Talibã determina fechamento de todos os salões de beleza do Afeganistão

A decisão foi anunciada em junho, provocando o fechamento de uma das poucas opções das afegãs como espaço de liberdade e socialização

Talibã determina fechamento de todos os salões de beleza do Afeganistão
Foto: Picture Alliance

Quase sem qualquer direito de dignidade humana, as mulheres do Afeganistão seguem sendo sufocadas pelo regime do grupo Talibã, que voltou à cena e controla o país depois que os norte-americanos o deixaram em 30 de agosto de 2021. Para trás, deixaram helicópteros, tanques e extenso armamento e munição de combate à disposição do grupo radical que se apoderou da capital Cabul. Nesta terça-feira (25), milhares de salões de beleza tiveram que fechar suas portas, de maneira definitiva, depois de entrar em vigor o decreto das autoridades talibãs, privando as mulheres de uma de suas únicas fontes de renda e um dos últimos respiros de liberdade.

A decisão foi anunciada no final de junho, provocando o fechamento de uma das poucas opções das afegãs como espaço de liberdade e socialização. As mulheres, desde o retorno do grupo Talibã, fundamentalistas muçulmanos, em agosto de 2021, foram excluídas das escolas de ensino médio, das universidades e da administração pública.

Estão privadas, também, de trabalhar para empresas privadas, organizações internacionais, frequentar parques e jardins, estádios, banheiros públicos e até de viajar sem a presença de um familiar do sexo masculino, além de se submeterem a se vestir cobrindo completamente o corpo ao saírem de casa.

Bahara, cliente de um salão de beleza em Cabul desabafa: “Costumávamos vir aqui e passar o tempo conversando sobre o nosso futuro. Agora, até mesmo esse direito nos foi tirado. As mulheres não têm direito de entrar em locais de lazer. O que podemos fazer? Onde podemos nos divertir? Onde podemos nos encontrar?”.

A Câmara de Comércio e Indústria para as Mulheres Afegãs diz que a proibição dos salões de beleza fará com que cerca de 60 mil mulheres que trabalhavam em 12 mil estabelecimentos percam suas únicas fontes de renda. Uma proprietária alega que foi forçada a assinar um documento em que registrava o fechamento do estabelecimento por vontade própria, renunciando a sua licença para administrá-lo.

“Foi uma cena horrível: eles chegaram com veículos militares e fuzis. O que uma mulher pode fazer diante de tanta insistência e pressão?”, disse em anonimato.