“Segurança pública está caótica”: Rose Félix quer reunião para discutir soluções para a violência em Itabira
Encontro também deverá ter debate sobre unidade prisional no município, a pedido de Tãozinho Leite. Outros cinco vereadores se manifestaram sobre casos de violência na cidade
Nas últimas semanas, Itabira tem vivenciado uma escalada de violência — com homicídios, um deles durante o encerramento do 48º Festival de Inverno de Itabira, abuso sexual de menor, estupro, dentre outras ocorrências. O cenário, que tem causado preocupações com a segurança pública do município, foi assunto para alguns vereadores durante a reunião ordinária da Câmara de Vereadores, na tarde desta terça-feira (19).
“Como mãe estou muito preocupada com a segurança de Itabira. Eu consigo sentir a dor de cada mãe, de cada família que nos últimos meses tiveram os seus familiares vitimados pela violência, em especial na última semana, quando tivemos feminicídio, homicídios, estupro, abuso de menores, sem falar dos crimes de menor potencial ofensivo. É difícil apontar um culpado, mas é fácil sabermos que a situação da segurança pública em Itabira está caótica”, discursou Rosilene Félix Guimarães (MDB).
A vereadora convidou os demais parlamentares para realizar um encontro com Ministério Público (MP), Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP), governo municipal e outras autoridades. Essa reunião tem como objetivo identificar as causas e buscar soluções para esse problema da violência aqui em Itabira, que está muito grande.
“A motivação [para o encontro] é justamente o aumento da criminalidade, a barbaridade como os crimes têm ocorrido, a facilidade com a qual os criminosos têm tido acesso às vítimas e todos os outros crimes de menor potencial ofensivo que têm acontecido em nossa cidade. (…) Eu acredito que esse encontro, em um formato menor, que não tenha todas as formalidades de uma audiência, e que seja mais objetivo, possa pontuar quais são os problemas, enumerar as ações que podem ser tomadas e buscar as soluções junto com as autoridades”, explicou Rose Félix, que pretende realizar a reunião no dia 22 de agosto.
A ideia é compartilhada por Sebastião Ferreira Leite “Tãozinho Leite” (Patriota), que conversou com Rose Félix para incluir na pauta do encontro as discussões sobre a unidade prisional de Itabira, que está desativado desde o segundo semestre de 2020. O vereador já havia manifestado na reunião ordinária anterior o desejo de uma audiência pública sobre o tema.
“Na semana passada eu já tinha me posicionado em relação a uma audiência pública sobre o presídio em nossa cidade. Conversando com a vereadora Rose, vou propor junto com ela, nesse encontro que tratará da segurança pública, que também possamos discutir o presídio”, destacou Tãozinho Leite.
Vereadores comentam casos de violência
Segundo Sidney Marques Vitalino Guimarães “do Salão” (PTB), o Festival de Inverno de Itabira “contou com muita coisa boa, mas, infelizmente, o encerramento não foi legal”. Ele também destacou outros crimes ocorridos na cidade e classificou o momento como de insegurança para a população.
“Não poderia deixar de parabenizar os organizadores do Festival de Inverno. Mas não poderia deixar o meu repúdio pelo acontecido do último domingo, aquele assassinato ali na praça [do Areão], um filho de um amigo próximo meu. Eu vou trazer a minha opinião: achei uma falta de respeito continuar com o show, mesmo com o homicídio ocorrido ali na praça. Porque se fosse o filho de uma autoridade, de um vereador, do segurança de alguém talvez teriam cancelado [o show imediatamente]”, afirmou Sidney do Salão.
O presidente do Legislativo, Weverton Leandro Santos Andrade “Vetão” (PSB), lembrou que a responsabilidade pelas polícias Civil e Militar é do Governo de Minas Gerais, mas, mesmo assim, a Prefeitura de Itabira, por meio de convênios e parcerias, contribui para a manutenção e o funcionamento das forças de segurança na cidade.
“Quando se fala do aumento de violência, estamos falando mais do que um presídio, que é importante, mas há necessidade de pensar além disso. O município tem feito muito pela segurança pública, assumindo responsabilidades que não são dele, agora há um questionamento sobre o Estado, que é a instituição responsável”, afirmou Weverton Vetão. “Então precisamos, independente de grupo A ou B, ou de partidos políticos, darmos as mãos para propormos soluções viáveis para o Município, com intervenção do Estado e da Federação, para baixar os índices de criminalidade que assustam todos nós”, continuou.
Heraldo Noronha Rodrigues (PTB) também comentou o fato do último domingo, afirmando que a continuidade do show após um homicídio em praça pública não foi respeitos. “Pra fazer uma analogia: quando falece uma pessoa, o vizinho do lado ou da frente, se estiver fazendo uma festa, ele desliga o som. Isso que aconteceu [na Praça do Areão] foi um absurdo, concordo com a sua colocação [Sidney]. É um fato que não pode acontecer novamente, talvez foi um erro da programação, mas, infelizmente foi uma falta de respeito”, disse.
Cobrança por posicionamento
Luciano Gonçalves dos Reis “Sobrinho” (MDB) foi mais um a comentar sobre o homicídio ocorrido na Praça do Areão — e assim como os seus colegas, também criticou o fato de o show da Maria Gadú com a Orquestra Opus ter acontecido logo após o crime. O emedebista, ainda, cobrou do prefeito Marco Antônio Lage (PSB) um posicionamento sobre o fato que aconteceu no encerramento do 48º Festival de Inverno de Itabira.
“Essa situação que o vereador Sidney trouxe, falando desse assassinato na Praça do Areão, o prefeito não manifestou nada até agora. Ele mandou algum ofício para esta Casa para falar o por quê da continuação show? Mandou alguma nota esclarecendo por quê o show teve que continuar? A indignação do vereador é justificável. Se fosse o filho de um político influente da cidade, [se fosse filho] de alguém do alto escalão você não acha que pararia o show não? [Pararia] na hora, com certeza”, disparou Luciano Sobrinho.
Homenagem às vítimas da violência
No final da reunião desta terça-feira, Roberto Fernandes Carlos de Araújo “Robertinho da Autoescola” (MDB), pediu para que fosse feito um minuto de silêncio em homenagem a Marcelo Marques Fonseca, assassinado no domingo. “Nós vemos que é um assunto caloroso [segurança pública], porém quem está ouvindo fica meio triste com a situação. Eu acho que começamos essa reunião hoje meio atropelada. Eu quero agora, em respeito à família que perdeu um ente querido, muito jovem por sinal, se por possível, presidente, um minuto de silêncio”, declarou.
Ao ouvir o pedido do colega, Sidney do Salão solicitou que o minuto de silêncio fosse estendido a Welton Figueiredo. “Não só desse jovem, eu quero aproveitar o seu minuto de silêncio e pedir também para a família do Welton, que foi baleado no sábado“, disse.
Diante da manifestação dos vereadores, Weverton Vetão pediu para que todos os parlamentares ficassem de pé para prestar a homenagem: “vamos fazer em nome da Câmara esse minuto de silêncio para todas as vítimas da violência, que tem tirado a paz do Município”.