Vale, a responsabilidade também é sua!
Cadê o projeto de diversificação? Itabira também será descartada?
A Vale anunciou uma sobrevida na exploração do minério de ferro em Itabira. O extrativismo continuará até 2041. Impulsionado pelos investimentos em tecnologias de beneficiamento do minério, o folego que a mineradora garantiu aos itabiranos não surpreende, apesar de me deixar ainda mais pensativo. Desde que me entendo por gente ouço o aviso de que a Vale deixará a cidade e nos abandonará de vez e, não aos poucos, como ela tem feito ao longo dos últimos anos.
Junto com essas ameaças, que vez ou outra ganham mais força, eu escuto também que “precisamos criar um projeto para tornar Itabira cada vez mais independente da exploração mineral”.
Chega a ser impressionante o quanto o discurso tem sido utilizado no município nos últimos anos, seja por políticos ou por representantes de instituições econômicas, sociais, sindicais…
Há pouquíssimo tempo, ouvíamos que a Vale só ficaria mais dez anos em Itabira! Meu Deus, e agora, o que iremos fazer? Reuniões, encontros, debates, projetos, reuniões, encontros, debates, projetos, reuniões, encontros, debates…. e cadê o projeto? Acredito, realmente, que temos bons projetos para se desenvolver em Itabira a tão sonhada, falada e, pouco almejada, “diversificação econômica”.
E, já que temos quase duas décadas pela frente, o que será feito para que deixemos de ser uma cidade tão dependente da mineração? Será que aproveitaremos essa sobrevida na exploração do minério, que é tão importante para a economia atual do município e, de uma vez por todas, traçaremos uma rota de fuga?
É inegável que Itabira ainda é uma pedra preciosa em meio a tantas outras minas espalhadas pelo Brasil.
Para termos uma ideia, somente as minas itabiranas renderam à Vale uma produção de 28.696 milhões de toneladas de minério em 2021, 20% a mais que em 2020. Mas, como bem sabemos, uma hora o minério acaba.
Tenho mais uma boa lembrança. A Vale fechou o ano de 2021 com um lucro recorde. Foram R$ 121,2 bilhões, quatro vezes mais que o registrado no ano anterior. Este lucro foi o maior obtido por uma empresa no país e chegou a ultrapassar a Petrobrás, que tinha alcançado R$ 106,6 bilhões. Estes dados nos mostram o quanto é importante a atividade econômica, não só para nossa cidade, mas também para o país. Porém, não podemos ser pegos de surpresa. E, se por acaso, tivéssemos somente mais cinco anos de Vale em Itabira? O que faríamos?
Não quero questionar quais seriam essas alternativas econômicas, porque boas ideias eu sei que existem. A começar pela principal delas, que é investir cada vez mais no campus da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) e transformar a cidade definitivamente em um polo tecnológico e universitário. Opa! Unifei?
Aqui faço até uma pausa. Será que as obras dos novos prédios serão concluídas em breve? Pois, de nada adianta conseguir recurso e não ter a capacidade para executar os projetos.
Temos boas alternativas, mas o que resta agora é vontade política, ou melhor, capacidade política e administrativa par dar mais alguns bons passos. Só boa vontade não basta!
Agora, um recado direto: Vale, a responsabilidade também é sua! Chega de presentinhos! Daqui a alguns meses, a mineradora completará 80 anos. A empresa nasceu aqui em Itabira. As “nossas” minas foram as primeiras a serem exploradas e, certamente, serão as primeiras a se exaurirem.
Será que essa multinacional fará com a nossa cidade o que faz com muitos dos seus colaboradores?
Eles se entregam, dedicam-se e se matam, mas são pressionados, se angustiam e se deprimem em uma incansável luta pelos interesses da mineradora. E, quando se exaurem, são descartados!