“Envelope dado pela Vale para guardar documentos importantes é desrespeito”, criticam advogados de Barão

Em tons laranja e roxo, medindo 21 cm x 29 cm, o envelope de plástico intitulado pela Vale e Defesa Civil como “Pasta de Documentos” traz impresso algumas dicas que dizem: “Guarde aqui seus documentos mais importantes, pessoais, certidões, registro de imóveis etc. Mantenha a pasta sempre por perto e em local de fácil acesso; […]

“Envelope dado pela Vale para guardar documentos importantes é desrespeito”, criticam advogados de Barão
|A pasta entregue à população tem o tamanho de uma folha A4 – Foto: Anna Gonçalves / DeFato|Arquivos abrigam centenas de documentos e processos – Foto: Anna Gonçalves / DeFato|Arquivos abrigam centenas de documentos e processos – Foto: Anna Gonçalves / DeFato|Dois dos sócios do escritório

Em tons laranja e roxo, medindo 21 cm x 29 cm, o envelope de plástico intitulado pela Vale e Defesa Civil como “Pasta de Documentos” traz impresso algumas dicas que dizem: “Guarde aqui seus documentos mais importantes, pessoais, certidões, registro de imóveis etc. Mantenha a pasta sempre por perto e em local de fácil acesso; Em caso de emergência, vá ao ponto de encontro mais próximo e leve esta pasta com você”.

A pasta entregue à população tem o tamanho de uma folha A4 – Foto: Anna Gonçalves / DeFato

Esse foi o material entregue aos moradores e comércios localizados em áreas secundárias de salvamento em Barão de Cocais. Em caso de rompimento da barragem Sul Superior da Mina de Gongo Soco, em alerta máximo desde o dia 22 de março, a população deverá sair de casa em posse da pasta e se dirigir ao ponto de encontro mais próximo seguindo a rota de fuga.

Localizado na rua Moura Monteiro, um escritório que abriga setores de advocacia e uma câmara de arbitragem possui mais de quatro estantes de arquivos e processos. O temor dos associados é que, além dos bens materiais, documentos importantes se percam em caso de inundação pelo colapso da estrutura de rejeitos.

Sócia do escritório, Denise Lima relata os transtornos vividos pelos profissionais desde o segundo toque de sirene na cidade. “No dia 22, quando a sirene tocou pela segunda vez, eu estava em Belo Horizonte com minha mãe hospitalizada. Liguei para os demais sócios que correram para retirar os documentos do escritório. Pilhas de pastas foram levadas e aí começaram os transtornos. Clientes chegavam e não conseguíamos localizar com quem estava a documentação”, disse.

 

Denise também conta que o fato de o escritório estar localizado em área de risco tem afastando um pouco a população que procura pelos serviços oferecidos. “Diversos clientes ligam e perguntam se podem vir [ao escritório] e se é realmente seguro. Alguns, que têm mais intimidade conosco, chegam a aconselhar sobre uma possível mudança de local. Planejamos toda a estrutura para esta casa. Não é justo que tenhamos que sair por conta de imprudência da Vale”.

A mineradora não tem planos de remoção das pessoas que moram em área secundária de risco. Somente idosos e acamados que concordaram com a remoção foram retirados das casas e levados para hotéis. Bens materiais não foram retirados pela empresa.