Vale do Jequitinhonha recebe investimentos de R$ 750 milhões
O Vale do Lítio promete ser a redenção de uma das regiões mais pobres de Minas Gerais
A mineradora canadense Lithium Ionic vai investir R$ 750 milhões para operar uma planta de extração mineral no Vale do Lítio, no Jequitinhonha. As reservas estão localizadas nas cidades de Araçuaí, Itinga e Salinas. O acordo foi assinado na semana passada entre o governo mineiro e a Lithium Ionic, por meio da MG Lit, um dos braços da mineradora. A expectativa é de que cerca de mil empregos diretos sejam gerados.
O governador Romeu Zema (Novo) explicou que já havia tratativas anteriores à assinatura do acordo, quando a empresa canadense investiu mais de R$ 100 milhões somente em prospecção de uma planta piloto, confirmando a viabilidade do projeto. Só na implantação dessa usina piloto, mais de 80 empregos foram gerados.
Segundo o Palácio Tiradentes, a MG Lit deve começar a operar a partir de 2025. Quatro projetos desse tipo já foram captados e, pelos cálculos do poder público, a exploração do lítio vai gerar cerca de R$ 30 bilhões aos cofres do estado até 2030.
O presidente da MG Lit, Hélio Diniz, ressalta: “Acreditamos muito no potencial da região, que é enorme. Estamos bastante animados e queremos trabalhar o mais rápido possível”.
A área que norteia o protocolo assinado entre o governo mineiro e a empresa canadense compõe o chamado “Vale do Lítio”. Em seu giro pelos Estados Unidos, em maio, o governador Romeu Zema lançou um projeto para atrair investimentos na exploração do lítio no Vale do Jequitinhonha, apresentando o projeto oficialmente na Bolsa Nasdaq, em Nova York.
De acordo com Zema, o estado dará todo apoio às empresas que quiserem investir na região, seja no desembaraço junto à Secretaria de Estado da Fazenda ou no licenciamento ambiental.
Para Zema, o objetivo não é apoiar uma atividade extrativista, mas de beneficiamento do mineral para agregar valor ao produto e gerar desenvolvimento na região.
“Estamos indo por etapas, começando pela extração do minério, beneficiamento, agregar valor, purificar o minério. Já iniciamos contatos preliminares com as empresas de forma que possam fabricar baterias. Um atrativo vai chamando o outro. Quando você sobe um degrau, você tem uma visão maior. Chegando na bateria, o passo seguinte seria a fabricação de carros elétricos”, afirmou Zema.
Flavio Roscoe, presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), disse: “O lançamento do Vale do Lítio foi um gol de placa do Governo do Estado, em Nova York. Minas Gerais se insere no contexto global de atração de investimentos e com a melhor temática possível, a da transição energética. Caso consigamos atrair investimentos, vamos mudar a realidade da região mais pobre. O potencial do Vale do Jequitinhonha é astronômico”.
O lítio é tido como um metal importante para a transição energética. O material extraído é utilizado na fabricação de baterias para carros elétricos e produtos eletrônicos.
O governo ainda conversa com investidores internacionais sobre a possibilidade de oferecer contrapartidas ao Vale do Lítio, como revitalização do Aeroporto de Araçuaí e a recuperação de pontes e rodovias. “Algumas empresas já têm apoiado as mulheres empreendedoras, que vão precisar, no futuro, comprar refeições e ter uma série de produtos como uniformes. Queremos que isso seja feito regionalmente”, disse Zema.