“Paredão” Juciely

Juciely Cristina Silva Barreto, de 30 anos, um dos destaques do vôlei feminino nacional em 2011, terminou a última temporada em alta: ela foi eleita a melhor bloqueadora da competição, defendendo a Unilever/RJ, equipe que terminou como campeã. O desempenho da atleta lhe rendeu o justo apelido de “Paredão”.   Para Juciely, profissional há dez […]

“Paredão” Juciely
Juciely Cristina Silva Barreto, de 30 anos, um dos destaques do vôlei feminino nacional em 2011, terminou a última temporada em alta: ela foi eleita a melhor bloqueadora da competição, defendendo a Unilever/RJ, equipe que terminou como campeã. O desempenho da atleta lhe rendeu o justo apelido de “Paredão”.
 
Para Juciely, profissional há dez anos, a consagração do seu trabalho se deve a muita dedicação. Com o apoio de toda a família que deixou em João Monlevade, ela conseguiu superar a relativa baixa estatura e conquistou de vez a torcida do Médio Piracicaba.
 
Nesta entrevista, Juciely fala de sua trajetória até a Seleção Brasileira, e detalha como concilia a carreira de atleta com a vida de casada. Extremamente satisfeita pelas últimas conquistas, ela comemora: “Espero que esse sonho nunca acabe”
 
Quando e onde começou a se interessar pelo vôlei?
Meu interesse começou ainda nas aulas de Educação Física, na escola.
 
Quando percebeu que o vôlei poderia ser a sua profissão?
No momento em que começaram a chegar convites para testes, para que eu pudesse fazer parte de equipes profissionais.
 
Foi difícil chegar ao status de profissional?
Sim, sem dúvida. Existe uma competição muito grande entre as atletas.
 
Há quantos anos atua como profissional? E quais os times você defendeu nesse período?
Atuo profissionalmente há dez anos. Joguei no Macaé Sports, MRV Minas, Brasil Telecom, Finasa Osasco, Fiat Minas, Blausiegel São Caetano e, agora, estou no Unilever.
 
Quais os títulos que conquistou?
Já venci os estaduais Carioca, Catarinense, Paulista, Mineiro e Brasiliense.Também fui campeã da Copa São Paulo. Na Superliga, tenho duas medalhas de ouro.
 
Como chegou a fazer parte do time militar brasileiro?
 O Exército tinha a intenção de formar um time feminino de vôlei e, com isso, foi aberto um edital para selecionar as atletas. Passamos por uma seleção envolvendo o currículo profissional e exames médicos, dentre outras avaliações.Após essa fase, foram selecionadas 12 atletas. Aprendemos a atirar, fazer caminhadas na mata, tivemos aula sobre o exército, aprendemos a marchar e outras coisas mais.
 
E sua família, o que pensa dessa experiência?
Hoje, tanto para mim quanto para a minha família, é uma honra que eu esteja integrada ao Exército Brasileiro. Quando estamos de fora, não temos noção de como é fazer parte dessa instituição. Para minha família, sou motivo de orgulho
 
A patente impõe respeito entre as colegas de time?
Na minha equipe, há mais dois sargentos como eu. Uma é a Regiane e a outra é a Valeskinha. Então, tentamos impor um pouco de respeito por lá (risos). Brincadeira.
 
Quando surgiu a oportunidade de se integrar à equipe da Unilever/RJ?
O convite foi feito no final da temporada 2009/10. Fiquei muito feliz, pois iria trabalhar com um dos melhores técnicos do país (Bernardinho). Vi uma oportunidade para evoluir, trabalhando em uma grande equipe.
 
O Bernardinho tem fama de ser bravo e muito exigente. Qual foi a impressão que teve dele no primeiro dia de treino? Bateu medo ou insegurança?
Confesso que sim (risos). Sempre ouvi falar que ele era muito bravo. Mas, com a convivência, aprendi que ele só cobra das atletas porque sabe que podemos dar o nosso melhor. É uma cobrança sadia.
 
