Sustentabilidade é na prática e não no gogó

Será que ainda há tempo? Eu vos apresento, humildemente, esta sugestão. Basta amar Itabira e deixar de lado a vaidade da velha política interesseira e o egoísmo que mata

Sustentabilidade é na prática e não no gogó
Foto: Jackson Faustino/DeFato
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Gente, estamos nas mãos de Deus. É bom gozar desse privilégio divino. Só que em linguagem popular significa às nossas próprias custas, sem fé estamos fritos. Vou provar que não faço oposição a quem quer que seja. Podem vasculhar a imprensa e os registros na política, caminho que percorri e deixei uma inarredável preocupação: o futuro de Itabira requer atitude sensata e determinada.

Isto é muito difícil?

Um colega de grupo escolar, lá na minha terra, sempre afirmava em toda aula que tudo “é muito difícil”. Seja aritmética, língua portuguesa, ciências e até desenho e trabalhos manuais, não existe facilidade. A sala inteira ria desse inofensivo colega de nome Levi Furtado Leite. Agora ando repetindo a expressão a respeito de nosso governo itabirano. É mesmo muito difícil.

Nossa administração, sem gestão, parece ter planejado um racha. Nunca, em tempo algum, a política ou a politicagem foi tão dividida como agora. O eleito prefeito, com meu declarado apoio, resolveu ser ele próprio, ninguém manda na prefeitura, a não ser uma eminência parda e despistada que conheço. Ele contratou uma equipe, como sempre forasteira, boa de serviço, mas a última palavra é da protuberância, que tem o poder de até pôr fogo no circo. Aí repito a conclusão de Levi Leite: é mais que complicado.

A pauta do momento

Chegou por aqui, enfiada na caixa de correio, com o timbre de “convite especial”, um papelote chamando para uma reunião pública e tratando do termo exato: Sustentabilidade Itabira. Tenho uma receita, já divulgada várias vezes, desde 1998, baseada na única forma de turismo que dá certo por aqui e a curto ou médio prazo. O projeto é do itabirano Rafael Clever Gomes Duarte, hoje morador de Campinas (SP), professor, mestre, doutor, autor de um projeto cada vez mais viável, depende da coragem de um prefeito ou de amansar a eminência parda reinante desde janeiro de 2021.

Como funciona

A ideia fantástica de Rafael já perambulou pela Prefeitura de Itabira, no governo Jackson Tavares (PT); foi aprovada por Paulo Henrique Figueiredo, então secretário da Fazenda; esteve na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e na mesa de Itamar Franco, na época governador de Minas.

Rafael recebeu entusiástico elogio de um especialista em Turismo, Sérgio Francisco Ramo Binaburo, o Paco, vindo de Barcelona, a convite de José Romanoel Mendes e Sirlene Barcelos Amorim, em junho de 1998. DeFato dedicou uma capa com páginas repetidas em cada edição à grandeza da proposta.

Sustentabilidade é na prática e não no gogó
Foto: Arquivo/DeFato

Paco, o especialista espanhol, gravou, em declaração à revista, a frase: “Vocês têm aqui em Itabira algo para ser explorado como turismo que eu nunca vi em outra parte do mundo”. A ideia era aproveitamento das áreas mineradas e da represa do Pontal. Em um segundo passo, a construção de um teleférico atravessando a cidade. A fonte de recurso para o grande empreendimento chama-se Vale S.A. como parte de pagamento do passivo ambiental, cuja fortuna em favor de Itabira está registrada na Bolsa de Valores de Nova York.

Se Itabira não se agarrar a uma possibilidade sólida como esta, tornar-se-á o que a realidade temerosa se apresenta, ou vai nos engolir como um tubarão faminto. Não seremos nem uma cidade fantasma, mas, sim, um cemitério maldito. Todas as alternativas podem ser estudadas, mas esta é embasada na origem da providência com rejeição ao gogó, de onde sai só conversa fiada.

Acorde, gente de Itabira, e não se esqueça cada alma de tomar a sua respectiva vergonha na cara! Itabira não merece ser subjugada.

José Sana é jornalista, historiador, professor de Letras e ex-vereador em Itabira por dois mandatos, onde reside desde 1966

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