Obras em Itabiruçu podem retornar apenas no ano que vem

Empresa responsável pelo alteamento de estrutura da Vale já teria dispensado cerca de 300 funcionários

Obras em Itabiruçu podem retornar apenas no ano que vem
Alteamento da barragem de Itabiruçu está suspenso desde o fim de julho – Foto: Rodrigo Andrade/DeFato
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Suspensas desde o fim de julho, as obras de alteamento da barragem do Itabiruçu, da Vale, em Itabira, podem voltar apenas em abril do ano que vem, segundo apurado por DeFato Online. A empresa Empa Engenharia, responsável pelas obras, inclusive já teria dispensado cerca de 300 funcionários contratados especificamente para a empreitada.

O alteamento foi suspenso depois que técnicos da Vale constataram “alterações decorrentes de assentamentos diferenciais no terreno”. Procurada pela reportagem, a mineradora respondeu que a paralisação mais longa não está relacionada às decorrências estruturais, mas às chuvas comuns no período entre o fim de um ano e o início do seguinte.

“A redução do fluxo de obras, e consequente desmobilização de empregados, é prevista no início do período chuvoso”, respondeu a Vale, que não confirmou a previsão de retorno apurada por DeFato Online.

Trincas apareceram nas obras de reforço da barragem de Itabiruçu – Foto: Rodrigo Andrade/DeFato

Alteamento 

A Vale realiza obras em Itabiruçu desde meados do ano passado. A crista da barragem está sendo elevada de 836 para 850 metros acima do nível do mar. A estrutura tem capacidade para aglomerar até 222,8 milhões de m³ de rejeito de minério de ferro.

O procedimento foi suspenso em 27 de julho, após surgimento de trincas nas obras de reforço da barragem. A interrupção do alteamento foi uma recomendação de técnicos da Aecom, empresa de consultoria independente contratada após acordo com o Ministério Público de Itabira. Desde então, foram mantidas apenas as obras de manutenção e reforço das estruturas.

“O que aconteceu é que apareceram trincas na área nova, onde está sendo feita a obra de alteamento. Então, teve a recomendação de paralisar para a gente entender o porquê dessas trincas”, explicou a promotora de Justiça Giuliana Talamoni Fonoff, em visita à Câmara de Vereadores no mês passado.

De acordo com a Vale, Itabiruçu segue em atividade, recebendo descarga de rejeitos da mina de Conceição. A empresa ressaltou que “a barragem é construída pelo método a jusante, considerado o mais seguro” e que “realiza o monitoramento integral da estrutura, que teve sua Declaração de Condição de Estabilidade (DCE) renovada em 30 de março deste ano”.