Vale obtém licença para operar dique que permitirá aumento de produção em Brucutu
Empresa, no entanto, que ainda não há previsão, “para este momento”, para concluir a elevação de capacidade de sua maior mina no estado de Minas Gerais
A Vale obteve, no último dia 30 de agosto, a licença para operar (LO) um dique de contenção que integra o Complexo de Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo. A estrutura teve sua área de inundação expandida nos últimos anos e restava à empresa conseguir a autorização para utilizá-lo com a nova capacidade. Com esse passo dado, a mineradora passa a ter mais condições de aumentar a produção de sua maior mina no estado de Minas Gerais.
A LO foi concedida pela Câmara de Atividades Minerárias (CMI), órgão vinculado ao Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) e que trata exclusivamente de licenciamentos ligados à mineração. De acordo com o processo tramitado, o Dique de Contenção de Sedimentos (DCS) é “um equipamento de controle ambiental”, cuja finalidade é reter as partículas sólidas da terceira Pilha de Disposição de Estéril (PDE-03) da mina de Brucutu.
A Vale trabalha no aumento da capacidade de alagamento do DCS desde 2010, quando obteve as licenças prévia (LP) e de instalação (LI). O procedimento não fez modificações no maciço do dique, mas ampliou a área de inundação em quatro vezes. Já o volume de acumulação do reservatório passou dos iniciais 36,7 mil m³ para 42,5 mil m³.
A ampliação do dique é uma das etapas do processo de aumento da capacidade de produção de Brucutu. A estrutura de contenção está diretamente ligada ao novo circuito de moagem da mina, pensada para processar e converter novamente em produto aproveitável parte dos rejeitos gerados na mina, que até então são destinados às barragens. Essas novas instalações incluem segundas linhas de britagem e peneiramento secundário, correias transportadoras, alimentadores, silos de regularização, peneiras vibratórias e outros equipamentos.
Todas essas melhorias tiveram licenciamento prévio e de instalação concedidos em 2012 pelo Copam. Desde 2014, a Vale aguarda a liberação da licença de operação. O processo, segundo a CMI, está em fase final de análises. Caso tudo ocorra dentro do previsto, ao final de todos esses procedimentos, a mina de Brucutu teria capacidade instalada para ampliar a produção dos atuais 33 milhões de toneladas de minério de ferro por ano para 57 milhões de toneladas ao ano.
Em contato com a reportagem de DeFato Online, a Vale, por meio de sua Assessoria de Comunicação, afirmou, no entanto, que não há previsão, “para este momento”, de aumento da capacidade de produção da mina de Brucutu.
Como funciona?
O Dique de Contenção de Sedimentos (DCS) é uma estrutura em enrocamento (formado por pequenos blocos de rocha sã) que impede que as partículas sólidas arrastadas pelas chuvas causem assoreamento ou provoquem turbidez dos cursos d’água situados à jusante da estrutura.
Pelo seu funcionamento, as águas pluviais atravessam o maciço e há a retenção das partículas sólidas, semelhante a um filtrante. Ao longo do tempo, o material depositado na bacia de acumulação tem de ser retirado, tarefa realizada com o uso de escavadeiras e caminhões.
Segundo o processo que tramitou na CMI, a limpeza do dique acontece duas vezes a cada ano.
Expansão
O processo de aumento de capacidade de Brucutu é independente do licenciamento de expansão obtido pela Vale em novembro do ano passado. Esse segundo procedimento, chamado de Cava da Divisa, ampliará a área da mina, ultrapassando a fronteira entre São Gonçalo do Rio Abaixo e Barão de Cocais. Com a expansão, cuja as obras já estão em andamento, a mineradora pretende elevar a capacidade de produção de Brucutu para 72 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano.