Saae faz novo alerta sobre crise hídrica no município e detalha medidas emergenciais
Diante do cenário, a autarquia municipal recomenda que a população faça uso econômico da água, priorizando alimentação e higiene pessoal
Na noite da última segunda-feira (26), o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) emitiu um novo comunicado à imprensa sobre a crise hídrica que atinge o município. Segundo o documento, o “Brasil enfrenta uma seca histórica e diversos estados são diretamente impactados. Itabira, assim como muitas outras localidades de Minas Gerais, tem enfrentado uma grave crise hídrica nos últimos meses, agravada pelo calor intenso e pela escassez de chuvas”.
Na nota, o Saae destaca que “essas condições climáticas extremas têm comprometido seriamente a vazão dos mananciais que abastecem a cidade, resultando em uma situação crítica para o abastecimento de água na cidade. Segundo o Climatempo, não chove em Itabira nos próximos 15 dias, e a previsão é de temperaturas entre 14° e 25°”.
“O Serviço Autônomo de Água e Esgoto tem se desdobrado para amenizar a situação com medidas alternativas. No entanto, devido a severidade da seca, o volume injetado ainda tem sido insuficiente para equilibrar o sistema de abastecimento da cidade e atender a demanda da população”, completa a autarquia municipal.
Medidas emergenciais
Para lidar com a escassez de chuvas, os baixos níveis de água nos mananciais e reduzir os transtornos para a população, o Saae detalhou quais são as medidas emergenciais têm tomado. “Para mitigar a crise, desde meados de julho, a pedido do Saae, a Vale passou a fornecer cerca de 30 litros por segundo (l/s) a mais, por dia, distribuídos nos sistemas Areão, Anel Hidráulico e Estação de Tratamento de Água (ETA) Rio de Peixe. Na segunda quinzena de agosto o Saae iniciou uma captação emergencial no Córrego Rio de Peixe. Atualmente, é realizado o bombeamento por 12 horas por dia, com um acréscimo de 12 l/s no fornecimento de água no sistema abastecido pela ETA Pureza”.
“A autarquia trabalha para alcançar a capacidade de 50 l/s e estuda a ampliação dessa captação emergencial para 24 diárias. Além disso, outras estratégias têm sido avaliadas pela equipe técnica e diretoria operacional”, acrescenta o Saae.
Orientações
Diante do cenário crítica, o Saae defende que “a economia de água tornou-se uma necessidade urgente”. Dessa forma, é essencial que toda a população de Itabira adote práticas de conservação e evite o desperdício. Medidas simples, como reduzir o tempo no banho, evitar o uso de água para atividades não essenciais, como lavar carros e calçadas, podem fazer uma grande diferença.
“Cada ação individual conta e pode contribuir para aliviar a pressão sobre o sistema de abastecimento”, afirma o Saae.
Memória
A captação e o fornecimento de água em Itabira já são considerados problemas históricos no município, que enfrenta anualmente dificuldades com o abastecimento municipal. Porém, nos últimos anos, esse cenário tem se agravado ainda mais na cidade.
Em 5 de outubro de 2021, a Prefeitura de Itabira autorizou que o Saae decretasse um racionamento de água no município, com rodizio diário entre os bairros com objetivo de equalizar os reservatórios da cidade, hoje praticamente exauridos em função do drástico período de escassez. Á época, a medida teve validade por 15 dias, se encerrando no dia 20 de outubro.
Um ano depois, em 2022, a situação foi diferente. Apesar de mais um longo período de estiagem, o Saae relatou que “não houve falta d’água crônica na torneira do itabirano em 2022”. Naquele período, Karine Lobo ainda era a diretora-presidente do Saae e disse que “foram planejadas medidas para minimizar o impacto da falta de chuva, como redução no tempo de atendimento dos vazamentos e ampliação da frota para agilizar demandas de vazamentos”.
Se em 2022 a situação foi mais controlada, em 2023 a crise hídrica também foi severa na cidade. No dia 19 de novembro daquele ano, o então prefeito Marco Antônio Lage, acompanhado de Karine Lobo, alertou, em uma live nas redes sociais, que que Itabira estava no limite da falta de água, com diversos bairros sofrendo com o desabastecimento e com sérios riscos de que a situação se agravasse ainda mais.
À época, Marco Lage disse que a situação caótica acontecia devido ao longo período de estiagem, as temperaturas elevadas que promovem aumento no consumo e o baixo nível do reservatório da Estação de Tratamento de Água (ETA) Gatos, que atende 15% da cidade. Naquele ano, a prefeitura chegou a anunciar que iria notificar quem fosse flagrado desperdiçando água.
Captação no rio Tanque
Considerado como a possível solução para os problemas de desabastecimento de água em Itabira, o projeto de captação no rio Tanque só entrará em operação a partir de abril de 2026 — isso nas projeções mais otimistas.
A iniciativa foi proposta pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado em agosto de 2020 pela Prefeitura Municipal de Itabira, Saae e a mineradora Vale — responsável por custear e executar todo o projeto, que à época, tinha valor estimado de US$ 30 milhões de dólares (equivalente a R$ 165,8 milhões). O acordo prevê a captação de 600 litros por segundo.
A última atualização sobre o andamento desse projeto de captação aponta que ainda está em fase de licenciamento ambiental e ainda não há previsão para o início das obras no local.