São Gonçalo prepara diagnóstico sobre relação entre mineração e problemas respiratórios
Prefeitura registra inúmeras reclamações de moradores sobre “poeira da mina”
Matéria publicada na edição 70 do Jornal DeFato
A mina Brucutu é a maior a céu aberto da Vale em Minas Gerais, e sua cava, bem como a estrutura de beneficiamento de minério, estão localizados a poucos quilômetros do centro de São Gonçalo do Rio Abaixo. O município tem pouco mais de 11 mil habitantes e tem na mineração sua principal fonte de renda. O que ajuda economicamente, no entanto, pode estar prejudicando a saúde da população, e a Prefeitura está atenta a isso. Tanto que o Executivo prepara um estudo correlacionando as enfermidades respiratórias antes e depois da mineração.
A preocupação com as doenças respiratórias e o impacto da poluição atmosférica aumenta com a pandemia do novo coronavírus. Até o fechamento desta edição, São Gonçalo do Rio Abaixo ainda não havia registrado casos confirmados da Covid-19, mas a ameaça levou o município a tomar medidas impactantes, como fechamento do comércio e instalação de barreiras sanitárias nas entradas da cidade. Ao mesmo tempo, olhares são voltados para os impactos da mineração na saúde pública.
Segundo a Prefeitura, os índices de monitoramento da qualidade do ar são apresentados periodicamente pela Vale ao Executivo. Os dados coletados pela empresa demonstram que os índices atendem aos parâmetros estabelecidos pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). Essa, inclusive, é uma das condicionantes para que a Vale mantenha a licença de operação da mina de Brucutu.
Apesar do atendimento à legislação ambiental, a Prefeitura afirma que os moradores reclamam da poeira oriunda da mina de Brucutu. Mesmo que ainda não tenha números para se balizar, a Secretaria Municipal de Saúde destaca ser provável que o índice de doenças respiratórias possa ter aumentado devido às partículas poluidoras expelidas pela atividade mineradora. Por isso, prepara um estudo sobre a questão.
Medição
Especificamente sobre como é feito o monitoramento da qualidade do ar em São Gonçalo do Rio Abaixo, a Secretaria de Meio Ambiente esclarece que a Vale o faz em dois pontos: um no adro da Igreja Matriz e outro na Estação Ambiental de Peti. Assim, são analisadas as concentrações de partículas totais em suspensão e a média geométrica. Os dados são entregues em relatório ambiental mensal ao Executivo e, segundo a Prefeitura, atende aos padrões legais. Ainda assim, acendeu-se o alerta para preservar a saúde dos moradores da cidade frente à mineração.