Tradição, inovação e qualidade: a história do Grupo Família Pires

Como um negócio familiar se expandiu e ajudou no desenvolvimento das comunidades onde atua – sem perder a sua essência inovadora

Tradição, inovação e qualidade: a história do Grupo Família Pires
[Posto e Hotel Caminho Novo, na Av. Ver. Osório Sampaio, em Itabira, no início dos anos 2000. Acervo da família.]

Em novembro de 2024, o Grupo Família Pires completa 85 anos de fundação e história. A empresa é uma das mais tradicionais entre as cidades da região, onde representa mais que apenas um negócio, mas também um símbolo de expansão, tradição e longevidade em um mercado repleto de desafios. Toda essa história começou em 1939, através do casal formado pelo Sr. Sebastião Pires Pontes, carinhosamente conhecido como “Sr. Nhonhô”, e Regina Guerra de Assis Pires, a “Dona Gina” – que estavam à frente de um pequeno bar que atendia aos viajantes que passavam por Santa Maria de Itabira. 

Para contar essa história, que se mistura com a expansão de setores comerciais em Itabira e Santa Maria de Itabira, será necessário voltar no tempo. Nossa guia de memórias será a própria Dona Gina, através de seus manuscritos escritos em 2003, em um diário pessoal, recontados por Leda Lage, Mestre em Estudos Literários pela UFMG.

Neste primeiro texto, você vai conhecer e entender como um casal interiorano fundou o pequeno bar e, anos após, o primeiro posto de gasolina e o primeiro hotel de Santa Maria de Itabira. Além disso, você vai saber como após se aventurar na capital Belo Horizonte, a família continuou seguindo a veia empreendedora para ajudar no crescimento de um dos bairros mais importantes de Itabira, o Caminho Novo, onde segue investindo em diferentes áreas, como a tecnologia. 

Em resumo, nesta seção especial, com registros históricos e depoimentos emocionantes, você será convidado a entender como o antigo negócio familiar se expandiu e ajudou no desenvolvimento das comunidades onde atua – sem perder a sua essência inovadora.

[Logo comemorativa desenvolvida baseada na placa original do Bar Pires]
A origem simples e inovadora: café, sorveteria, bar, posto de gasolina e hotel

Entre o fim de 1930 e início de 1940, Santa Maria ainda não havia se transformado em cidade, não possuía nenhum grande atrativo e/ou pontos comerciais. E foi justamente nesta época que Nhonhô e Dona Gina resolveram abrir o primeiro café da pequena vila, em 1939, dois anos antes de se casarem. O sucesso nas vendas das quitandas fez com que o santamariense pensasse em ir um pouco além: comprar uma máquina para fazer picolés e sorvetes. A iniciativa era inovadora, já que nem mesmo em Itabira havia coisa do tipo. O que ele não contava é que, por um equívoco dos Correios ou do responsável pela entrega, o instrumento de trabalho fosse enviado para outra Santa Maria, no Rio Grande do Sul. 

Após meses de espera, o maquinário chegou e finalmente a primeira sorveteria foi aberta, trazendo ainda mais prestígio e trabalho para o comércio. Ali já estava claro: Nhonhô possuía “espírito de idealizador” e “instinto de comerciante”. Com pouca distribuição de energia elétrica, Nhonhô e Dona Gina passavam as noites em claro preparando os produtos que eram consumidos com avidez no dia seguinte. “Aí começou a minha luta”, brinca a esposa, antes de descrever em seu diário pessoal como era a rotina de trabalho. 

“Eu é que preparava os produtos para os picolés e sorvetes. Era uma grande quantidade de leite para o chocolate, creme, nata, amendoim. Os outros eram calda, essência e anilina comestível. O abacaxi era passado no liquidificador e coado. O leite era fervido com os produtos e esfriado até a temperatura inicial. Dava trabalho demais! Os picolés eram enrolados um a um em papel impermeável. Nhonhô aproveitava as frutas da região: pitanga, abacate, goiaba”, descreveu Dona Gina em seus escritos.

Com a crescente dos negócios, a sorveteria mudou de local pela primeira vez, mas logo tiveram de construir um novo ponto comercial na Rua Padre José Martins, bem próximo à Praça da Igreja. “Foi construído um bar e um cômodo para sinuca com as instalações próprias. Em 1953 começamos com o restaurante. Foram anos de muito trabalho. Era servida a minuta e o freguês escolhia o que queria. Era famoso pois só tinha na cidade o nosso restaurante. Até hoje uns fregueses lembram com saudade das costeletas que comiam”, relembra. Lá também eram servidos quitandas, pastel de angu com carne moída, bolinho de feijão e sopa dourada. Quanto às bebidas: vinho, conhaque, aguardente eram vendidos em doses, chamadas “rabo de galo”.

