Acordo entre PT e PSB coloca candidatura de Lacerda em xeque e movimenta disputa em Minas Gerais

Pré-candidato disse que recebeu decisão do partido com “indignação, perplexidade, revolta e desprezo”

Acordo entre PT e PSB coloca candidatura de Lacerda em xeque e movimenta disputa em Minas Gerais
Márcio Lacerda afirma que não sairá da disputa pelo Governo de Minas – Foto: Divulgação

A candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, ao Governo de Minas Gerais, que se consolidava como terceira via na disputa de outubro, sofreu um duro baque nessa quarta-feira, 1º de agosto. O partido dele, PSB, fechou um acordo nacional com o PT de Fernando Pimentel e o avisou de que teria que sair do páreo para apoiar o atual governador. Lacerda reagiu com indignação e inicia movimento de resistência à decisão da sigla.

O acordo começou a ser costurado no início da semana, pelas executivas nacionais de PSB e PT. Como as duas medidas principais, ficou combinado que a vereadora Marília Arraes, do PT, retiraria sua candidatura ao governo de Pernambuco, onde o PSB se mantém no poder desde Eduardo Campos, e Lacerda sairia da disputa em Minas, para não atrapalhar Pimentel.

A costura, no entanto, encontra resistência nos dois lados. Tanto Marília Arraes quanto Márcio Lacerda afirmam que não desistirão de suas candidaturas. O pré-candidato ao Governo de Minas divulgou uma carta na noite dessa quarta-feira, onde afirma que recebeu o comunicado do partido com “indignação, perplexidade, revolta e desprezo”. Nesta quinta-feira, ele voltou a falar do tema e disse que “não apoia Pimentel em hipótese alguma” e não abre mão de concorrer a governador.

Lacerda figura em terceiro lugar nas pesquisas divulgadas até então para o Governo de Minas, atrás do senador Antônio Anastasia (PSDB) e de Pimentel. Sua pré-candidatura, que já tinha apoio garantido do PDT, ganhou fôlego nos últimos dias, com aproximações do MDB e PV. Por isso mesmo, o acordo costurado com o PT ganhou ares de surpresa.

A convenção estadual do PSB está marcada para o próximo sábado, 4 de agosto. Até lá, o pré-candidato tentará fortalecer seu movimento contra a decisão da direção nacional do partido. O encontro tem status de soberano. Caso a executiva estadual da legenda decida pela candidatura, não poderá ser anulada nem pela executiva nacional.

Críticas

Possíveis concorrentes de Lacerda ao Governo de Minas criticaram a costura entre PT e PSB. 

“Isso comprova mais uma vez que os partidos são balcões de negócio”, afirmou Romeu Zema, do partido Novo. 

“Quero expressar aqui minha solidariedade irrestrita ao amigo mineiro que eu respeito Marcio Lacerda. Há dois anos ele vem fazendo uma campanha respeitável e ontem foi golpeado por uma manobra sórdida envolvendo o PT e a cúpula oligárquica de seu partido. Praticamente o cassaram do direito de concorrer”, afirmou João Batista Mares Guia, candidato da Rede.

Já o senador Antônio Anastasia afirmou lamentar pela pessoa do Marcio Lacerda, a quem chamou de “amigo pessoal”. “Acho que, de fato, é um ato de violência inexplicável. Algo de se estranhar e contra a ordem natural das coisas”, disse o tucano.