Vereadora de BH e líder nacional do MTST manifestam apoio aos protestos na Unifei Itabira
Guilherme Boulos e Áurea Carolina, do PSOL, gravaram vídeos motivando estudantes a resistirem à decisão da reitoria
As manifestações de estudantes da Unifei Itabira, após a reitoria da universidade desconsiderar uma consulta pública e nomear o segundo colocado na pesquisa, ganhou apoio de políticos como o pré-candidato à presidência da República e líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, e da vereadora belo-horizontina, militante e cientista social, Áurea Carolina. Os dois são membros do PSOL.
Em vídeo enviado à frente estudantil, Boulos defende “o respeito à democracia na Unifei Itabira”. “A voz da comunidade universitária tem que ser respeitada. Não pode ser passada por cima por casuísmos políticos de quem tá no comando da reitoria”, disse. O vídeo é compartilhado nas redes sociais por alunos da instituição.
Áurea Carolina, também em vídeo, desejou força à “resistência” de estudantes “por uma universidade democrática”. “São tempos difíceis. A educação pública de qualidade está sendo atacada sistematicamente e a participação democrática é a única maneira de fazer frente a tudo isso”, motivou. Com mais de 17 mil votos, Áurea foi a candidata mais votada nas eleições para a Câmara da capital mineira em 2016.
A insatisfação de universitários da Unifei foi gerada após um decreto publicado na quarta-feira, 18 de abril, pelo reitor da instituição, Dagoberto Alves de Almeida. Em março, foi realizada uma consulta pública para indicar o novo diretor-geral do campus. O favorito entre alunos, professores e técnicos foi o doutor em Matemática Gilberto Cuzzuol. No entanto, Dagoberto nomeou ao cargo o segundo na lista tríplice, o doutor em Engenharia Elétrica José Eugênio Lopes.
José Eugênio, inclusive, já ocupa o cargo desde a renúncia do último diretor, Dair de Oliveira, em dezembro do ano passado. Dair renunciou por divergências com a reitoria.
Manifestações
Nessa quinta-feira (19), o campus teve manifestações ao longo de todo o dia. Porém, os atos dos alunos foram limitados por uma portaria baixada na faculdade.
O documento aprovado em Conselho pouco antes da nomeação do diretor, determinou a proibição de manifestações dentro do campus. Foi aprovado que a ocupação da Unifei Itabira pelos alunos é proibida, e quem a fizer poderá sofrer processos acadêmicos. Dessa forma, um aluno que descumprir as regras pode ser expulso da instituição.
Procurada pela reportagem, a Unifei disse em nota que seus gestores não irão comentar o caso. Na semana que vem, haverá uma reunião do Conselho Universitário (Consuni), quando é esperado que Dagoberto Almeida justifique sua decisão.
Desabafo
Um aluno da instituição que participa dos protestos enviou um desabafo à reportagem. Ele afirma que a reitoria da Unifei tem transferido conquistas do campus itabirano à unidade-sede, em Itajubá, no sul de Minas.
“Um dos motivos da indignação à nomeação da nova diretoria gira em torno do patrimônio da Unifei Itabira e sua parceria com a Vale”, ressalta o universitário. Ele lembra que o campus local conquistou maquinário, equipamentos e infraestrutura graças a uma parceria com poder público e a mineradora Vale. No ano passado, porém, um dos veículos conquistados foi enviado a Itajubá.
Segundo o estudante, a instituição está em processo de doação de bens advindos da Vale à Unifei como um todo. “Isso não significa que os bens vão para Itajubá, mas significa que caso essa doação realmente ocorra, esses bens poderão ser doados para a sede, sem nenhuma restrição, e quando acharem necessário”, disse.
Procuradas pela reportagem, haja vista terem investido no campus, Prefeitura de Itabira e Vale não comentaram o impasse.