[Rua Padre José Martins, em Santa Maria de Itabira. Local da primeira sede própria do Bar Pires, nos anos 40. Veja a placa ao lado da placa de trânsito, no lado direito. Imagem do Acervo de Tininho Procópio]
[Procissão em carros de boi em frente ao Bar e Restaurante Pires, nos anos 50. O homem em pé no lado esquerdo, ao lado da janela é o Sr. Nhonhô. Imagem do Acervo de Tininho Procópio, feita por Sebastião Martins da Costa “Nhô”, doada por sua filha Edda Cabral Martins]
 

A partir daí, o crescimento do restaurante se misturou com o crescimento de Santa Maria de Itabira. O local apertado – que também servia como ponto de ônibus –  era onde peões e patrões se misturavam para comer nos horários de almoço, lanche e jantar, durante as obras de asfaltamento da estrada que corta a atual cidade. “Aos poucos foram chegando outros comércios e o nosso foi ficando para trás. Mas o que fazer?”, questionavam-se Gina e Nhonhô. 

A solução veio de um plano de risco: Dona Gina recebeu parte da herança paterna que lhe cabia, e junto de Nhonhô, trocaram um terreno por uma casa velha, onde havia um ponto comercial. Sem dinheiro, Nhonhô tomou um empréstimo bancário e mais dinheiro nas mãos de um cunhado. O ano era 1970, a nova década começava e o bar instalado em novo ponto comercial ia muito bem. Após anos de luta pela aprovação da licença para construção e operação de um posto de combustíveis, a vitória finalmente chegou. 

“Foi muita fundação para ter segurança na construção. Foi um tempo de muitas despesas e de muita expectativa, mas com a graça de Deus, vencemos e o bar começou a funcionar bem, como o posto da Petrobrás, que nos deu segurança. Foi inaugurado a 3 de novembro de 1973 (…) Foi um tempo de muita luta, mas também de muitas conquistas. Aos poucos construímos o 1° andar do hotel e compramos uma caminhonete verde para facilitar o transporte de mercadorias. Os ônibus faziam o ponto de almoço no Bar, mas aos poucos passou para a rodoviária ao lado”. Com estas palavras, Dona Gina detalhou como se deu a fundação do primeiro posto de gasolina e o primeiro hotel do Grupo Família Pires. 

[A casa que foi demolida para dar início à construção do novo bar, restaurante e posto Pires, na Rua Cassemiro Andrade, em Santa Maria de Itabira, no início dos anos 1970. Acervo da família.]
[Hotel, Restaurante e Posto Pires, na Rua Cassemiro Andrade, em Santa Maria de Itabira, no final do anos 1970. Acervo da família.]
Negócios em crescimento e a chegada de uma nova geração

Nesta altura, os negócios da família já possuíam quase 40 anos de experiência, tendo passado por diferentes fases. Em função disso, a família buscou expandir os negócios, abrindo um posto de gasolina na capital Belo Horizonte. Era uma nova década, já nos anos 80, e depois de um tempo, os membros da Família Pires retornaram às origens, inaugurando a primeira padaria em Santa Maria de Itabira em 1989 – e expandindo o hotel, que nesta altura, já possuía mais um andar. 

[Hotel, Padaria, Restaurante e Posto Pires, na Rua Cassemiro Andrade, em Santa Maria de Itabira, no final dos anos 1980. Acervo da família.]
[Interior da padaria na Rua Cassemiro Andrade, em Santa Maria de Itabira, no início dos anos 1990. Acervo da família.]
 

Os negócios seguiam a crescer, porém, a vontade de expandir para Itabira agora era o que movimentava a família, que em novembro de 1997, inaugurou o Posto Caminho Novo, na avenida Osório Sampaio. A chegada do empreendimento foi destaque na então Revista Defato, que ainda era em formato impresso. Na matéria, o veículo ressaltava a veia empreendedora e o olhar visionário de Nhonhô e Gina, que ajudaram a promover o verdadeiro crescimento em todo o bairro, e o desenvolvimento da região. 

Foto: Acervo DeFato Online

 

Cinco anos depois, em 2002, veio o Hotel Caminho Novo. O novo empreendimento, que já chegou preenchendo uma lacuna do município, possuía uma estrutura de dois andares, com 32 apartamentos. Naquele momento, o foco era atender a classe de representantes comerciais  que passava por Itabira e não encontrava o conforto e a qualidade necessária.

[Posto e Hotel Caminho Novo, na Av. Ver. Osório Sampaio, em Itabira, no início dos anos 2000. Acervo da família.]

Mas não demorou para que uma nova expansão surgisse: entre 2006 e 2007, chega o Premium Executive Hotel. A mudança não era apenas no nome, já que agora o empreendimento se elevou em mais dois andares, subiu para 70 apartamentos disponíveis e chegava para atender às demandas da Vale e empreiteiras. No espaço, também havia academia, salão de eventos e salas de convivência – além de uma lavanderia própria.

Com determinação e visão empreendedora e comprometidos em dar continuidade ao legado familiar, os membros da segunda geração da Família Pires trouxeram inovações e expandiram os serviços oferecidos. Atualmente o Grupo engloba cinco postos de combustível, duas padarias e conveniência e dois hotéis em Santa Maria de Itabira e Itabira – além do programa de fidelidade da startup ClubPetro, que opera em todo o Brasil. 

 

Mais detalhes sobre a história do Grupo Família você poderá conferir em breve, na próxima matéria da DeFato sobre o especial de 85 anos da empresa. Aguarde. 

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