Romaria reúne milhares em Itabira e tem discurso contra a Vale

Milhares de pessoas se reuniram em Itabira na manhã deste domingo, 2 de junho, e acompanharam a 4ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce. O evento, promovido pela Igreja Católica, teve forte discurso contra a Vale ao lembrar as mortes ocasionadas por rompimentos de barragens em Mariana e Brumadinho. A […]

Romaria reúne milhares em Itabira e tem discurso contra a Vale
Milhares de pessoas acompanharam romaria em Itabira – Foto: Rodrigo Andrade/DeFato|Cruzes representaram os mortos em Mariana e Brumadinho – Foto: Rodrigo Andrade/DeFato|Bispo de Itabira
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Milhares de pessoas se reuniram em Itabira na manhã deste domingo, 2 de junho, e acompanharam a 4ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce. O evento, promovido pela Igreja Católica, teve forte discurso contra a Vale ao lembrar as mortes ocasionadas por rompimentos de barragens em Mariana e Brumadinho. A situação de Barão de Cocais também foi citada.

O evento se concentrou no bairro Campestre. Os romeiros se encontraram no estacionamento do Valério e de lá seguiram em caminhada até a portaria da mina Cauê. Lá, fizeram um ato em que simbolizaram as vítimas das tragédias com cruzes que foram deixadas próximo à entrada da mineradora. Foram 19 mortes em Mariana e, até o momento, 245 em Brumadinho, onde 25 pessoas ainda estão desaparecidas.

Com o tema “Bacia do Rio Doce, nossa Casa Comum” e o lema “Vão-se os bens da Criança, ficam miséria e destruição! E agora José?”, a romaria é organizada pela Província Eclesiástica de Mariana, que reúne a Arquidiocese de Mariana, e as dioceses de Caratinga, Governador Valadares e Itabira-Coronel Fabriciano. Também foram convidadas as dioceses de Guanhães, Colatina e São Mateus e a Arquidiocese de Vitória, no Espírito Santo.

Em Itabira, o que se viu foi um mar de gente. Organizadores falaram em 10 mil pessoas, mas a Polícia Militar apresentou um número menor: cerca de 4 mil romeiros, sem contar os que já aguardavam na praça José Máximo Rezende Filho, em frente à Igreja Nossa Senhora da Piedade, onde foi celebrada uma missa para encerrar o ato.

Cruzes representaram os mortos em Mariana e Brumadinho – Foto: Rodrigo Andrade/DeFato

“Não podemos esquecer”

Durante todo o percurso da romaria, os organizadores fizeram duras críticas contra a Vale. Em frente à Mina Cauê, as cruzes com os nomes das vítimas foram deixadas em uma rotatória e espalhadas por grades que cercam a área da mineradora. Os romeiros ainda levaram uma cruz maior, simbolizando os últimos momentos de Jesus Cristo.

O bispo da Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano, Marco Aurélio Gubiotti, afirmou que o discurso deve ser forte, mas não pode ter tom de vingança. Ao pedir que ninguém se esqueça do que aconteceu em Mariana e Brumadinho, pediu ainda que os cristãos sejam solidários com quem teve a vida afetado pelas tragédias.

“Nós queremos ser solidários com cada irmão e cada irmã que perdeu sua vida, com cada família que chora a ausência de seu parente. Pai, mãe, sobrinho, sobrinha, primos, filhos e filhas. Nós queremos lembrar daqueles que estão escritos aqui nas cruzes, mas também daqueles que estão escritos em nossos corações. Queremos ajudar esses nossos irmãos a carregarem as suas cruzes”, disse o bispo.

“Jamais nos esquecendo do que aconteceu, jamais desistindo de defender a vida para que isso não aconteça mais. Nossa memória não é uma memória de vingança, nossa memória é de solidariedade e de luta comprometida. Tem de haver coragem e destemor”, completou o religioso.

Bispo de Itabira, Marco Aurélio Gubiotti – Foto: Rodrigo Andrade/DeFato

Para que não se repita

Afetados pelos rompimentos de barragens em Minas Gerais falaram durante o ato. Os discursos tiveram tom de alerta. Moradores de Mariana e Brumadinho relataram o terror vivido com as tragédias e das dificuldades que enfrentam desde então.

“Tivemos nossas vidas devastadas, perdemos nossas casas e agora temos que lutar na Justiça para conseguir pelo menos o ressarcimento dos bens materiais. Fica um alerta para Itabira para que cobrem as autoridades e fiscalizem as atividades, porque o que a gente vê é que todo o sistema é contra os atingidos”, disse Mônica Santos, ex-moradora do distrito de Bento Rodrigues, em Mariana.

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