Vale terá mais da metade da água captada no rio Tanque; obras poderão começar em julho

Após a conclusão da ETA Campestre, a mineradora deixará de repassar os 160 litros de água por segundo que é obrigada a encaminhar diariamente ao município

Vale terá mais da metade da água captada no rio Tanque; obras poderão começar em julho
Foto: Guilherme Guerra/DeFato
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250 para Itabira e 350 para a Vale: assim funcionará a divisão dos 600 litros de água por segundo que serão captados no rio Tanque através da futura Estação de Tratamento de Água (ETA) Campestre. A partilha representa 58% da água para a mineradora e apenas 42% para o município – que atualmente consome 400/450 litros de água por segundo. 

A informação foi dada pelo diretor-presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), Carlos Carmelo Torres Moreira, o “Cac”, após prestação de contas da autarquia na Câmara Municipal de Itabira, na tarde de ontem (22). O diretor-presidente também informou que, a partir do momento em que o Saae começar a receber os 250 litros de água por segundo, a mineradora deixará de repassar os 160 l/s que é obrigada a encaminhar diariamente ao município. 

O projeto de captação de água do rio Tanque é visto como uma solução definitiva para atender às necessidades de consumo da população – quanto para a atração de novos investimentos e negócios em Itabira. No entendimento do diretor-presidente, a partilha 250/350 não trará problemas ao município. “Na verdade, vai ser suficiente pelo seguinte: os 350 litros que ficam pra Vale, ela não vai gastar [totalmente], porque ela tem produção de água própria. Na medida que for necessário para o município, ela vai acabar cedendo”, disse Cac, afirmando também que “tudo é negociado”. 

“Um pouco menos da metade pro município e um pouco mais para a Vale”, disse Carlos Carmelo, diretor-presidente do Saae. Foto: Guilherme Guerra/DeFato

Obras podem começar em julho

Com previsão de início da construção em cerca de três meses – julho de 2024 – e conclusão prevista para o fim de 2026, a nova ETA representará 30% a mais de captação de água, do que todas as outras unidades juntas. Toda a água captada pela unidade será depositada no anel hidráulico do município. 

De acordo com um levantamento do Saae, a obra poderá envolver até 700 trabalhadores durante o “pico” da construção, nas fases de tubulação e montagem das estações de elevação de água. Ainda de acordo com Carlos Carmelo, todas as obras de tubulação e construção civil, já foram contratadas pela Vale – restando o licenciamento da Unidade Regional de Gestão das Águas (URGA) Sul de Minas. 

Relembre

A captação de água no rio Tanque foi proposta pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado em agosto de 2020 pela Prefeitura Municipal de Itabira, Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) e a mineradora Vale — responsável por custear e executar todo o projeto, que à época, tinha valor estimado de US$ 30 milhões de dólares (equivalente a R$ 165,8 milhões). 

 

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