Polícia Federal realiza buscas na casa de Bolsonaro e prende seu ex-ajudante de ordens
Em nota, a Polícia Federal esclareceu que os cartões de vacinação ‘‘sofreram alterações de dezembro de 2021 a dezembro de 2022”
A Polícia Federal prendeu na manhã desta quarta-feira (3), o então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid. Os agentes federais também estiveram na casa de Bolsonaro, no Jardim Botânico, onde realizaram buscas e apreensões. O ex-presidente deveria depor à Polícia Federal às 10h desta quarta, mas segundo seus advogados, Bolsonaro se recusou a prestar depoimento. A operação da PF investiga possíveis dados falsos inseridos em cartões de vacinação contra a Covid-19.
Em nota, a Polícia Federal esclareceu que os cartões de vacinação ‘‘sofreram alterações de dezembro de 2021 a dezembro de 2022 e, por consequência, a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários”.
Na operação, parte dos seguranças e assessores especiais do ex-presidente Bolsonaro também foram detidos, indiciados pelos crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores. Ao todo, serão cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e 6 de prisão preventiva no Rio de Janeiro e em Brasília.
A operação decorre do inquérito das milícias digitais que tramita no Superior Tribunal Federal (STF) e cujo relator é o ministro Alexandre de Moraes. A investigação ocorre desde abril de 2020 para identificar supostos deputados que teriam financiado os protestos que pediam o fechamento do Congresso Nacional e do STF.
A Procuradoria Geral da República pediu arquivamento do processo, sob alegação de não ter encontrado indícios de envolvimento; atendido, a princípio, pelo ministro Alexandre de Moraes, que posteriormente abriu novo inquérito sobre as milícias digitais, que acredita-se, foi criada para atacar as instituições democráticas.
Em maio de 2022, Moraes decidiu unir os inquéritos sobre a milicia digital com as declarações do ex-presidente Bolsonaro, sobre a fragilidade das urnas eletrônicas. Venire, o nome dado à operação, em tradução livre significa “Contra Factum Proprium” ou, “fato gerado contra sí”.