Você sabe o que é lipedema? Conheça os sinais da doença que está presente em 10% das mulheres
A DeFato conversou com a fisioterapeuta Juliana Braga e a paciente Isa Lopes, para explicar às mulheres sobre como é feito o diagnóstico e tratamento da doença. Confira.

Você já ouviu falar sobre lipedema? Sabia que cerca de 10% das mulheres sofrem dessa doença? Recorrentemente confundido com obesidade, o lipedema é uma doença inflamatória crônica, que tem como principal característica o acúmulo desproporcional de gordura nos braços, coxas e pernas. A doença – que atinge majoritariamente mulheres – pode ser desenvolvida por hereditariedade ou desequilíbrio hormonal, e tem como alguns dos seus sinais (além do acúmulo de gordura), pequenos ‘roxinhos’ nas áreas afetadas, dor ao toque, fadiga, sensação de peso e cansaço. A DeFato conversou com a fisioterapeuta Juliana Braga e a paciente Isa Lopes, para explicar às mulheres sobre como é feito o diagnóstico e tratamento da doença. Confira.
O lipedema é uma doença sem cura, que afeta uma a cada dez mulheres e frequentemente é confundida com sobrepeso ou obesidade padrão. Tais doenças podem ocorrer de forma simultânea, agravando o quadro de saúde. A diferença entre lipedema e obesidade é que no segundo caso, a gordura não é dolorosa e através de emagrecimento, pode desaparecer. No lipedema, mesmo com dieta e exercícios físicos – que são auxiliares muito importantes para melhoria física e perda de peso -, o problema persiste.
Além do físico, o lipedema pode afetar a saúde mental das pacientes, que sentem insegurança com o próprio corpo e convivem com olhares de reprovação e comentários gordofóbicos alheios.
O cuidado com o lipedema é totalmente possível e auxilia diretamente na melhora da qualidade de vida, como explica a fisioterapeuta Juliana Braga. De acordo com a profissional, o diagnóstico é feito clinicamente, com apoio aos relatos e queixas do paciente, além de exames físicos e complementares. O tratamento ao lipedema também envolve um acompanhamento endocrinológico, com exames hormonais, mudanças nos hábitos e adequações ao estilo de vida, à alimentação e à atividade física.
Tipos de lipedema, seus estágios e diferenças para Linfedema
O lipedema pode ser dividido cinco diferentes tipos, com quatro estágios, sendo:
- Tipo 1: Acúmulo desproporcional e gordura nas nádegas
- Ttipo 2: Acúmulo desproporcional e gordura nas nádegas, quadril e coxas
- Tipo 3: Acúmulo desproporcional e gordura nas nádega, quadril, coxas e panturrilhas
- Tipo 4: Acúmulo desproporcional e gordura nos braços
- Tipo 5: Acúmulo desproporcional e gordura nas panturrilhas
Estágio 1: Pele normal com nódulos de gordura sob a pele
Estágio 2: Pele irregular e mais flácida, com aspecto de celulite e nódulos maiores
Estágio 3: Pele ainda mais flácida, com a presença de dobras, nódulos e fibrose (espécie de cicatriz provocada por inflamação), especialmente nos joelhos e coxas
Estágio 4: Todos os aspectos acima e comprometimento do sistema linfático. Lipedema com linfedema (lipolinfedema).
Ao explicar as diferenças entre lipedema e linfedema, Juliana explica que o lipedema é uma doença que causa – após inflamação da gordura – uma fibrose (gordura endurecida). O aspecto da doença é de membros grossos desproporcionais, geralmente ocorrendo nos dois lados do corpo.
‘‘No linfedema o que ocorre é uma deficiência nos vasos linfáticos. O edema é líquido, não é gordura, e pode ser causado por cirurgias ou tratamentos que lesam os capilares linfáticos e linfonodos. Ele também pode ser hereditário. Outra diferença é a assimetria, sempre um membro é bem diferente do outro, ou ocorre somente em um membro‘‘, explica.
‘‘Descobrir o lipedema foi libertador’’
Já são quase 40 anos que Isa Lopes, professora de estética, vem convivendo com o lipedema. No entanto, somente há pouco tempo atrás ela enfim teve o diagnóstico real. Isa gastou muito tempo e dinheiro com procedimentos estéticos, achando que o acúmulo em seus joelhos era apenas gordura localizada: ‘’Eu ficava pensando que tudo estava estranho, mas hoje sei que é uma doença que tenho que conviver com ela’’, disse Isa, que teve seu recente diagnóstico com a fisioterapeuta Juliana Braga.
Segundo Isa, o diagnóstico foi ‘libertador’, pois mesmo ainda convivendo com olhares e pré-julgamentos, agora ela sabe que possui uma doença e como deve cuidar.
‘‘Você começa a se esconder, não usar shorts, usar uma roupa que tampe. Além das dores físicas, é uma doença que incomoda e é pouco conhecida. Existe muita gente sofrendo com ela, fazendo outros tratamentos sem saber do real problema’’.
Desde então, Isa vem fazendo um tratamento conservador, composto de enfaixamento local com material específico, uso de bota pneumática, LED, laser, plataforma vibratória e drenagem linfática. Como é esteticista de formação, ela também comprou os próprios equipamentos e ampliou o seu tratamento para a sua casa. “Agora tudo ficou melhor. O peso e inchaço diminuíram, a perna está mais leve, consigo me movimentar mais’’, finaliza.
Exercícios podem ajudar
Pacientes com lipedema tem muita dor, então não são recomendados esportes de alto impacto, mas atividades como: exercícios aquáticos, yoga linfático, pilates e caminhada. Também são recomendadas a drenagem linfática, uso de meias de compressão, e acompanhamento com nutricionista e fisioterapeuta. Juliana frisa que a cirurgia de lipoaspiração específica para lipedema é uma possibilidade de último caso, ‘quando a gordura fica endurecida, com um tecido fibroso’.