Saiba como é o treinamento dos cães farejadores que ajudam no combate ao crime em Itabira

Cachorros da raça Pastor Alemão começam o treinamento militar ainda filhotes; animais ajudam em trabalhos de busca e captura de suspeitos, bem como na busca por drogas

Saiba como é o treinamento dos cães farejadores que ajudam no combate ao crime em Itabira
Cabo Duarte e cabo Gabriel no treinamento do cão Urano – Foto: Thamires Lopes/DeFato
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Eles não usam farda, armas de fogo e nem distintivo, mas possuem uma conduta exemplar. Estão sempre preparados para entrar em ação, aguardando o primeiro sinal de comando. O olfato aguçado e preciso fazem dos cães policiais parceiros ideais para o combate ao crime. Enquanto os seres humanos contam com cerca de 5 milhões de células olfativas em seu corpo, os cães possuem uma média de 200 milhões destas células.

O cão farejador é um personagem constante na solução de casos de polícia. O policiamento feito com o emprego de cães pelas Rondas Ostensivas Com Cães (Rocca) é uma atividade especializada em busca de pessoas desaparecidas, captura de foragidos, detecção de drogas, controle de rebeliões e outras ocorrências.

Em Itabira, desde 2006 que o 26º Batalhão da Polícia Militar conta com o reforço de cães nas operações. São vários os cães à disposição que podem ser acionados em duas situações: faro ou captura. Em cada dia de serviço, quando necessário, são empenhados dois cães.

Cadela Queen, de 6 anos, atua na Rocca da PM de Itabira – Foto: Thamires Lopes / DeFato

Treinamento

Para os dois tipos de trabalhos é preciso muito treinamento. Em Itabira, o cabo Gabriel Procópio é quem coordena essa tarefa. Para o trabalho da Polícia Militar apenas cães da raça Pastor Alemão são utilizados. O treinamento começa quando os animais ainda são filhotes e pode levar até um ano. O adestramento é diário, chegando até uma hora e meia por dia.

Antes de iniciar o treinamento, propriamente dito, os filhotes passam por uma etapa de aprendizagem de socialização e comandos básicos, como responder ao chamado do policial, por exemplo. Quando atingem a idade de 1 ano e dois meses aí eles passam a ter o adestramento específico para as ações policiais. 

Animais são estimulados a procurar invólucro que foi escondido em uma das caixas – Foto: Thamires Lopes/DeFato

O treinamento consiste em esconder um invólucro com munições, drogas ou substâncias sintéticas em caixas de madeira, as chamadas caixas de odor. Os compartimentos possuem furos que permitem aos animais encaixar o focinho para sentir o odor no interior da caixa.

A droga empregada no treinamento dos cães do 26º BPM é resultado de apreensões. A PM tem autorização da Justiça para ser utilizada. Com o passar do tempo, a tendência é que os entorpecentes deixem de ser usados e as substâncias sintéticas ganhe mais espaço.

“Os materiais que serão detectados não têm contato direto com o cão, por via nenhuma. O invólucro com as munições que os cães devem encontrar ficam fechados e dentro da caixa de odor. As substâncias sintéticas, que reproduzem o cheiro do entorpecente, não são consideradas drogas, não têm sua venda proibida e não tem poder alucinógeno. Ou seja, se uma pessoa usar, por qualquer via, não vai ter a sensação esperada que o entorpecente provoca, e não causa dependência”, explicou o militar. 

Segundo ele, os cães farejadores não tem contato direto com o produto que é colocado na caixa de odor. A distância entre o focinho e o produto é de aproximadamente 10 centímetros, a mesma em uma ocorrência real. A cada missão bem sucedida o animal recebe uma recompensa, que no caso do 26º BPM é uma bola. 

O objetivo principal deste trabalho, para o cão, não é a droga, mas receber a recompensa associada ao odor. Ainda que o cão através do odor capture as partículas olfativas, ela não tem capacidade nenhuma de torná-lo dependente ou provocar nenhuma reação no organismo. Os cães que a gente tem hoje são apaixonados pela bola. Eles saem para o trabalho com o objetivo de voltar com a bola. E nós associamos essa bola com o odor da substância. Por isso o resultado alcançado é tão positivo”, explicou o cabo Gabriel Procópio.

Cuidados

O 26º BPM se cerca de todos os cuidados para manter a saúde dos cães farejadores. Vacinas, vermífugos, carrapaticidas, ração de qualidade são oferecidos aos animais para que estejam sempre saudáveis e aptos ao trabalho. Além disso, não falta carinho! Segundo o tenente Nery, os cães fazem parte da família da Polícia Militar.

A estrela do canil 

De todos os cães farejadores 26º BPM, Urano, de 6 anos, é o mais conhecido. Famoso por participar de operações importantes, ele tem todo o reconhecimento de militares e, principalmente, de seu treinador. Recentemente, Urano ajudou a encontrar a arma usada na morte do 3º sargento da PM em João Monlevade, Célio Ferreira de Souza.

“Já treinei centenas de cachorros, mas o Urano foi sem dúvida o melhor cão que já tive a oportunidade de trabalhar. É um cão muito ativo, muito esforçado, muito talentoso e que gosta bastante de trabalhar. É muito obediente aos comandos, executa muito bem as tarefas, tem muita disposição. É um cão indescritível ”, expõe o cabo Gabriel Procópio.

cães farejadores
Tenente Nery, cabo Gabriel Procópio e o cão Urano – Foto: Thamires Lopes/DeFato

Números

No último ano, os cães farejadores da Polícia Militar de Itabira atuaram em 122 operações nas quais foram apreendidas:

– 55 barras de maconha
– 88 tabletes de maconha
– 1890 buchas de maconha
– 6 pés de maconha
– 850 pinos de cocaína
– 31 papelotes
– 1469 pedras de crack
– 5 armas de fogo
– 66 munições