Prefeitura de Belo Horizonte quer tarifa a R$ 5,50 mas presidente da Câmara não aceita preço
A falta de transparência sobre o custo do serviço foi criticada pelo presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte
A novela sobre o valor da passagem de ônibus em Belo Horizonte não foi encerrada nesta segunda-feira (8). A reunião Câmara Municipal, Prefeitura e Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) terminou sem acordo no início desta semana.
A Prefeitura de Belo Horizonte ofereceu subsídio de R$ 348 milhões, conforme projeto de lei enviado ao Legislativo pelo prefeito Fuad Noman (PSD), para que a passagem de ônibus fique a R$ 5,50. Já os empresários das concessionárias, pedem subsídio de R$ 740 milhões para que a passagem de ônibus em BH volte a R$ 4,50, valor cobrado até o dia 23 de abril.
Segundo o Setra-BH, a planilha do Executivo utilizada para o cálculo não considera despesas básicas como peças, impostos e limpeza dos veículos; documentação que comprova os gastos deve ser remetida à PBH até sexta-feira (12). A falta de transparência sobre o custo do serviço foi criticada pelo presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, vereador Gabriel Azevedo (sem partido), para quem o aumento da passagem é “inegociável”.
Desde o fim de abril, a passagem de ônibus na cidade passou de R$ 4,50 para R$ 6. Para que o atual valor da tarifa continue como está, a Prefeitura propõe um pagamento de subsídio de R$ 292 milhões, mas o Setra-BH reivindica o pagamento de R$ 539 milhões. Caso a tarifa seja fixada em R$ 5,50, nas contas das empresas, o subsídio pago às concessionárias deveria ser de R$ 600 milhões (a PBH propôs R$ 348 milhões).
De acordo com o presidente do Setra-BH, Raul Lycurgo Leite, alguns itens apresentados pela PBH estavam com os custos “zerados”. Já o superintendente de Mobilidade Urbana de Belo Horizonte (Sumob), André Dantas, disse que a Prefeitura analisou, com base em métodos da Agência Nacional de Transporte de Passageiros (ANTP), as planilhas disponibilizadas pelas concessionárias, e que só irá considerar os gastos que puderem ser comprovados.
No dia 18, uma nova reunião está marcada para que PBH e empresas de ônibus cheguem a um consenso.
Cobrança por transparência
O presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo, demonstrou receio em relação à grande disparidade entre os custos do transporte apresentados pelo Setra-BH e aqueles mostrados pela PBH. “Falta transparência para que toda a população compreenda quanto custa o quilômetro rodado pelos ônibus da cidade” ponderou, reafirmando que a Câmara pleiteia que a passagem volte a R$ 4,50 com um subsídio que “realmente funcione para o sistema de quilometragem”.
O parlamentar enumerou que as partes concordaram com condicionantes apresentados ao subsídio propostos por ele na última reunião, entre eles a exigência de que as concessionárias de transporte coletivo um cronograma de crescimento progressivo das viagens e de troca de ônibus que já excederam a idade máxima, além da suspensão do subsídio a empresas que apresentarem ônibus quebrados ou sem condições de transitar. “Essa é a grande mudança, porque desde 2018, quando se cobra a multa, não se paga, aqui dói no bolso”, comentou Gabriel, reforçando que isso já está acordado.