Tributo ao meu “menino” Bob

Por quase 13 anos, o meu Bob, da raça Lhasa Apso, dividiu espaço com a minha família, como se fosse da mesma genética que nós

Tributo ao meu “menino” Bob
Foto: Arquivo/Pessoal
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Esse espaço me foi concedido para comentários políticos, mas tomo a liberdade de mudar um pouco o tom, muitas vezes crítico nessa temática, para falar de fidelidade e de amor incondicional; para falar de alegria e da dor da perda.

Por quase 13 anos, o meu serzinho da raça Lhasa Apso, presente de um dos meus filhos, dividiu espaço com a minha família, como se fosse da mesma genética que nós. Não havia distinção no trato a ele dedicado. Era de fato um membro a mais. Dormia em sua caminha ao lado da minha e, no decorrer da noite, em suas mudanças de posição, eu fazia questão de afagá-lo e cobri-lo com um leve tecido, o que ele demonstrava gostar muito. Nas minhas horas de trabalho, sentado frente a esse mesmo computador que diariamente lhes escrevo, ele dormia tranquilo por saber da minha presença ao seu lado.

O Bob, meu menino canino, me seguia por todos os cantos da casa e, quando eu tinha que ir ao centro da cidade, ao voltar, lá estavam seus olhinhos espreitando a minha volta por debaixo do portão da garagem. Pulava de alegria, abanava sua volumosa cauda demonstrando a satisfação do meu retorno, seu pai adotivo. Quando, de frente à TV, eu assistia a algum filme, algum futebol ou noticiário, ele, de sua caminha, levantava sua cabecinha verificando se eu havia saído do local.

Os meus banhos têm sido dolorosos. Enquanto me banho, lembro-me, com um sufocamento na alma, que o meu serzinho não estará mais à porta me esperando, como era hábito.

O vazio dentro da nossa casa é muito grande. Todos, indistintamente, choramos o passamento do Bob. Para todos os cantos onde olhamos, lá está a imagem dele, graciosa, receptivo a um agrado, a palavras de carinho, onde a cauda e o menear de cabeça indicavam tê-lo agradado.

As voltas no quarteirão, todo final de tarde, de segunda a sexta, eram já tradicionais. Bastava eu me vestir de uma bermuda ou camiseta e ele sabia que a rotina seria cumprida.

Aos sábados e domingos, as saídas ocorriam pela manhã, bem cedo, antes que o sol ficasse inclemente e pudesse aquecer o asfalto e queimar suas patinhas. Sua felicidade sempre me emocionava. Vez por outra o sentia cansado (a idade já pesando) e o carregava até a nossa casa. Trazia o no colo com palavras de carinho e afagos de intenso amor por essa criaturinha que me fez feliz por quase década e meia.

Na última quinta-feira, o meu menino estava, aparentemente bem, dei-lhe a ração de sempre, e ele rolou em sua cama de satisfação, saciada a fome. Na saída rotineira ao fim de tarde, como sempre fazíamos, a meio caminho no retorno para casa, ele, definitivamente desabou em dor, rolando e ganindo desesperadamente no asfalto. O levei em meus braços até o nosso lar.

Algum tempo depois, a triste cena se repetiu em um dos cômodos de casa. Sua respiração ficou ofegante, seu corpo tremia de dor. Depois de certo tempo o levamos a um veterinário e, por volta de 0h30 da madrugada, o meu menino sofreu três paradas respiratórias, não resistindo à última.

Hoje ele está de volta à sua casa, onde o sepultei para o seu eterno sono e morada. Ao Bob, toda a minha gratidão e da minha família pelos quase 13 anos em que ele nos proporcionou alegria. Ele jamais deixará de ser lembrado com carinho e extrema saudade. Perdi o mais puro e fiel amigo da minha vida. Nas minhas retinas, suas andanças pelo quintal e dentro de casa, nos preenchendo com o seu jeito moleque de ser.

Quando se é muito feliz, o tempo parece conspirar e encurtar, ao contrário do sofrimento; este sim, duradouro!

Alírio de Oliveira é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.

** O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

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