Um descontrolado Palmeiras, comandado por um descontrolado treinador, perde uma descontrolada decisão

Desde o primeiro minuto, o Palmeiras se mostrou um time nervoso, mentalmente frágil, sendo presa fácil para a catimba rival. Um retrato do seu próprio técnico

Um descontrolado Palmeiras, comandado por um descontrolado treinador, perde uma descontrolada decisão
Foto: Marcos Ribolli

Dezesseis dias após a vexatória eliminação da Libertadores, o Corinthians deu um alento ao seu torcedor. Nesta quinta-feira (27), na Neo Química Arena, o Timão conquistou o seu 31º título paulista em cima do maior rival, o Palmeiras. A taça veio após uma vitória pelo placar mínimo no primeiro jogo, fora de casa, e um empate por 0 a 0 na noite de ontem.

Mesmo sem ser brilhante, os donos da casa anularam o adversário durante todo o jogo e criaram as melhores chances. Já o Palmeiras viu sua única oportunidade de vitória surgir após erro estúpido de Félix Torres, que culminou em um pênalti. Raphael Veiga cobrou mal e Hugo Souza, novamente, salvou o clube do Parque São Jorge.

O lance, aliás, gerou um vexame de Abel Ferreira e sua comissão técnica. A reação extremamente desproporcional e descontrolada do treinador palmeirense devido à não expulsão de Félix Torres – que ocorreria alguns minutos depois – passou a impressão de que o pênalti era na cal contrária.

Ok, é justo pedir o segundo cartão amarelo em um lance discutível. Mas o técnico português age como uma criança mimada, cujas vontades devem ser seguidas integralmente, sem tirar nem pôr. Para além do show grotesco protagonizado à beira do campo, Abel ainda desperdiçou minutos valiosos enquanto colocava o dedo na cara de tudo e de todos.

Chegou a ser constrangedor ver Raphael Veiga quase implorando para o próprio comandante, expulso pela arbitragem, deixar o campo para que o pênalti fosse cobrado. A sequência dos fatos ainda nos deixa uma pergunta. Teria Abel Ferreira desconcentrado seu jogador? É uma possibilidade real.

Algo que não deixa dúvidas é o impacto deste comportamento nos atletas alviverdes. Desde o primeiro minuto, o Palmeiras se mostrou um time nervoso, mentalmente frágil, sendo presa fácil para a catimba rival. Um retrato do seu próprio técnico. Soma-se a isso o ambiente criado pela torcida corinthiana, com direito a uso de sinalizadores e rojões, o resultado foi um encontro brigado, truncado e pouco jogado.

Mas focar apenas no comportamento de Abel Ferreira é tapar o sol com a peneira. Há uma clara queda de desempenho coletivo, e não estamos falando de dias, semanas ou meses. Há pelo menos dois anos, o time alviverde depende demais das individualidades, apresentando um futebol pobre diante, principalmente, de adversários mais fechados.

Como foi nesta quinta. Precisando propor o jogo encontrar espaços, o Palmeiras nada fez. Nem as já previsíveis jogadas individuais do talentoso Estevão funcionaram. Em um momento de forte investimento no setor ofensivo, esse se desenha como um cenário preocupante.

Para o Brasileirão, a evolução deve ser imediata. Embora dispute o estadual mais difícil do país, o nível da Série A é outro. Mais do que gritos e escândalos, Abel Ferreira precisa dar respostas.

Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.

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