Recorrendo a livro, Júlio do Combem critica detonações e nuvens de poeira da Vale
Vereador voltou a questionar ações da mineradora em Itabira
Como já ocorrido em outros momentos, o vereador Júlio do Combem (PP) voltou a criticar a Vale na Câmara de Itabira, desta vez na reunião ordinária desta terça-feira (1º). As detonações e nuvens de poeira registradas recentemente na cidade impulsionaram os questionamentos feitos pelo parlamentar, que inclusive recorreu ao livro “A Terceira Itabira”, pubicado em 2004 pela professora Maria das Graças Souza e Silva. A obra utiliza a poesia de Drummond para refletir sobre o futuro do município pós-mineração.
Ao falar do tremor registrado há algumas semanas no município, Júlio disse ter pensado que se tratava até do “início de um terremoto”, tamanha a intensidade. À época, a DeFato recebeu inúmeros relatos de itabiranos preocupados com a situação, inclusive temendo pelo desabamento de suas casas, como você pode ler aqui. A Vale, por outro lado, argumenta que as “atividades de desmonte de rochas são realizadas conforme padrões normativos, e monitoradas por equipe especializada e equipamentos específicos”.
Responsabilidade sustentável
Em seu pronunciamento, Júlio do Combem pontuou o papel importante exercido pela mineração na economia de Itabira, mas enfatizou ser necessário que as atividades tenham cunho sustentável, sem que prejudiquem a saúde do itabirano.
“Portanto, senhores, precisamos mobilizar nossas comissões de mineração e saúde, para que possamos chegar a um denominador comum sobre a importância da mineração nas nossas vidas. Mas também sobre a importância das nossas vidas em um contexto monoindustrial que chega ao fim e deixa grandes reflexões para a Vale e a cidade. Fato importante é que a mineração não perde sua importância nas questões socioeconômicas de Itabira , mas a responsabilidade de se ter uma mineração sustentável e sem maiores danos a nossa saúde, não podemos abrir mão disso”, ressaltou.
O parlamentar também elencou as responsabilidades da empresa mineradora e também da Prefeitura. “À Vale, fica a obrigação de rever seus processos e respeitar Itabira, não com o saudosismo de ser filha da terra, porque isso não é permitido no mundo capitalista. Mas respeitar uma cidade que ainda produz e contribui com uma grande parcela dos lucros milionários obtidos por ela (Vale). Ao Governo de Itabira, fica a responsabilidade de cuidar da sua população, que sofre esses impactos diretamente, e cobrar ações efetivas dessas melhorias”.
Apoio
O discurso de Júlio do Combem ganhou o coro de outros vereadores. Um deles foi o presidente do Legislativo, Heraldo Noronha Rodrigues (PTB), que também criticou a atuação da Vale no impasse envolvendo o presídio de Itabira.
“Você vê a situação que está tendo em Itabira agora, sobre o presídio. Sei que o prefeito realmente tem sua responsabilidade, mas vemos a situação que tirou o presídio de Itabira , mandou as pessoas para fora, e os familiares que tem presidiários sequer tem um acompanhamento, um favorecimento de um transporte. Qualquer coisa sequer, a Vale não deu nada e fez pior do que poderia ter feito com um animal”.
Hoje vogal da Comissão de Mineração da Câmara, Bernardo Rosa também se disse preocupado com o futuro da cidade após o fim da extração mineral. Para ele, Itabira ofereceu muito mais à Vale do que o contrário.
“A gente sabe que a Vale contribuiu muito para Itabira, mas eu tenho certeza que Itabira contribuiu muito mais com a Vale. E a preocupação é grande, com nossas crianças e adolescentes, com nosso futuro. Tenho uma filha de três anos, como será o futuro dela com a Vale indo embora? Já estamos fazendo um ofício para a procuradoria do município relacionar os processos contra a Vale, questionando tributação, degradação do meio ambiente, utilização exacerbada dos serviços públicos”, pontuou.