Rose Félix vê interferência de forças externas nas eleições para a presidência da Câmara
Vereadora está em seu primeiro mandato no legislativo itabirano
A vereadora Rose Félix Guimarães (MDB) esteve no “Sala de Visitas da DeFato”. Essa itabirana é duas vezes minoria no cenário multicultural da democracia brasileira: é mulher e negra. Marinheira de primeira viagem, Rose admite certa dificuldade no início de sua trajetória parlamentar: “as pessoas não estão acostumadas com a presença da mulher na atividade política. A princípio, houve uma resistência maior dos meus colegas (vereadores). Alguns até reconhecem que tiveram um pouco de receio em lidar comigo, mas, hoje, eu acho que está mais tranquilo”, salienta.
Em uma entrevista à DeFato, no mês passado, o ex-secretário Márcio Passos cunhou uma expressão para se referir a determinados vereadores: “ensaboados”. Félix até concorda com a observação de Passos e faz uma ressalva: “na Câmara, há ensaboados e indigestos, e eu me encontro na segunda categoria”. A vereadora deixa claro que ainda sonha ser presidente do Legislativo itabirano, mas salienta: “forças exteriores praticamente impediriam essa pretensão”. Confira alguns destaques do depoimento de Rose Félix:
O estranhamento pela presença de uma mulher negra na Câmara de Itabira
“Desde a infância, eu procuro firmar a minha identidade, sabendo da resistência que existe (na sociedade) em relação à presença da mulher, principalmente da mulher preta. E, no ambiente da política itabirana, isso é uma novidade. As pessoas não estão acostumadas com isso. Então, procuro, a cada dia, ampliar o meu espaço dentro da Câmara”.
Ensaboada ou indigesta?
“Respeito a metáfora espirituosa de Márcio Passos, mas eu não me considero uma ensaboada. Os ensaboados são aqueles que ficam em cima do muro. Eu não me considero na linha dos ensaboados, acho que jogo no time dos indigestos.”
O intervencionismo externo na eleição para presidente da Câmara
“Acho que ocupar a presidência da Câmara é um sonho de consumo de todo vereador. Mas, nesse momento, eu não sou pré-candidata à presidência da Câmara. E a gente precisa olhar isso com muito cuidado, porque existe uma cultura de forte intervenção política de fora pra dentro da Câmara. Esse assunto precisa ser tratado com muito cuidado, para que a gente não saia daqui ferida demais”.
Qual a margem de acerto do governo Marco?
“O governo Marco talvez tenha uma pequena margem de acerto. Acho que o primeiro acerto de um governo é na posse do secretariado. E, considerando esse aspecto, eu posso dizer que a margem de acerto é pequena porque já vimos a substituição de quase todos os secretários. É como se a posse tivesse acontecido nesse ano (2022), e não no ano passado”.
A polarização ideológica da política nacional
“Em primeiro lugar, da forma como está, eu acho que essa polarização não contribui para o progresso do país. Nós estamos vivendo uma época em que as pessoas discutem muito, só pelo fato de serem de esquerda ou de direita e, às vezes, nem olham o tema que está em discussão, nem olham o meio termo. O ideal seria uma terceira via, mas parece que a gente não vai conseguir esse objetivo”.