“Temos um efeito cascata”, diz tenente dos Bombeiros sobre incêndios em Itabira
Terça-feira foi marcada por diversas ocorrências na cidade
Esta terça-feira (14) foi marcada por diversos focos de incêndios em Itabira. Pelos menos quatro ocorrências foram registradas em diferentes regiões da cidade: Praia, Gabiroba, Mata do Intelecto e Quatorze de Fevereiro. Nesta quarta-feira (15), ainda é possível ver muita fumaça no céu itabirano, símbolo de um período que, historicamente, costuma registrar vários incêndios na cidade. Com o tempo e a vegetação mais seca, muitos se sentem à vontade para atearem fogo sem a menor preocupação.
Em meio a esse caos está o 6º Pelotão do Corpo de Bombeiros de Itabira. De acordo com o tenente Marlon Medeiros, além de precisarem cobrir todas essas ocorrências simultâneas, ele e seus 24 colegas precisam lidar com dois dificultadores: os outros tipos de atendimento que continuam acontecendo, como um afogamento ocorrido ontem em Santa Bárbara e a busca por pessoas desaparecidas, e a atuação em mais 16 municípios da região. Barão de Cocais e Bom Jesus do Amparo, por exemplo, também registraram queimadas nos últimos dias.
Diante do cenário, o foco é definir qual situação é mais preocupante e trabalhar por prioridades, já que a equipe não possui a quantidade de profissionais suficiente para se deslocar a todas as cidades.
“A gente tenta dar a melhor resposta possível à sociedade dentro dos recursos que temos. Com esses inúmeros focos, não temos equipes pra poder mandar para todos (os municípios), então priorizamos aqueles que representam o maior risco à população. Então, por exemplo, se ele tem o risco a edificações, à vida humana, priorizamos eles. Ontem, no Pico do Amor, mandamos algumas equipes da administração e também do operacional, após resolvermos as outras ocorrências que estavam em andamento. Nos deslocamos diretamente para lá porque havia um incêndio descendo em sentido a edificações etc. Foi feito o emprego conjunto dos militares com a Vale, mais os brigadistas (Brigada Florestal)”, explica.
Segundo o militar, este período do ano costuma ser o mais preocupante quanto aos incêndios em Itabira. Durante a entrevista, inclusive, um novo foco foi registrado, desta vez no bairro Laboriaux.
“Nos meses de setembro e outubro a gente tem uma incidência maior. Pela série histórica aqui da cidade de Itabira, é agora que os incêndios começam, realmente, a se propagar. Grande parte deles são feitos de forma irregular, às vezes para renovação de pasto ou mesmo ações de incendiários”, detalha Medeiros.
“Para se ter uma ideia, até ontem estávamos com uma situação relativamente tranquila em Itabira. E aí, de repente, aparecem quatro, cinco focos simultâneos. Então sabemos que às vezes o incendiário visualiza aquele incêndio, e aí causa incêndio em outro bairro. O outro vê e faz a mesma coisa em outro bairro. Infelizmente temos um efeito cascata dos incêndios”.
No entanto, Marlon Medeiros revelou uma informação importante. Está prevista para dezembro a abertura de um Posto Avançado dos Bombeiros em São Gonçalo do Rio Abaixo. A unidade, que contará com 18 militares, será subordinada ao pelotão de Itabira e representará um reforço nos atendimentos da região.
Mas tão importante quanto a construção deste Posto Avançado é a conscientização sobre o tema. Para Medeiros, é necessário que a população entenda todas as consequências dos incêndios criminosos ocorridos em Itabira e demais municípios.
“Falta educação e aquela cultura da responsabilidade social e ambiental. Para que as pessoas compreendam que isso causa danos à qualidade de vida, à qualidade do ar, leva mais pessoas ao hospital. Então a gente faz um apelo à população para que não ateie fogo, que no início de período de estiagem faça os aceiros nas propriedades, justamente para evitar essa propagação. Assim podemos ter uma qualidade de vida melhor e uma cidade mais bem desenvolvida”, afirma.