Texto final do G20 defende fim da guerra em Gaza e Ucrânia, além de taxação dos super-ricos e fim da fome
O documento, com 24 páginas e 85 tópicos, foi aprovado sem vetos ou ressalvas por todos os países membros
Divulgada nesta segunda-feira (18) a declaração final dos líderes do G20 abordando os principais temas em desajuste da atualidade, como a crise humanitária na Faixa de Gaza, a guerra na Ucrânia, as mudanças climáticas e a proposta de taxação dos super-ricos.
O documento tem 24 páginas e 85 tópicos e foi aprovado sem vetos ou ressalvas por todos os países membros, com destaque à necessidade de ampliação da ajuda humanitária à Faixa de Gaza e um manifesto apoiando um cessar-fogo em sintonia com as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
No documento, a descrição da perversa situação da região do conflito, classificada como uma “catástrofe humanitária” e defende a coexistência pacífica dos Estados de Israel e da Palestina, dentro de fronteiras seguras e reconhecidas.
O texto não faz menção direta à Rússia no conflito com a Ucrânia, mas ressalta os “impactos devastadores para a humanidade” causados pela guerra, afetando negativamente a segurança alimentar, energética e as cadeias globais de suprimentos. A Rússia é um membro do G20. O presidente russo, Vladimir Putin, não compareceu alegando compromissos inadiáveis em seu país, mas enviou representante ao evento. Contra Putin há uma ordem internacional determinando sua prisão por crimes de guerra.
“Nós nos comprometemos a avançar a meta de um mundo livre de armas nucleares e um lugar mais seguro para todos”, destaca o documento.
Embora não tenha sido mencionada em documento, a Argentina, por seu presidente Javier Milei, sinalizou que não vetaria o texto final.
O documento aborda a possibilidade de uma maior taxação aos classificados como super-ricos, de patrimônio líquido ultra alto, como um dos caminhos para combater a pobreza extrema e reduzir as desigualdades internas.
O ‘combate à fome’ teve destaque especial com nove páginas abordando o tema, apontando que cerca de 733 milhões de pessoas vivem em condição de insegurança alimentar, e ressalta que o “mundo produz alimentos mais que suficientes para erradicar a fome”.
O documento vai de encontro ao discurso de Lula contra a fome, com todos os líderes se comprometendo com a segurança alimentar e nutricional.
No quesito envolvendo o papel das organizações multilaterais, foram citados como exemplos a OMS (Organização Mundial da Saúde), FMI (Fundo Monetário Internacional) e Banco Mundial, que recebeu incentivo a manter o trabalho relacionado a opções específicas de cada país e de forma voluntária para ajudar esses países e relatar aos Ministros de Finanças do G20 em evento do próximo ano.
Sobre as condições climáticas, o documento reforça o compromisso com o Acordo de Paris, ressaltando a meta de limitar o aumento da temperatura global a 2 graus centígrados, com esforços duplicados para restringir a elevação a 1,5 grau em relação aos níveis pré-industriais.
O Grupo defende a triplicação da energia renovável até 2030 com a eliminação gradativa dos subsídios ineficientes a combustíveis fósseis; contudo, o documento não oferece compromissos efetivos para mitigar as mudanças do clima, fazendo uma alusão genérica à ampliação de recursos públicos e privados para países em desenvolvimento.
O discurso sobre o Acordo de Paris ganha mais importância agora, com a volta de Trump ao poder nos Estados Unidos. Em seu primeiro mandato, Trump retirou o país do Acordo de Paris e há expectativas que ele repita o gesto em seu segundo mandato, no ano que vem. No entanto, mesmo que isso ocorra, diversos estados norte-americanos pretendem continuar se mantendo no acordo, mesmo com a possível saída do país.
Embora não tenha sido entrave ao documento, o presidente argentino, Javier Milei, em seu discurso, pareceu desvincular seu país da Agenda 2030 e defendeu o neoliberalismo, contrapondo-se ao presidente brasileiro.
Seu ponto de vista gerou reações de outras delegações, mas seus argumentos não foram incorporados ao documento final.
O Brasil celebrou a aprovação unânime da declaração enquanto exerce a liderança do G20.