Transtorno do Espectro do Autismo na fase adulta

No consultório, a avaliação tem sido muito procurada e vem sendo diagnosticada cada vez mais em adultos.

Transtorno do Espectro do Autismo na fase adulta

Os sintomas do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) variam muito de pessoa para pessoa e de acordo com cada tipo. Embora muitas vezes os sinais se apresentem ainda na infância, eles também podem se manifestar diante de demandas que excedam a capacidade social na fase adulta.

No consultório, a avaliação tem sido muito procurada e vem sendo diagnosticada cada vez mais em adultos. O TEA, por ser um espectro, isto é, por apresentar uma diversidade de sintomas e níveis de apoios (leve, moderado e severo), pode passar despercebido e não ser identifiado, se não for dada a devida atenção.

Os principais sinais e sintomas do autismo em adultos são: expressões faciais e sinais não verbais são difíceis de serem percebidos e compreendidos; dificuldade para entender metáforas, ironias e piadas ambíguas, indiferença e pouca empatia com o outro, dificuldade em perceber sinais de tristeza, raiva, tédio e alegria, uso da linguagem direta e formal, preferência por trabalhar sozinho do que em equipe, dificuldade em sair da rotina, hiperfoco em um tópico ou interesse específico, sensibilidade superior ao barulho, restrição alimentar com seletividade para cor, textura, sabor ou cheiro. Alguns autistas podem apresentar desempenho acima da média em determinadas atividades, tornando-se muito talentosos, como na matemática, música e arte. Todavia, isso representa apenas cerca de 10% dos casos de TEA.

Sem diagnóstico determinado, nem o amparo e a estrutura necessários para viver melhor com a condição, pessoas dentro do espectro passam anos e até décadas lutando contra algo que não sabem o que é, sentindo-se deslocadas e “diferentes”, sem nenhuma explicação.

“O adulto que não sabe que se enquadra no espectro já entendeu como camuflar sua condição e encontrou jeitos de se encaixar no convívio social de maneira a minimizar seus sintomas”, diz Joana Portolese (coord. do Programa TEA no IPqHCFMUSP). Comorbidades psicológicas ou neurológicas também podem ser melhor compreendidas e amenizadas a partir do diagnóstico.

“Quando a pessoa descobre que é autista, ela se conhece melhor e passa a entender as limitações com as quais vem lidando”, diz Portolese. “Dar um nome à condição também facilita o acesso à informações e propicia a inclusão da pessoa em um grupo. Por isso o diagnóstico tardio costuma ser libertador e trazer ao autoconhecimento.”

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