Para Vetão, o terceiro andar da Prefeitura de Itabira é um marasmo
Na entrevista, Weverton Andrade, o Vetão, fala sobre estratégia de gestão, posicionamento político, relacionamento com a Prefeitura de Itabira, dentre outros assuntos
O vereador Weverton Leandro Santos Andrade (PSB), 28 anos, é um dos mais jovens presidentes da história da Câmara de Vereadores de Itabira. Em seu segundo mandato, o popular Vetão foi eleito por unanimidade para a presidência do Legislativo itabirano, biênio 2021/2022.
Na entrevista a seguir, o chefe do Legislativo revela a sua estratégia de gestão, esclarece seu posicionamento político, deixa claro a sua forma de relacionamento com o poder Executivo e garante que não ficou ressentido por ter sido preterido na disputa para a Prefeitura da cidade, nas últimas eleições. Confira a entrevista:
Na condição de presidente da Câmara de Vereadores, qual será a sua filosofia de gestão do Legislativo Itabirano, no próximo biênio? Qual será a marca registrada do vereador Vetão?
Vereador Vetão: Eu assumo a Câmara num momento muito crucial. Nós faremos, se Deus quiser, uma gestão de transição para um novo modelo na política. Nos últimos quatro anos, a Câmara passou por momentos de crises, foram instantes muito conturbados, que arranharam a imagem da nossa instituição. O nosso objetivo, nesse momento, é buscar novamente a credibilidade do Legislativo itabirano. Vamos em busca de um Legislativo atuante, para que o povo tenha orgulho de participar da nossa instituição. Se a gente conseguir alcançar esse objetivo, eu acho que a Câmara dará um passo importante em direção ao futuro.
Chamou muito a atenção, no seu discurso da posse, o momento em que destacou que gostaria de recuperar a boa imagem da Câmara. O senhor afirmou que tem a intenção de modernizar o Legislativo. Essa fala é uma crítica a seu antecessor, o vereador Heraldo Noronha? Vale ressaltar que, na última legislatura, os senhores eram antagonistas.
Vereador Vetão: Na verdade, é um pensamento diferenciado. Na democracia, a gente pode lidar com essas divergências. O presidente que passou deixou um legado e sua forma de gerir, mas o meu pensamento difere em alguns aspectos, em alguns pontos. Isso não significa que eu ache que ele fez uma péssima gestão. A Câmara de Itabira, nos últimos quatro anos, viveu algumas situações que fugiram à alçada do presidente. A atitude divergente não significa que eu discorde de tudo o que foi feito. A gestão passada teve iniciativas importantes, como a criação do ponto biométrico ou o cancelamento das verbas indenizatórias de gabinetes. Mas precisamos avançar, cada vez mais, sem perder de vista os erros do passado. Eu estou muito tranquilo, porque a minha eleição para presidente da Câmara contou com os votos de todos os vereadores. Fui eleito por unanimidade
Por falar nisso, o vereador Neidson Freitas foi eleito presidente, no primeiro biênio da legislatura passada, quase por unanimidade. Apenas o vereador Vetão não votou nele. O senhor teria declarado, na ocasião, que a unanimidade não é democrática. Dessa feita, porém, Neidson foi seu eleitor. Como o senhor explica essa diferença de postura?
Vereador Vetão: Essa é até uma boa oportunidade para a gente esclarecer essa situação. Em momento algum, eu declarei para a imprensa que não votei em Neidson porque era contra a unanimidade. Na verdade, eu não estava de acordo com algumas tratativas que estavam sendo feitas, durante o processo. Mas o voto de Neidson, agora, demonstrou maturidade política. Eu e Neidson estamos em lados opostos. Mas, na Câmara, nos últimos quatro anos, eu sempre tive o máximo respeito por todos os colegas. As divergências políticas sempre existirão, mas não podemos levar isso para o lado pessoal.
Na última legislatura, o senhor foi incondicionalmente oposição. Agora, o senhor será incondicionalmente situacionista?
Vereador Vetão: Em meu discurso, já como presidente da Câmara, eu afirmei que vamos ser parceiros de todas as instituições, todas. Mas não vamos deixar de lado o principal foco do Legislativo, que é a fiscalização. Vou manter o mesmo nível que tive com a administração passada. Eu fui oposição, mas votei favorável em vários projetos do governo passado, mas critiquei aquilo com que não concordei. Da mesma forma, vai ser agora. A Câmara é independente, harmônica e tem o poder de fiscalização. O meu objetivo maior, na presidência, é manter a independência entre os poderes.
Nesse momento, então, o senhor vive uma situação política inédita, que é ser situacionista. Até que ponto, o senhor é cem por cento de apoio ao prefeito ou cem por cento na hora de ouvir o clamor do seu eleitorado? Por exemplo, se em algum momento, a maioria do seu eleitorado se posicionar contra o prefeito, o senhor permanecerá fiel a Marco Antônio Lage ou aos seus eleitores?
Vereador Vetão: Aliás, eu não fui eleito para representar partido político ou liderança política. Eu fui eleito para representar o povo. O próprio prefeito tem esse entendimento. O próprio Marco Antônio Lage pede para que a Câmara aponte os erros da Prefeitura. E tem um marasmo ali no terceiro andar da Prefeitura, porque o cara senta na cadeira de prefeito e só recebe mensagens positivas, de uma cidade que não existe. Mas que fique claro: eu não serei oposição e nem situação, mas um representante da população. Quando for necessário questionar, eu questionarei. Quanto for necessário apontar e falar que acertou, eu farei isso também, como fiz com Ronaldo Magalhães, na gestão passada. Agora, é pensar daqui pra frente. É um mandato novo e estou muito motivado. O Vetão de hoje é um Vetão diferente daquele de quatro anos atrás. Eu me amadureci muito rápido e me preparei pra chegar onde estou.
O senhor foi o mais marcante oposicionista dos últimos quatro anos. Com a desistência de Bernardo Mucida, pela lógica do pragmatismo político, o senhor seria o candidato natural do PSB à Prefeitura. No entanto, surpreendentemente, foi preterido pelo “pouco conhecido” Marco Antônio Lage. Essa situação provocou algum ressentimento? Foi por isso que o senhor teve pouco envolvimento na campanha do prefeito?
Vereador Vetão: Eu estou com 28 anos de idade e tenho que me preparar mais. Um político tem que se preparar muito para administrar uma cidade, principalmente a sétima arrecadação de Minas Gerais. Eu me empenhei, sim, na campanha do prefeito. Eu andei com Marco Antônio pelos quatro cantos dessa cidade, de bairro a bairro, onde apresentei lideranças para ele. Eu não fiquei ressentido porque tudo acontece no tempo de Deus. Eu não trabalhei nos últimos quatro anos pra ser prefeito de Itabira. Então, não há ressentimento, mas vontade de muita união e vontade de fazer a diferença pela cidade.
A implantação da biometria para aferir o ponto do servidor da Câmara está provocando polêmica. Essa situação não contraria os protocolos de combate ao coronavírus, já que várias pessoas, em sequência, utilizam o dedo para acionar o sistema? Inclusive, algumas grandes empresas do país aboliram a biometria, para preservar a saúde de seus funcionários.
Vereador Vetão: Foi feito um estudo antes da implantação da biometria, na Câmara. Na verdade, foi instalado um dispositivo de álcool em gel, ao lado do ponto biométrico. Há uma plaquinha informando que o funcionário terá que utilizar o álcool em gel antes de utilizar a biometria, e depois que ele sair de lá também. Foi feito um estudo completo antes da implantação do sistema, e vamos fazer um controle sistemático dessa situação.
* Por Fernando Silva