Sem citar a derrota nas urnas, Bolsonaro se pronuncia após quase 48 horas de silêncio

Em um curto discurso ressaltou que manifestações pacíficas são bem-vindas e criticou ocupações

Sem citar a derrota nas urnas, Bolsonaro se pronuncia após quase 48 horas de silêncio
Foto: Reprodução / Youtube

No fim da tarde dessa terça-feira (1), após quase 48 horas sem se manifestar publicamente sobre o resultado das eleições 2022, o presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro (PL), fez um pronunciamento oficial. Em um discurso que durou menos de dois minutos e acompanhado de uma grande comitiva de aliados, ele agradeceu aos votos e criticou atos que ferem a constituição brasileira.

Antes de iniciar o pronunciamento, cochichou com Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil, “vão sentir saudades da gente, hein!”. Em seguida, Bolsonaro abriu o discurso agradecendo os votos recebidos durante o segundo turno, no último domingo (30). E essa foi sua única fala sobre o processo eleitoral em que perdeu a disputa à presidência para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele ainda criticou ações que causam prejuízos aos brasileiros.

“Quero começar agradecendo aos 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro. Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e do sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem vindas, mas nossos métodos não podem ser como os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir”.

Bolsonaro ainda reforçou seu slogan de campanha e destacou o crescimento da direita. “A direita surgiu de verdade em nosso país. Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade. Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso”.

O atual presidente citou o desempenho de seu governo diante dos cenários de pandemia e guerra. E encerrou o pronunciamento garantindo que vai respeitar a constituição.

“Mesmo enfrentado todo o sistema, superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra. Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da constituição. Nunca falei em controlar e censurar a mídia e as redes sociais. Enquanto presidente, e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa constituição. É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarela da nossa bandeira”.

Governo de transição

Bolsonaro saiu sem responder às perguntas dos jornalistas. O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, falou rapidamente aos repórteres sobre a transição do atual governo para a próxima gestão.

“O presidente Jair Messias Bolsonaro me autorizou que, quando for provocado, com base na lei, nós iniciaremos o processo de transição. A presidente do PT (Partido dos Trabalhadores), segundo ela em nome do presidente Lula, disse que na quinta-feira (3) será formalizado o nome do vice-presidente Geraldo Alckimin. Aguardaremos que isso seja formalizado para cumprir a lei no nosso país”, garantiu.

Mais cedo, o vice-presidente na chapa de Lula foi escolhido para comandar uma equipe de 50 nomes, que mesclará quadros técnicos e políticos para dialogar com integrantes do atual governo. O grupo contará com os principais líderes do PT e demais partidos da coligação.