário municipal de Administração, sugeriu à população que indique outros locais mais acessíveis para as próximas assembleias.

“Quem tiver sugestão de outro local, trazer para a gente pensar. Então quem está aqui hoje tem a missão de convidar mais gente, trazer mais pessoas, porque é o momento onde começamos a, de fato, tomar as decisões”, discursou.

Secretário municipal de Planejamento e Gestão, Flávio Pena destacou o trabalho de divulgação feito pela Administração Municipal, mas pediu a ajuda dos moradores no convite “boca a boca”.

“(O trabalho) É divulgar. A região tem uma população bem grande, então aqui temos, não sei, talvez umas 30, 30 e poucas pessoas, e na próxima reunião é importante que tenha cinco, dez vezes mais. Fizemos uma divulgação muito maciça com as associações de bairros, carro de som, rádio, mas se cada um aí falar com dez, e desses dez 50% participarem da próxima reunião, já é bem interessante”, afirmou o secretário.

Porém, uma professora da Escola Municipal José Gomes Vieira, no Santa Ruth, que não se identificou, conclamou à Prefeitura que reforçasse o trabalho de divulgação das assembleias. Segundo ela, os membros da escola só soubera da reunião na mesma quarta-feira.

“Estou representando a comunidade do Santa Ruth, Escola Municipal José Gomes Vieira. E gostaria de pedir para intensificar um pouco mais a divulgação, porque ficamos sabendo hoje do orçamento participativo. Acho que nossa comunidade é carente de muita coisa, uma comunidade que não tem nenhuma estrutura para o esporte, lazer, a educação ainda tem coisas a melhorar. Mas acho que, apesar do boca a boca, que é muito importante, essa divulgação, que a Prefeitura tem condições de fazer, pode melhorar um pouquinho mais”, pontuou.

Em resposta, Gabriel Quintão prometeu atender ao apelo da professora. “A Lúcia, diretora da escola, também me falou sobre isso. Vamos reforçar e buscar outras estratégias para mobilizar todo mundo, a partir de amanhã iremos intensificar (a divulgação)”.

Análise

Em entrevista exclusiva à DeFato, o secretário municipal de Administração comentou sobre o retorno do programa. Para ele, a ausência do Orçamento Participativo nos últimos anos fez a população ficar “desacreditada” no poder público.

 “Hoje é o pontapé inicial, o primeiro passo para retomarmos o orçamento participativo. Um exercício de cidadania, uma ferramenta de participação social muito grande, que faz com que as pessoas de fato sejam colocadas no foco das decisões. Como é algo que ficou adormecido por quase vinte anos, ao mesmo tempo estamos fazendo o resgate do protagonismo das pessoas, das associações, da comunidade. E como eu disse, por muito tempo as pessoas ficaram desacreditadas no poder público. E esse trabalho do orçamento participativo vem no sentido de: “confie, o poder público está aqui para te ouvir”.

E ao contrário do que disse durante a assembleia, Gabriel Quintão classificou como “satisfatória” a presença do público no Cmei Ademir de Souza.

“A presença é satisfatória. Acho que para as próximas assembleias faremos um trabalho junto com as comunidades, como já está sendo feito, para que todos venham participar. Tanto a sociedade civil organizada, através das associações, como os moradores, como um todo”.