Tudo é uma questão de ponto de vista

Talvez nenhum outro nome tenha gerado tanto barulho no universo do futebol brasileiro nesta quarta-feira (1º) quanto Arturo Vidal. O chileno conseguiu um protagonismo negativo durante a burocrática vitória flamenguista contra o Boavista, último compromisso antes do Mundial de Clubes.

Insatisfeito por não entrar em campo, Vidal reagiu de maneira furiosa, jogando as chuteiras no banco de reservas. Mas é possível que outro fato tenha deixado o torcedor do Flamengo ainda mais indignado com o experiente e vencedor volante.

Mais cedo, durante uma live nas suas redes sociais, o jogador disse a um torcedor do Colo-Colo que, caso o clube chileno queira disputar a Libertadores, deveria buscá-lo no Rio de Janeiro. A declaração, feita ou não em tom de brincadeira, pegou muito mal entre os rubro-negros.

Mas não deveria surpreender. Basta relembrar como foi a própria vinda de Vidal do futebol europeu para o Flamengo. Não faltaram “cavadas” do experiente jogador para atuar no clube carioca.

Porém, tudo é uma questão de ponto de vista. À época, flamenguistas e torcedores de outros times vislumbravam a chance de ver um astro do futebol internacional jogando em território brasileiro. Por isso, quase ninguém se incomodava com a postura pouco profissional do, até então, atleta da Inter de Milão.

Porque o futebol é um mundo à parte. E, ao contrário de outros ambientes profissionais, o comportamento dos envolvidos é pouco levado em conta. Por isso, alguns se surpreendem quando, por exemplo, surge a notícia de que a CBF descarta Abel Ferreira como substituto de Tite devido ao seu mau comportamento à beira do campo. Todos têm o direito de acreditar ou não nisso, mas o argumento é justo.

Se Vidal foi capaz de sacanear seu antigo clube, por que deveríamos esperar um posicionamento diferente dele no Flamengo? Talvez pelo fato de estarmos inseridos de forma diferente neste contexto. Afinal, tudo é uma questão de ponto de vista.

Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.

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