Saae aumenta o abastecimento de água em Itabira, mas volume ainda é insuficiente para equilibrar o sistema

Entre as ações, estão o aumento do fornecimento de água importada da Vale e a captação de reforço no Rio de Peixe

Saae aumenta o abastecimento de água em Itabira, mas volume ainda é insuficiente para equilibrar o sistema
ETA Pureza – Foto: Divulgação/Saae Itabira
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O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) informou nesta quinta-feira (18) que tem implementado medidas para melhorar a oferta de água e enfrentar o período de seca em Itabira. De acordo com a autarquia, através de algumas ações implementadas, houve aumento de 5.665 m³ de água no sistema de abastecimento do município. 

Entre as ações, estão o aumento do fornecimento de água importada da mineradora Vale, a captação de reforço na Estação de Tratamento de Água (ETA) Pureza pelo córrego Rio de Peixe e o reúso de água de lavagem de filtros na ETA Pureza e ETA Gatos. 

Outras estratégias também têm sido avaliadas pela equipe técnica e diretoria operacional do Saae. No entanto, a autarquia ressalta que o volume adicionado ainda tem sido insuficiente para equilibrar o sistema de abastecimento no município.

“Desta forma, a economia de água tornou-se uma necessidade urgente. É essencial que toda a população de Itabira adote práticas de conservação e evite o desperdício”, disse o Saae em comunicado enviado à imprensa.

Conheça as medidas de curto prazo recentemente implementadas pelo Saae:

Nova captação e aumento da capacidade de reservação

Local: Serra dos Alves, distrito de Senhora do Carmo.

Descrição: implementação de um novo sistema de captação com tratamento simplificado e aumento da capacidade de reservação para 60 mil litros.

Vazão estimada: 1 L/s por 24 horas

Volume diário estimado: 86 m³

Aumento do fornecimento de água importada (Vale) – TAC 4

Descrição: ampliação do fornecimento de água importada.

Vazão estimada: 30 L/s (adicionais) por 24 horas

Volume diário estimado: 2.592 m³

Captação de reforço na ETA Pureza pelo córrego Rio de Peixe

Descrição: incremento na captação de água para reforço no sistema de tratamento.

Vazão estimada: 50 L/s por 12 horas/dia

Volume diário estimado: 2.160 m³

Reúso de água de lavagem de filtros na ETA Pureza

Descrição: reaproveitamento de água utilizada na lavagem de filtros para reutilização.

Vazão estimada: 18 L/s por 3 horas/dia

Volume diário estimado: 194 m³

Reúso de água de lavagem de filtros na ETA Gatos

Descrição: processos de reciclagem semelhantes ao realizado na ETA Pureza.

Vazão estimada: 20 L/s por 8 horas/dia

Volume diário estimado: 576 m³

Captação de reforço na ETA Gatos pela galeria

Descrição: captação adicional de água em bateladas para reforço da ETA Gatos.

Vazão estimada: 2 L/s em bateladas de 40 minutos

Volume diário estimado: 57 m³

Memória

A captação e o fornecimento de água em Itabira já são considerados problemas históricos no município, que enfrenta anualmente dificuldades com o abastecimento municipal. Porém, nos últimos anos, esse cenário tem se agravado ainda mais na cidade.

Em 5 de outubro de 2021, a Prefeitura de Itabira autorizou que o Saae decretasse um racionamento de água no município, com rodizio diário entre os bairros com objetivo de equalizar os reservatórios da cidade, hoje praticamente exauridos em função do drástico período de escassez. Á época, a medida teve validade por 15 dias, se encerrando no dia 20 de outubro.

Um ano depois, em 2022, a situação foi diferente. Apesar de mais um longo período de estiagem, o Saae relatou que  “não houve falta d’água crônica na torneira do itabirano em 2022”. Naquele período, Karine Lobo ainda era a diretora-presidente do Saae e disse que “foram planejadas medidas para minimizar o impacto da falta de chuva, como redução no tempo de atendimento dos vazamentos e ampliação da frota para agilizar demandas de vazamentos”.

Se em 2022 a situação foi mais controlada, em 2023 a crise hídrica também foi severa na cidade. No dia 19 de novembro daquele ano, o então prefeito Marco Antônio Lage, acompanhado de Karine Lobo, alertou, em uma live nas redes sociais, que que Itabira estava no limite da falta de água, com diversos bairros sofrendo com o desabastecimento e com sérios riscos de que a situação se agravasse ainda mais.

À época, Marco Lage disse que a situação caótica acontecia devido ao longo período de estiagem, as temperaturas elevadas que promovem aumento no consumo e o baixo nível do reservatório da Estação de Tratamento de Água (ETA) Gatos, que atende 15% da cidade. Naquele ano, a prefeitura chegou a anunciar que iria notificar quem fosse flagrado desperdiçando água.

Captação no rio Tanque

Considerado como a possível solução para os problemas de desabastecimento de água em Itabira, o projeto de captação no rio Tanque só entrará em operação a partir de abril de 2026 — isso nas projeções mais otimistas.

A iniciativa foi proposta pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado em agosto de 2020 pela Prefeitura Municipal de Itabira, Saae e a mineradora Vale — responsável por custear e executar todo o projeto, que à época, tinha valor estimado de US$ 30 milhões de dólares (equivalente a R$ 165,8 milhões). O acordo prevê a captação de 600 litros por segundo.

A última atualização sobre o andamento desse projeto de captação aponta que ainda está em fase de licenciamento ambiental e ainda não há previsão para o início das obras no local.