Uma magia bancária: Bradesco devolve cerca de meio milhão a casal de idosos que teve a sua poupança roubada da agência
A devolução do valor aconteceu com a devida correção dos juros
Preferindo não se identificar, a engenheira civil de 51 anos informou à reportagem do O Tempo que os pais, de 77 e 76 anos, que tiveram sua conta poupança roubada da agência Bradesco da avenida Antônio Carlos, na capital mineira, tiveram os valores devolvidos (cerca de 500 mil reais) pela instituição bancária.
A devolução ocorreu com os devidos juros corrigidos. A engenheira disse: “Fui lá e conferi, estava tudo certinho. Não podiam falar muita coisa, pois ainda está acontecendo a investigação. Mas, pelo que entendi, a nossa denúncia na agência fez eles descobrirem crimes também em outras agências”.
Procurada pela reportagem na terça-feira, a agência Bradesco ainda não tinha se manifestado até a publicação. Questionada por ocasião do acontecimento, a assessoria de imprensa do Bradesco apenas informou que estava analisando o caso e que, por questões de sigilo bancário, “o assunto seria tratado diretamente com o cliente”.
O roubo à poupança do casal ganhou repercussão nacional e gerou revolta nas pessoas sensibilizadas com o fato, que viram as economias de uma vida de trabalho desaparecerem e que, após dois meses, ainda não tinham um posicionamento da instituição.
A poupança dos idosos tinha já 30 anos e era usada como reserva de emergência, com o mínimo de movimentação.
“Meu pai trabalhou muito, não viajava, não tirava férias, sempre pensando no futuro dele. Sempre que ele precisava movimentar alguma quantia, ele ia presencialmente á agência, ligava com 24h de antecedência, tinha que avisar o que faria com o dinheiro. Ele não tinha cartão, nunca usou cartão dessa conta. Meus pais não tinham aplicativo, são idosos de quase 80 anos”.
O extrato bancário chegava à residência do casal a cada dois meses e era a única forma de controle da conta. No dia 31 de julho, quando os idosos receberam o extrato foi que puderam perceber a desagradável surpresa.
A filha conta que “somente em um dia foram realizados nove saques de R$ 2.500, uma compra de R$ 12 mil, outra de R$ 9 mil. No dia seguinte meus pais foram até a agência e descobriram que a conta estava zerada”.
Para a filha, houve negligência do banco quanto à segurança, já que “o Bradesco sempre divulga que, se houver uma movimentação suspeita, a Bia, inteligência artificial do banco, te liga avisando. Mas, no caso dos meus pais, as movimentações foram de maio até junho e só descobrimos quando chegou o extrato. O banco não suspeitou de nenhuma das movimentações, não ligou para perguntar se era a gente que estava fazendo. A segurança do banco falhou. O dinheiro foi furtado dentro da agência, no lugar que a gente achava que o dinheiro estaria mais seguro”.
A Polícia Civil informou, por meio de nota, que um inquérito foi instaurado do dia primeiro de agosto para apuração dos fatos. “Diligenciais investigativas seguem em andamento a cargo da Terceira Delegacia de Polícia Civil de Venda Nova e a Polícia Civil empreende todos os esforços para apuração dos fatos e circunstâncias, bem como a identificação dos suspeitos”.