Quem será o próximo papa?

Complicado é encontrar uma alternância à altura da magnitude de Francisco

Quem será o próximo papa?
Foto: Reprodução/Vatican News

Eleição de papa é mergulho num mítico mistério. O prognóstico sobre o vencedor é malabarismo mental. Afinal, uma vistosa zebra desfila pelas Sete Colinas nessas ocasiões. Vivenciamos tempos de incontroláveis apostas e este é o momento exato para se perder alguns sagrados trocados. A sucessão de Jorge Mario Bergoglio será confusa e imprevisível. Nem tanto pela complexidade do sistema. Na verdade, complicado é encontrar uma alternância à altura da magnitude de Francisco.

As artimanhas de seleção de um sumo pontífice são encantadoras. E tomem rituais sobre rituais. O script até parece uma produção do genial Francis Ford Coppola. O suspense dura a eternidade de alguns dias e a expectativa só acaba quando suave fumaça branca exala da chaminé da Capela Sistina, depois de uma série de enigmáticos fumos negros. O atual imbróglio eleitoreiro terá curta duração. Esse pressentimento vai de encontro à vagabunda multidão da Praça de São Pedro. Mesmo porque, o ócio não é pecado mortal.

Em algumas ocasiões, o escrutínio papal se transformou em cansativa epopeia de modorrentos versos. Um festival de fumaças pretas. Há notícias de conclaves de longos meses, com direito a troca de sopapos entre os angelicais eleitores. Ninguém é santo na hora da batalha pelos votos. A Igreja Católica é uma instituição naturalmente política. A Santa Sé é notável palco de “diabólica” luta entre conservadores (velhinhos acanhados) e progressistas (velhinhos assanhados). Alguns clérigos vivem religiosamente como se estivessem na Idade Média. São excessivamente dogmáticos e retrógrados.

Um dia qualquer, em décadas passadas, tentei conversar com o icônico amigo padre Simões sobre política no interior do catolicismo. E logo mandei ver duas incômodas (e inoportunas) perguntas:

Padre, tem muita politicagem dentro da Igreja? O senhor e dom Luciano (na época, arcebispo de Mariana) continuam trocando dissimuladas farpas?

O pároco da monumental matriz (hoje Basílica) de Nossa Senhora do Pilar não titubeou e deu logo o troco, com o seu linguajar típico:

Isso é conversa de jornalista maçom e ateu. Pare de encher o saco e vai tomar cerveja com a sua turma.

Vai tomar cerveja! Acho até que Simões pensou em outra possibilidade (vai tomar…). Mas, maçom ateu? Impossível, nunca vi isso.

E por que perco meu “precioso” tempo divagando sobre a troca de Santo Padre? Sei lá. Hoje em dia, não sou adepto de uma religião específica. Defino-me como espiritualista reencarnacionista (uma expressão para lá de exótica). Não creio no deu$$ das religiões. Em tese, não passo de simples ateu. Acredito, porém, na existência de uma ainda inexplicável Força Superior, de onde tudo se origina. Essa “coisa” muito estranha não tem interferência mínima no dia a dia da humanidade. Enfim, não necessito religiões. Tenho, contudo, uma certeza bastante contraditória: o mundo seria muito pior sem a presença dessas entidades, apesar dos “malafaias” da vida.

P.S.1: Fui criado na religião Católica e sou muito grato pelo privilégio desta oportunidade. Muito da minha formação intelectual, moral e ética foi forjado no interior das magníficas igrejas barrocas de Ouro Preto. Sigo os reais ensinamentos de Cristo.

P.S.2: Não aposto no nome do próximo sumo pontífice. No entanto, torço pelo triunfo de Matteo Maria Zuppi, o sempre sorridente (e muito progressista) prelado de Bologna ou Luiz AntonioTagle, ex-cardeal- arcebispo de Manila, Filipinas. Por outro lado, considero remotíssimas as chances de um brasileiro provocar fumaça branca na chaminé da Sistina. Dois papas sul-americanos em sequência? A probabilidade disto acontecer é sub- zero.

Sobre o colunista

Fernando Silva é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.

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