Por que os homens fazem churrasco e as mulheres cozinham?
Desde a infância, meninas são incentivadas a brincar de cozinhar e a cuidar do lar, enquanto os meninos são estimulados a explorar e se aventurar
O churrasco é uma tradição profundamente enraizada na cultura brasileira, um momento de reunião entre amigos e familiares. No entanto, a distribuição das tarefas nesse evento segue um padrão conhecido: os homens cuidam da carne e da cerveja, enquanto as mulheres assumem todas as demais responsabilidades. Elas preparam os acompanhamentos, organizam a casa, lavam a louça, montam e desmontam a mesa, cuidam das crianças e garantem que tudo esteja em ordem.
Essa diferença tem origens profundas nas construções sociais e culturais. Desde a infância, meninas são incentivadas a brincar de cozinhar e a cuidar do lar, enquanto os meninos são estimulados a explorar e se aventurar. Assim, cresce a ideia de que a cozinha do dia a dia é um dever feminino, enquanto o churrasco, por ocorrer em um ambiente externo, social e descontraído, é encarado como uma atividade masculina — muitas vezes, a mais próxima que alguns chegam do preparo de uma refeição.
A grande diferença está no peso que cada uma dessas tarefas carrega. Enquanto o churrasco é um evento espaçado e divertido, a cozinha cotidiana é uma obrigação constante para as mulheres, um trabalho de cuidado que não tem fim de semana, feriado ou descanso.
Mas, afinal, quando é que as mulheres realmente relaxam? Quando têm a oportunidade de apenas desfrutar do momento, sem que uma nova tarefa as aguarde logo em seguida? A resposta está na distribuição das responsabilidades. Quando os afazeres domésticos são vistos como um dever exclusivamente feminino, os homens só se envolvem quando lhes convém, sobrecarregando suas parceiras.
Garantir que todos participem de forma equilibrada e sem imposição de papéis de gênero é essencial para que tanto homens quanto mulheres possam compartilhar não apenas o trabalho, mas também o lazer. Afinal, descanso e diversão não devem ser privilégios de um só gênero.
Sobre a colunista
Juliana Drummond é esposa, mãe e advogada com mais de 20 anos de experiência na área cível e criminal. Também é especialista em Direitos das Mulheres; pós-graduada em Advocacia Feminista pela Escola Superior de Direito, em São Paulo; capacitada em Advocacia com Perspectiva de Gênero pela Escola Brasileira de Direitos das Mulheres; e representante da OAB Itabira na Comissão Especial Enfrentamento a Violência Doméstica da OAB Minas Gerais.
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