Patos de Minas adota tecnologia biológica sustentável para controlar Aedes aegypti
Parceria da Prefeitura com multinacional fundada na Universidade de Oxford, visa reduzir a infestação do mosquito da dengue na região
O município de Patos de Minas (MG), a 415 km de Belo Horizonte, adotou neste início de 2024 uma tecnologia biológica, inovadora e sustentável que usa mosquitos “Aedes aegypti do Bem” para combater a própria espécie, fazendo o controle da população de fêmeas transmissoras de doenças e protegendo, de forma eficaz, os moradores dos bairros Jardim Esperança e Nossa Senhora Aparecida. As duas regiões, que contam com 3.773 imóveis, receberão cerca de 350 Caixas do Bem distribuídas em 75 hectares de área urbana.
De acordo com a Secretária Municipal de Saúde, Ana Carolina Magalhães Caixeta, a iniciativa tem o objetivo de diminuir a população do mosquito transmissor da doença que matou 1.079 pessoas no último ano no Brasil, batendo o recorde de mortes em 2022. “Pensando que o Aedes aegypti vem se mostrando adaptável às mudanças climáticas e que temos cada vez mais casos de dengue e outras doenças por ele transmitidas, essa é mais uma estratégia da Prefeitura de Patos de Minas no combate ao mosquito. O “Aedes do Bem” vem justamente para isso, para que a gente una tecnologia e saúde e consiga resultados mais eficazes em conjunto com as medidas convencionais aplicadas no nosso dia a dia”, disse.
Como funciona
Desenvolvida pela multinacional de biotecnologia inglesa Oxitec, fundada na Universidade de Oxford e presente no Brasil desde 2011, a solução inovadora e sustentável chamada Aedes do Bem™ foi aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) em 2020 e, além de ser livre de inseticidas químicos, é altamente eficaz no controle biológico do mosquito Aedes aegypti. É uma tecnologia que libera Aedes aegypti machos autolimitantes, que não picam e não transmitem doenças. O produto é composto por uma caixa reutilizável e refis contendo os ovos de mosquitos.
A solução foi distribuída pelo Grupo Astral, representante comercial oficial do Aedes do Bem™ em Patos de Minas. Os Agentes de Endemias da cidade, treinados pelo time de Operações da Oxitec, serão responsáveis pela instalação das Caixas do Bem na área urbana – onde o mosquito costuma deixar seus criadouros – e também pela troca dos refis, que deve ser feita a cada 28 dias.
A solução é bastante simples e fácil de usar. Os ovos dos Aedes do Bem™ se desenvolvem dentro da Caixa do Bem assim que ela é ativada com água limpa. Quando os Aedes do Bem™ machos atingem a fase adulta, voam da caixa para o ambiente urbano, procuram ativamente e acasalam com as fêmeas do Aedes aegypti – que picam e são responsáveis pela transmissão de doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Deste cruzamento, apenas os descendentes machos sobrevivem e chegam à fase adulta, herdando dos pais a característica autolimitante que confere a capacidade larvicida fêmea-específica. O resultado é a queda do número de fêmeas que picam e transmitem doenças, e, consequentemente, o controle populacional direcionado do Aedes aegypti.
Os Aedes do Bem™ agem especificamente no controle do Aedes aegypti e não afetam outras espécies de insetos benéficos ao meio ambiente, como abelhas e joaninhas; não causam nenhum dano ao meio ambiente, às pessoas e aos animais. Não são tóxicos e nem alergênicos. Não se concentram ao longo da cadeia alimentar e não causam efeitos adversos quando consumidos por outros animais.
“Ter a possibilidade de implantar a solução em Patos de Minas é motivo de muita alegria e a oportunidade de alcançarmos mais municípios do estado”, afirma Natalia Ferreira, diretora da Oxitec Brasil. “Minas Gerais mais uma vez sai na frente ao adotar uma solução inovadora, sustentável e altamente eficaz para o controle deste mosquito que transmite a dengue e tantas doenças. Estamos felizes e honrados com essa nova parceria.”
Programação em Patos de Minas
Na segunda-feira, dia 22/01, pela manhã, a parceria será oficializada em um evento para 250 pessoas, entre empresários, autoridades, profissionais de saúde e interessados, no auditório do UNIPAM (Bloco N).
Das 13h até 17h, as Caixas do Bem serão instaladas e ativadas no bairro Nossa Senhora Aparecida, com mobilização porta-a-porta e informações à população.
A mesma ação acontecerá nos dias que seguem (agenda abaixo), e no sábado, dia 27/01, haverá evento informativo sobre a iniciativa no Parque do Mocambo, no Bairro Jardim Paraíso.
Dia 23/01 – 3ª feira
Das 8h às 11h – mobilização porta-a-porta no Bairro Nossa Senhora Aparecida.
Das 8h às 9h – agentes de saúde e equipe de apoio do Grupo Astral e da Oxitec estarão na UBS Dr. Geraldo Resende Lima, localizada na Praça Sete de Setembro, 85, para fazer o acolhimento das pessoas no espaço e falar sobre o projeto.
Das 15h às 16h – reunião no gabinete do prefeito com empresários para explorar possíveis parcerias público-privadas na adoção do Aedes do Bem™ e extensão do tratamento para outras áreas da cidade.
Dia 24/01 – 4ª feira
Das 8h às 11h – mobilização porta-a-porta no Bairro Jardim Esperança.
Das 8h às 9h – acolhimento na UBS Jardim Esperança, localizada na Avenida João Marques de Queiroz, 773.
Dia 25/01 – 5ª feira
Das 8h às 11h – mobilização porta-a-porta no Bairro Jardim Esperança.
Dia 26/01 – 6ª feira
Das 8h às 17h – mobilização porta-a-porta no Bairro Jardim Esperança.
Das 8h30 às 10h30 – blitz educativa na região central da cidade, na esquina da Rua Major Gote com a Rua Olegário Maciel.
Dia 27/01 – sábado
Das 8h às 11h
Parque do Mocambo
Bairro Jardim Paraíso
96% de supressão do Aedes aegypti em Indaiatuba/SP
As liberações de mosquitos Aedes do Bem™ em comunidades urbanas densamente povoadas e afetadas pela dengue no município de Indaiatuba, no interior de São Paulo, levaram à supressão significativa da população de Aedes aegypti local em até 96%.
O estudo, que foi publicado na revista científica Frontiers in Bioengineering and Biotechnology e revisado por pares, testou a liberação de mosquitos machos Aedes do Bem™ em comunidades densamente povoadas do município. A infestação de mosquitos Aedes aegypti — transmissor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela — foi monitorada nessas regiões durante o período e sua presença no ambiente foi comparada com populações de outros bairros que não receberam mosquitos machos Aedes do Bem™. Durante o pico da temporada de mosquitos (novembro de 2018 a abril de 2019), as populações do Aedes aegypti em áreas tratadas foram suprimidas entre 88% e 96% em relação às áreas não tratadas.