Submarino sueco desaparece sob “Geleira do Juízo Final” na Antártica

A geleira Thwaister tem o tamanho da Flórida

Submarino sueco desaparece sob “Geleira do Juízo Final” na Antártica
Foto: Flickr/Marinha do Brasil

Construído para visitar as entranhas da “Geleira do Juízo Final”, o robô subaquático autônomo, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, desapareceu misteriosamente em janeiro de 2024 na Antártida.

Denominado de Ran, o submarino não tripulado tinha seis metros de envergadura e foi implantado em 2020 para revelar ao mundo os possíveis segredos da “Geleira do Juízo Final,” mas, após descobrir uma série de estruturas desconhecidas sob essa gigantesca camada de gelo, o sinal ele que emitia foi perdido.

Na verdade, o nome real da geleira é Thwaistes e tem o tamanho do estado da Flórida, com a capacidade de elevar o nível do mar em até 60 cm se totalmente derretida.

Anna Wahlin, um dos principais nomes do estudo e professora de física oceanográfica na Universidade de Gotemburgo, definiu a “expedição” como “um pouco como ver o lado escuro da lua”.

Antes do misterioso sumiço, Ran conseguiu obter mapas de alta resolução da parte inferior da plataforma de gelo e repassou importantes informações no estudo da elevação do nível do mar em função das alterações climáticas.

“Embora tenhamos obtido dados valiosos, não conseguimos alcançar tudo que esperávamos. Os avanços foram possíveis graças ao único submersível que foi o Ran”, disse a oceanógrafa, que acenou esperar prosseguir com a pesquisa, com outro submarino, dando prosseguimento à conclusão do estudo.

A National Geographic afirma que a missão de Ran, programada para o mergulho na cavidade da plataforma de gelo de Dotson, envolveu a varredura do gelo acima dela com um sistema sofisticado de sonar, percorrendo, durante 27 dias, mais de 1.000 quilômetros sob a geleira, chegando a 17 quilômetros dentro da cavidade.

A plataforma de Dotson, visitada pelo Ran, localiza-se na costa da Antártida Ocidental e se estende como uma extensão de gelo antigo que desafia o tempo.

Em Dotson, as temperaturas caem incessantemente abaixo dos – 20 graus Celsius, num ambiente de frio impiedoso.

Segundo a National Geographic, os dados levantados pelo Ran mostraram que o glaciar Dotson derrete mais rapidamente onde as correntes marinhas provocam erosão em sua base. Foram detectadas também fraturas verticais com derretimento acelerado atravessando o glaciar.

Uma descoberta que surpreendeu os pesquisadores foi a presença de uma paisagem subglacial complexa, formações de picos, vales e extensões similares a dunas de areia, que se imagina causadas por fluxos de água sob influência da rotação da terra.

Segundo a National Geographic, essas plataformas de gelo são essenciais para a estabilidade dos glaciares, agindo como barreiras que retardam o fluxo de gelo em direção ao mar, que, se não for contida, pode acelerar sensivelmente a elevação global do nível do mar.

“Da mesma forma, determinou-se que a parte ocidental derrete mais rapidamente em função da influência das águas profundas circumpolares (movimento circular), uma mistura de água do Pacífico e do Oceano Índico que afeta de forma diferente a base de gelo da plataforma, em comparação com a parte ocidental.

* Fonte: O Globo