Projeto prevê simetrização das mamas para pacientes com câncer no SUS
A Câmara dos Deputados aprovou o projeto que garante a cirurgia plástica reparadora de mama no Sistema Único de Saúde (SUS) e nos planos de saúde, para mulheres submetidas ao tratamento do câncer de mama. A medida pode assegurar o procedimento para tornar ambas as mamas simétricas, além da reconstrução das aréolas mamárias. O documento, […]
A Câmara dos Deputados aprovou o projeto que garante a cirurgia plástica reparadora de mama no Sistema Único de Saúde (SUS) e nos planos de saúde, para mulheres submetidas ao tratamento do câncer de mama. A medida pode assegurar o procedimento para tornar ambas as mamas simétricas, além da reconstrução das aréolas mamárias. O documento, que agora vai para sanção presidencial, reforça a realização da reconstrução mamária imediatamente após a mastectomia, desde que haja condições técnicas. Quando não for viável, a lei estabelece que a reconstrução seja agendada assim que a mulher atingir as condições clínicas necessárias.
Atualmente, as pacientes já podem fazer a reconstrução mamária na rede pública por direito, graças à Lei 12.802/13, contudo a norma não abrange ambas as mamas. A presidente da Associação de Mulheres Mastectomizadas de Brasília (Recomeçar), ONG associada à Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA), Joana Jeker afirma que a aprovação do projeto é um avanço no tratamento contra o câncer de mama disponível no SUS. “Há um vazio muito grande na oferta de reconstrução em todo Brasil. Essa lei será uma maneira de sensibilizar os gestores hospitalares a encararem esse assunto de acordo com sua relevância”, disse.
Em 2016, foram realizadas 10.442 mastectomias e apenas 1.396 reconstruções. A Sociedade Brasileira de Mastologia afirma que apenas 20% das 92,5 mil mulheres que fizeram a cirurgia de mastectomia para tratamento do câncer de mama entre os anos de 2008 e 2015 passaram pelo procedimento de reconstrução mamária. A instituição aponta que a reconstrução mamária imediata é viável em cerca de 90% dos casos.
Parte do tratamento
A ação é parte importante do tratamento, inclusive contribuindo para o bem-estar das mulheres que têm suas mamas retiradas no combate ao câncer de mama. Esse foi um dos achados da pesquisa realizada pela FEMAMA, em parceria com o Hospital Moinhos de Vento, a Johnson & Johnson Medical Devices e o instituto Ideafix, lançada este ano. Por exemplo, dentre os entrevistados, 44% identificam sentir-se feminina como principal benefício da cirurgia. Para 28%, a plástica reparadora diminui a sensação de mutilação.
Nesse sentido, Joana Jeker reitera a importância da garantia da simetria entre as mamas. “Após a retirada de uma mama, como aconteceu comigo, mesmo com a reparação, ela não fica do mesmo tamanho que o peito sadio; por isso, essa atualização do texto é fundamental para aumentar a satisfação da paciente”, reforçou.
A médica presidente da FEMAMA, Maira Caleffi, defende que reconstruir a mama deve ser uma escolha da mulher, que pode optar por realizar ou não a cirurgia desde que haja condições clínicas adequadas. “Deve constar em prontuário médico se for o caso da paciente negar a reconstrução, mas caso seja sua vontade realizá-la, este é um direito que precisa ser respeitado e faz parte do tratamento para a superação do câncer, já que impacta em sua imagem corporal e autoestima”, afirma. Segundo Maira, a simetrização das mamas é uma conquista importante para pacientes e o planejamento da cirurgia precisa ser definido caso a caso. “É importante garantir, além da reconstrução da mama operada para retirada do tumor, a intervenção na mama sadia para obter um resultado equilibrado. Para isso, o quadro de cada paciente deve ser analisado com cuidado, para determinar o melhor momento para a reconstrução, esta preferencialmente imediata, e a realização da cirurgia na mama sadia no mesmo ou em outro momento”, conclui.
Sobre a FEMAMA
A Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama é uma organização sem fins econômicos que trabalha para reduzir os índices de mortalidade por câncer de mama em todo o Brasil, influenciando políticas públicas para defender direitos de pacientes, ao lado de 74 ONGs de apoio a pacientes associadas em todo o país. A FEMAMA foi a primeira instituição a trazer o Outubro Rosa de forma organizada para o Brasil, em 2008, com ações em diversas cidades, em parceria com ONGs associadas.