Projeto ‘Galo de Rua’ doa camisas do Atlético-MG para torcedores em situação de rua em BH
Torcedor do Atlético realiza projeto que distribui camisas do clube e itens essenciais para pessoas em situação de vulnerabilidade social

Lucas Abdo é um jovem que lidera não só a cozinha de um restaurante, mas também o Galo de Rua, um projeto que visa registrar artes, objetos, camisas e bandeiras do Atlético-MG mundo afora, assim como também levar a paixão pelo Atlético para pessoas em situação de rua em Belo Horizonte.
O Galo de Rua começou em 2013, ano marcante na história não só do Atlético-MG como também na de Lucas Abdo. Nesse ano, ele marcava a paixão pelo Galo em um projeto. Durantes as férias, que nem sempre coincidiam com as dos amigos, Lucas passou a viajar sozinho e começou a socializar com as pessoas nos lugares onde passava. “Eu sempre levava camisas do Galo, podia ser pra trocar ou pra doar mesmo, e aí eu comecei a ver que tinha muita gente também nas ruas, né? Aí eu falei: ‘ah, vou começar a levar a camisa do Galo pra deixar com essas pessoas'”, relatou o atleticano.
O projeto começou em 2013, mas foi em abril de 2021 que Lucas começou a divulgar essa parte do projeto no Instagram @galoderua. Na rede social, ele pôde mostrar os vários registros que já tinha feito nos últimos anos, para mostrar o mundo o que está acontecendo. Com a divulgação no Instagram, mais pessoas passaram a conhecer o Galo de Rua e contribuir com o projeto social idealizado por Lucas.
Galo: paixão de todos
Ao longo dos últimos anos, o futebol se tornou um esporte mais caro, com ingressos e produtos oficiais dos clubes em preços altos, nem sempre acessíveis ao povo. Lucas Abdo percebeu esse distanciamento e começou a notar que muitos torcedores já não conseguiam mais ir ao estádio para torcer pelo time porque os ingressos encareceram. Ele relata que em 2005, ano em que o Atlético-MG disputava a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, a entrada nos estádios era acessível e permitia engajamento da torcida.
“Quando o Atlético caiu pra segunda divisão, não ganhava títulos, a torcida tava sempre lá, isso marcou minha infância. Eu fiquei encantado por isso. Passou esse período de Copa do Mundo, mudou completamente o público e coincidência ou não, né? O Atlético teve mais investimento e começou a melhorar, ganhou uns títulos recentes e foi justamente quando esse público mudou. Então, o que me incomodou foi isso, e no pior momento do time o povão tava presente, e no melhor momento não tá podendo usufruir no estádio.”
Para além da distribuição de camisas do Galo para pessoas em situação de rua, Lucas tem o desejo de levar esses torcedores ao estádio, algo que foi um pouco adiado por conta da pandemia da Covid-19 e também do aspecto financeiro. “Tenho o objetivo de levar essas pessoas aos jogos. Eu já até tentei entrar em contato com o Mineirão, pra ver se a gente consegue fazer isso, e com o Instituto Galo, que é o Instituto de causas sociais do próprio Atlético, tá no início de conversa mas o objetivo seria esse”, relatou o idealizador do Galo de Rua.
E se não for atleticano?
Lucas garante que o projeto sempre toma cuidado ao abordar as pessoas em situação de vulnerabilidade social, ele não se identifica como torcedor do Atlético para que obtenha uma resposta sincera sobre qual time a pessoa torce. Se for torcedor do Cruzeiro, do América-MG ou qualquer outro time além do Galo, recebe a solidariedade do Galo de Rua. Doações como chinelos, absorventes, escovas e pasta de dente, água, dentre outros itens, são entregues para aqueles que estão em situação de rua.
O idealizador do Galo de Rua relata que fica triste em ver as pessoas passando por essa situação, mas também relata que fica grato por conseguir ajudá-las. “A gente tá fazendo um trabalho de formiguinha ali, mas que de certa forma tá ajudando alguém, né? Acho que é o mínimo que a gente poderia fazer por essas pessoas”, contou.
Respeito acima de tudo
Lucas Abdo relata que sempre que realiza as doações, pergunta se a pessoa aceita que aquele momento seja registrado. Segundo ele, o registro é importante até para que o projeto social tenha confiança dos doares, para que eles saibam que a doação realmente foi entregue para as pessoas em vulnerabilidade social.
“Num mundo ideal eu não registraria isso porque a pessoa já está numa situação de vulnerabilidade e é delicado ela aparecer assim. Mas a gente tenta conversar com pessoa, antes de qualquer doação a gente troca uma ideia com ela, tenta saber o nome, conhecer a história dela. E se por acaso ela deixar tirar foto, a gente tira. Já aconteceu muitas vezes também da pessoa não deixar e tá tudo bem.”
As doações atualmente acontecem uma vez por semana, dependendo das doações que chegam para o projeto. Lucas reforça que entende que a questão da camisa não é útil no sentido de praticidade, “mas mexe com a paixão da pessoa, talvez ela vai ganhar o dia por causa daquele gesto”, completou o atleticano.
Você pode ajudar
O atleticano Lucas começou o projeto com dinheiro do próprio bolso, o que nem sempre garantia uma boa periodicidade nas doações. Mas, depois da criação da conta do @galoderua no Instagram, ele passou a receber doações de outros torcedores. Pessoas que queriam partilhar não só a paixão pelo futebol, como também fazer um ato de solidariedade.
Por meio da conta do Instagram, é possível não só doar camisas do Atlético-MG, como também fazer outros tipos de doação, como itens de higiene, peças de roupas, entre outras coisas. Isso pode ser combinado com o Lucas ao entrar em contato com a conta do Galo de Rua no Instagram.