“Temos que reconhecer e valorizar o vereador no exercício da vereança”, destaca Bernardo Rosa
Em entrevista a DeFato, Bernardo Rosa comenta sobre como pretende conduzir a Secretaria Municipal de Governo
Na última terça-feira (12), o então vereador Bernardo de Souza Rosa (Avante) se despediu, com um discurso emocionado, das suas funções na Câmara de Itabira. Ele está se licenciando do trabalho legislativo para assumir o comando da Secretaria de Governo — uma pasta de grande importância para a gestão Marco Antônio Lage (PSB), já que é responsável pela interlocução entre a atual administração municipal e os parlamento itabirano.
Dessa forma, Bernardo Rosa terá um grande desafio pela frente. Desde o início da atual gestão, a Secretaria de Governo tem encontrado dificuldades em sua atuação: o então vereador será o quarto titular da pasta em um ano e meio de administração Marco Antônio Lage. Antes dele passaram pela pasta Gabriel Quintão — que atualmente responde pela Secretaria de Administração —, Márcio Passos e Geraldo Magela Pena Torres “Torrinha”.
Além das constantes trocas, a Secretaria de Governo tem protagonizado momentos de tensão com o Legislativo. Com a crise mais grave acontecendo em meados de 2021, durante a gestão do jornalista Márcio Passos — pivô de uma emblemática entrevista dada ao portal DeFato. O último titular da pasta, Geraldo Torrinha, deu início a um trabalho para apaziguar os ânimos, e Bernardo Rosa terá como uma de suas principais missões recuperar em definitivo a boa relação entre os poderes.
Diante desses desafios, o novo secretário de Governo conversou com a DeFato e comentou sobre as expectativas e planejamento para o cargo. Confira!
DeFato: Você aceitou um cargo no governo Marco Antônio Lage e está se despedindo da Câmara de Itabira. O que te levou a tomar essa decisão?
Bernardo Rosa: É um cargo de suma importância na estrutura organizacional da Prefeitura e o que me deu tranquilidade, respaldo e segurança para aceitar é pelo fato de eu ser vereador. Então, trabalhando com autonomia, independência e com aquilo que me foi proposto e delegado pela população e representar, efetivamente, a população dentro do poder Executivo é de responsabilidade muito grande, até porque não vou deixar de ser vereador, vou me licenciar e retornarei à Câmara assim que a minha contribuição for realizada, e demonstrar para a sociedade que a gente é capaz e pode trabalhar muito mais para Itabira.
DeFato: Você vai substituir o Geraldo Torrinha, que foi um secretário de Governo que tinha prestígio com os vereadores. Como você pretende conduzir a Secretaria de Governo e o relacionamento entre Executivo e Legislativo?
Bernardo Rosa: Geraldo Torrinha foi um exemplo pra gente. Ele pegou uma situação meio conturbada, em que havia um conflito entre o Legislativo e o Executivo e soube, habilidosamente, trabalhar isso e aproximar muito mais o Legislativo [do Executivo] — nós falamos que os poderes são independentes, mas eles precisam ser harmônicos. E nós vamos continuar nesse trabalho de interlocução, eu me relaciono muito bem com os demais vereadores. Acho muito importante a valorização dos vereadores, pois não é fácil estar aqui na Câmara Municipal e temos que reconhecer esse fato.
Com a relação [às demais demandas], a Secretaria de Governo é muito grande, muito ampla e todos os projetos que são apresentados pelo Executivo perpassam por ela. Então pretendemos alavancar mais esse outro braço da secretaria para que os projetos sejam acelerados e realizados.
DeFato: O prefeito Marco Antônio Lage deu alguma missão específica para você enquanto secretário de Governo?
Bernardo Rosa: Podermos apresentar os projetos do Município. Projetos que já estão elaborados, tabulados dentro do Executivo e que tem programações para serem executados — ele [Marco Antônio Lage] pediu celeridade nisso para levar, realmente, o governo para a comunidade.
DeFato: Alguns projetos têm sido travados na Câmara. Como você irá trabalhar isso e intermediar a relação do governo com os vereadores do bloco de oposição?
Bernardo Rosa: Acho que todo projeto que é elaborado pela Câmara, antes do seu trâmite no processo legislativo, tem que ser conversado com o Executivo para que tenha harmonia, para que haja uma discussão ampla desses projetos. E é isso que vamos fazer. Sabemos que o projeto é protocolado e, depois, vai para as comissões, e aí começamos o debate sobre esse projeto, até para a sua executabilidade. Não adianta apresentarmos leis que são difíceis de serem executadas. Então queremos simplificar e que todos os projetos apresentados tenham, realmente, aplicabilidade.
DeFato: Você conversou com o [Carlos Vicente da Silva] Carlinho Motorista, que vai te substituir na Câmara?
Bernardo Rosa: Já conversei com o Carlinhos, que é do Avante, o meu partido, para que ele se torne base do governo e que possamos prosseguir com os projetos apresentados pelo Marco Antônio em sua gestão.
DeFato: Até que ponto o fato de você ser vereador facilita ou dificulta a relação do governo com a Câmara?
Bernardo Rosa: Facilita e muito. Eu já conheço os vereadores, o perfil de cada um e os desejos e anseios de cada um. Também reconheço a dificuldade para chegar à Câmara Municipal e a complexibilidade da atuação do vereador como fiscal da lei, como elaborador da legislação municipal — e foi isso que levei ao prefeito Marco Antônio: temos que reconhecer e valorizar o vereador no exercício da vereança.