Os atalhos para a Terceira Guerra Mundial

Os fios desencapados estão espalhados em diversos cenários do planeta. O incêndio bélico pode começar em três locais distintos da geopolítica

Os atalhos para a Terceira Guerra Mundial
Foto: Reprodução/X
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O mundo encontra-se à beira de um conflito de dimensões inimagináveis. Uma catástrofe sem igual. A temida Terceira Guerra Mundial nunca foi tão iminente. A tensão atual suplanta a elevada temperatura da “Guerra Fria”. Por motivo básico. Os fios desencapados estão espalhados em diversos cenários do planeta. O incêndio bélico pode começar em três locais distintos da geopolítica. Mas, em pouco tempo, o sinistro tomará os quatro cantos. O mundo todo, então, embarcará nessa canoa literalmente furada. Há várias motivações para o princípio do Armagedon. E a quantidade de pretextos é o diferencial em relação às duas grandes guerras do século passado.

O primeiro confronto universal (1914 a 1918) começou de forma banal. O improvável assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando- o herdeiro do império austro-húngaro, em Saravejo, no dia 28 de junho de 1914, foi o estopim da tragédia global. O homicídio desarrumou a complexa política europeia do início do século passado. A carnificina de quatro anos provocou a morte de 10 milhões de pessoas.

O replay do desastre aconteceu duas décadas depois. E foi pior. Em 1º de setembro de 1939, Adolf Hitler invadiu a Polônia. A atitude insana do nazista decorre de pontos frágeis no acordo de paz do quebra-quebra anterior (o fajuto Tratado de Versalhes).  A agressão à soberania polonesa foi a senha para a estratégia expansionista do führer.  A ambição desmedida (e incontrolável) de uma psicopata raiz provocou a mais violenta confrontação de todos os tempos. O número de mortos passou de 50 milhões.  Esse banho de sangue durou seis anos e envolveu países de cinco continentes.

Mas, como seria o possível script do pré-guerra de hoje em dia?  A paisagem é muito diversificada. E aqui não se menciona apenas a capacidade armamentista das potências hegemônicas.  Lugares também são fatores fundamentais nessa análise. A situação é preocupante em três áreas distintas.

A primeira zona de perigo é o Leste Europeu. O “arranca-rabo” de Rússia e Ucrânia é veneno com alto potencial de destruição. Note bem.   A Europa e Estados Unidos já participam indiretamente da arruaça. Mas há nuances delicadas nessa história: o “czar” Vladimir Putin é dono do maior arsenal atômico do globo. Os americanos vêm logo a seguir com pequena diferença na coleção de artefatos. Um embate direto dos dois gigantes significaria o ponto final da aventura humana nessas paragens.  Nesse contexto, portanto, existe um pavio à espera de um tresloucado para acendê-lo.

O panorama do Oriente Médio é extremamente delicado. A confusão se principiou com o atentado do Hamas contra Israel. Benjamin (Bibi) Netanyahu- um facínora por vocação e opção- promove “justificável” retaliação em forma de genocídio. O mandatário, porém, parece disposto a conflagrar toda a região. As últimas espetadas no Irã escararam esse objetivo. O planejamento   do premier é fruto do temor por  um futuro tenebroso.  Bibi terá sérios problemas depois da aventura na Faixa de Gaza. Ele perderá o cargo e será julgado pelos crimes de lesa- humanidade e corrupção.  Netanyahu pode (ou deve) passar uma temporada na cadeia.

Apenas uma circunstância impediu o aumento da escalada: a síndrome de vira-lata do Irã. A pátria dos aiatolás late muito, mas morde pouco. Se os persas, em algum momento, cumprirem  o que sempre prometem, a vaca tomará definitivamente o rumo   do brejo. Um choque entre judeus e iranianos é forte imã e fatalmente atrairá todos os estados das imediações. Os demais protagonistas internacionais chegam a reboque.  E não se iludam. Os proprietários das bombas atômicas têm parcerias bem definidas nessa quizumba. A União Europeia e os norte-americanos estão com Israel.  Irã conta com apoio incondicional da China e Rússia. Como se vê, o Médio Oriente é “saborosa” receita de intensas labaredas.

Finalmente, a Ásia tem o seu mostruário de combustão.  Nesse caso, Taiwan  é o endereço do inferno. A ilha  Formosa garante que é independente. A China jura que não. E pior. O autocrata Xi Jinping ameaça anexar à força esse pedaço de glicerina. Se os comunistas (capitalistas de coração) partirem para as vias de fato, um fogaréu generalizado será inevitável. Afinal, o ringue apresenta a configuração natural: China e Rússia (com a Coreia do Norte a tiracolo) versus OTAN.

Enfim, algum sobrevivente da mega baderna escreverá primoroso livro sobre a Terceira Guerra Mundial. Mas, sobrará algum leitor para tão “fascinante” obra literária?

Fernando Silva é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.

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