Você conquistou, recentemente, o primeiro lugar na Superliga Feminina pelo seu time. Houve muitos desafios para chegar ao título de campeã?
Sim, ao fazer parte de uma equipe como a Unilever, sempre encontramos desafios. É uma equipe que costuma frequentar as finais da Superliga. Outro desafio é estar ao lado de tantas campeãs olímpicas e conseguir corresponder às expectativas profissionais.
 
Das colegas de equipe, quem é a sua melhor amiga fora das quadras? O que preferem fazer juntas quando estão liberadas dos treinos.
Nossa equipe era muito unida, mas sempre temos mais afinidades com alguém. No meu caso, tinha com a Juliana Nogueira, dentre outras. Vamos à praia, ao cinema etc.
 
E houve descanso após a Superliga?
Estive de folga até o dia 16 de maio, quando me integrei à Seleção Brasileira.
 
O fato de ter 1,84m, e ser considerada “baixa” para a sua posição (meio-de-rede), incomoda? Como vence esta dificuldade?
É uma realidade da qual não tenho como fugir. Hoje, os padrões internacionais requerem muito mais altura. A forma que encontro para compensar é treinar mais e com maior velocidade.
 
Já passou por algum tipo de contusão na sua carreira?
Sim, tive algumas contusões que me fizeram ter medo. Uma delas foi quebrar a mão esquerda. Essa me tirou por quase dois meses das quadras. Trabalhei muito na fisioterapia e acabei conseguindo voltar bem.
 
Mudando de assunto, quando conheceu o seu marido?
Eu conheci o meu marido, Antônio Barreto, em 2001, quando jogava em Macaé-RJ, defendendo o time de lá. Estamos juntos há nove anos e casados há um ano e meio. Ele é professor de Educação Física e trabalha embarcado em uma plataforma da Petrobras. Normalmente, passa 15 dias comigo e 15 dias no mar. Sempre damos um jeito para conciliar os horários e ficarmos juntos. Quando estamos longe, usamos o MSN e o skype para matar as saudades.
 
Qual é o segredo para conciliar a vida de atleta com a de esposa?
A vida de atleta é mesmo muito corrida, então, para compensar a minha ausência, procuramos passear, viajar e sair um pouco da rotina.
 
Até que idade morou em João Monlevade e em quais escolas estudou?
Morei até os 17 anos. Nesse período, estudei nas estaduais Eugênia Scharlé e Dr. Geraldo Parreiras, além das municipais Cônego José Higino de Freitas e Governador Israel Pinheiro (EMIP).
 
Tem boas recordações da cidade? Do que mais tem saudades?
Sim, tenho muitas recordações boas da minha infância. Sinto muitas saudades de estar ao lado da minha família e amigos.
 
Ainda visita os amigos que deixou na cidade?
Sim, visito sempre, nas férias.
 
Quando olha para o seu passado esportivo, do que mais tem saudade?
Tenho saudades dos tempos quando ainda não era profissional. Viajávamos para competir nos Jogos do Interior de Minas Gerais (Jimi). Essa época, com certeza, nunca será esquecida, pois passaram pessoas muito importantes por minha vida, que me fizeram chegar até aqui. E sou muito grata a todos por terem me ajudado. Foi muita gente que me apoiou.
 
Quem são seus ídolos no vôlei?
Fofão e Giba.
 
Em sua opinião, as gerações de atletas brasileiros que chegaram ao ouro olímpico alimentam o sonho das crianças, assim como ocorre no futebol?
Com certeza. O sonho das crianças é chegar aonde eles chegaram. Isso faz com que, a cada dia, surjam mais e mais crianças jogando vôlei.
 
Qual é sua próxima ambição profissional?
Na verdade, acho que estou vivendo um sonho. Essa é sem dúvida a melhor fase da minha vida e quero que nunca se acabe.<