Por falta de quórum, secretários não prestam contas na Câmara de Itabira; moradora vai protestar e sai frustrada

“Essa é a água da minha casa, é isso aqui que vai pra gente beber”, disse a moradora, afirmando também que o problema é recorrente

Por falta de quórum, secretários não prestam contas na Câmara de Itabira; moradora vai protestar e sai frustrada
Foto: Guilherme Guerra/DeFato

Três vereadores. Esta era a quantidade de parlamentares que estiveram presentes na Câmara Municipal de Itabira no início da tarde de ontem (6), para a reunião das comissões temáticas. Dos 17 vereadores, só apareceram Bernardo Rosa (PSB), Carlos Henrique (PDT) e Weverton Andrade “Vetão” (Republicanos). Sem quórum, não houve análise de projetos de lei e muito menos a prestação de contas da secretaria municipal de Meio Ambiente (pasta chefiada por Dênis Lott) e da secretaria de Esportes e Lazer (comandada por Luiza Cupertino). Os representantes estavam no plenário junto de servidores municipais, mas acabaram indo embora rapidamente, sem fazer suas apresentações. 

A não realização da reunião irritou os presentes no plenário, como a itabirana Marli Almeida Teixeira, moradora do bairro Gabiroba, que foi à Câmara Municipal para protestar sobre a falta de água que tem enfrentado na rua BW12 há quatro dias. A itabirana esteve acompanhada da sua sogra, Maria das Graças Valadares, e levou consigo uma garrafa de água suja e carregada de detritos, que estava chegando à sua casa antes de enfrentar o desabastecimento. Marli ficou ainda mais revoltada quando após o comunicado que não  reunião, somente Bernardo Rosa e Carlos Henrique foram conversar com a família. 

Segundo a moradora, o problema da falta de água estava acontecendo desde a última quinta-feira (6), já fez com que ela não pudesse mandar seu filho à escola e até mesmo, estava obrigando à família ir até o bairro Praia, na casa de sua mãe, para conseguir tomar banho. “Eu vim hoje para resolver e depois de meia hora esperando, eles sentam ali e falam que não tem reunião. É um absurdo!”, esbravejou Marli. Ainda segundo a moradora, mesmo procurando o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), não teve nenhuma resolução e não conseguiu falar com o diretor-presidente da autarquia, Carlos Carmelo “Cac”.

“Essa é a água da minha casa, é isso aqui que vai pra gente beber”, disse a moradora, afirmando também que o problema é recorrente. Foto: Guilherme Guerra/DeFato

Tanto Marli quanto Maria das Graças saíram revoltadas com a situação e ainda mais com o vereador Weverton Vetão, que logo após encerrar a reunião, foi embora sem ir ao encontro das senhoras. Questionado pela DeFato, Vetão afirmou ter atendido uma ligação naquele momento e por isso não ouviu as moradoras lhe chamar. Segundo o parlamentar, posteriormente ele tentou conduzir as mulheres até seu gabinete, mas elas se recusaram.

Falta de água

Segundo o Saae, a falta de água na localidade foi causada por “ar na rede de abastecimento”, durante o sábado (4). De acordo com a autarquia, não houve registro de desabastecimento no endereço citado antes desta data. Já no domingo (5), uma equipe fez a manutenção na rede e o abastecimento foi retomado normalmente.

Ausências

Após o fim da reunião, foram vistos pela Câmara os vereadores Júlio César de Araújo “Contador” (PRD) e Neidson Freitas (MDB). Os parlamentares Heraldo Noronha (Republicanos), Luciano Gonçalves dos Reis “Sobrinho” (MDB), Rosilene Félix (PSD) e Sidney Marques (MDB) tiveram ausência “justificada” por estar acompanhando uma audiência pública na Assembléia Legislativa, em Belo Horizonte. 

A DeFato também procurou os vereadores Sebastião Ferreira Leite “Tãozinho” (Patriota) e Rodrigo Assis “Diguerê” (MDB), membros da comissão temporária especial que conduz a reunião das comissões e que não foram ao plenário na terça-feira. Diguerê respondeu à reportagem afirmando que estava dando suporte a um problema familiar e por isso não conseguiu ir à Câmara em tempo hábil. Em 2020, através de um projeto de lei elaborado pelo vereador, a Câmara aprovou uma alteração à Lei Orgânica do Município determinando a obrigatoriedade da prestação de contas a cada quatro meses.

Já Tãozinho leite não respondeu aos questionamentos enviados. 

 

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