Prefeitura de Barão de Cocais se associa ao Ministério Público em ação contra a Vale
O prefeito de Barão de Cocais, Décio dos Santos, declarou que a conversa com a mineradora Vale agora será na Justiça. Segundo o chefe do Executivo, o município não aguenta mais os prejuízos que vêm sendo causados pelo risco de rompimento da barragem Sul Superior da mina de Gongo Soco, desde o início do mês […]
O prefeito de Barão de Cocais, Décio dos Santos, declarou que a conversa com a mineradora Vale agora será na Justiça. Segundo o chefe do Executivo, o município não aguenta mais os prejuízos que vêm sendo causados pelo risco de rompimento da barragem Sul Superior da mina de Gongo Soco, desde o início do mês de fevereiro. “Infelizmente, em Barão de Cocais, as pessoas estão morrendo em uma lama invisível”, declarou o prefeito, segundo ele, reproduzindo uma frase de uma moradora da área evacuada de Socorro. “Enquanto em Brumadinho, a barragem da Vale causou 300 mortes, em Barão são 32 mil vítimas”, acrescentou.
As declarações do prefeito foram dadas durante coletiva à imprensa, no final da manhã desta quarta-feira (19), na sede da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig), em Belo Horizonte. Acompanhado do seu secretariado, Décio dos Santos informou que Barão de Cocais vai ser litsconsorte – coparticipante – na ação que o Ministério Público move contra a Vale.
“Estou aqui com o nosso secretariado para falar que infelizmente não podemos mais aguardar esta inércia da Vale”, afirmou. Segundo o prefeito, a situação do município está caótica. As pessoas estão adoecendo, o comércio está amargando prejuízos. Apesar dos transtornos, o prefeito disse que, até agora, o município somente recebeu R$ 2 milhões da Vale, parte de um total de R$ 100 milhões destinados a vários municípios afetados por problemas com barragens da mineradora. “A Vale está se baseando apenas em critérios econômicos em Barão, mas a angústia do povo é algo imensurável”, declarou.
Décio criticou ainda o valor pago pela mineradora aos cerca de 500 moradores das áreas evacuadas desde 8 de fevereiro: R$ 450 mensais. “Essas pessoas deixaram tudo para trás. Agora, no frio, têm de ficar pedindo cobertor. É humilhante”, afirmou.
Justiça
A decisão de acionar a Vale na Justiça busca uma compensação real da empresa para os prejuízos causados a toda população de Barão de Cocais. No próximo dia 28, tem uma reunião de conciliação entre Ministério Público e a Vale e a prefeitura já se apresenta como parte negociante.
Antes, no entanto, no dia 26, está marcada uma nova reunião com a Vale, na sede da Amig, com representantes da mineradora e de municípios onde ela atua. “Mas não vamos mais aceitar essa tratativa que a mineradora vem dando a Barão de Cocais”, ressaltou.
Além de ser coparticipante na ação do Ministério Público, o prefeito Décio informou que o município está buscando, junto com Mariana e Brumadinho, uma ação conjunta contra a mineradora. “A união desses municípios é para ver se a gente consegue uma ação mais efetiva, tanto em relação aos governos quanto em relação à Vale”, afirmou.
Governo do Estado
Em relação ao governo do Estado, o prefeito Décio informou que até agora não recebeu nenhum repasse financeiro. “A gente estava clamando a presença do governador Romeu Zema. Ele esteve em Barão (dia 5 de junho) e aguardamos uma resposta”, disse o prefeito. A expectativa é que, na semana que vem, haja um posicionamento do governo do Estado pelo menos em relação à área da saúde. “O governador não pode ser omisso com Barão neste momento”, ressaltou.