Alteamento de Itabiruçu permanece suspenso, diz MP

Promotora Giuliana Fonoff diz que mineradora está fazendo apenas manutenção no local desde o surgimento de trincas

Alteamento de Itabiruçu permanece suspenso, diz MP
Barragem do Itabiruçu atualmente aglomera 130,7 milhões de m³ de rejeito de minério de ferro – Foto: Rodrigo Andrade/DeFato

A promotora de Justiça Giuliana Talamoni Fonoff, curadora do Meio Ambiente do Ministério Público, informou  que permanece suspenso o alteamento da barragem do Itabiruçu, em Itabira, no que se refere ao aumento da crista – elevação da parede. “Eles estão fazendo obras de manutenção, para manter o que já tem ali, o nível de água, por exemplo”, ressaltou.

As obras de alteamento da barragem do Itabiruçu foram suspensas no dia 27 de julho. No dia 1º de agosto, a mineradora retomou os trabalhos com atividades complementares (veja nota abaixo). Na época, a mineradora argumentou que a medida foi necessária depois que um projetista identificou “alterações decorrentes de assentamentos diferenciais no terreno”.

A promotora esteve nessa terça-feira (13) na Câmara de Vereadores para falar a respeito das auditorias independentes contratadas pela Vale para avaliar as condições estruturais de suas barragens em Itabira. Os estudos realizados até o momento apontam que todas as estruturas de Itabira estão estáveis, não apresentando situação de perigo.

A Vale realiza obras em Itabiruçu desde meados do ano passado. A crista da barragem está sendo elevada de 836 para 850 metros acima do nível do mar. A estrutura tem capacidade para aglomerar até 222,8 milhões de m³ de rejeito de minério de ferro.

Trincas

“A barragem de Itabiruçu tem a certidão de estabilidade. Estava em processo de alteamento devidamente autorizado pelo órgão competente, que é a Supram (Superintendência Regional de Regularização Ambiental). O que aconteceu é que apareceram trincas na área nova, onde está sendo feita a obra de alteamento. Então, teve a recomendação de paralisar para a gente entender o porquê dessas trincas”, explicou a promotora.

As trincas foram constatadas durante as auditorias realizadas pela Aecom do Brasil. O que teria causado as trincas ainda não foi constatado. “É mais devagar que gostaríamos (o resultado). A gente ainda está aguardando o resultado. A empresa que faz esse acompanhamento é muito conservadora em termos técnicos e exige que os termos sejam feitos em grandes números para que a gente possa ter certeza. Então, a gente ainda não tem nenhuma conclusão”, ponderou Giuliana Fonoff.

Devido o surgimento das trincas no Itabiruçu, a Aecom do Brasil paralisou temporariamente as auditorias nos complexos das Minas do Meio e Conceição, que abrangem as barragens Conceição, Itabiruçu, Rio do Peixe, Cambucal I e II e Três Fontes.

“Depois da segunda visita da empresa nas estruturas (dos complexos das Minas do Meio e Conceição), umas duas semanas depois começaram as trincas no Itabiruçu. Então, o trabalho meio que foi paralisado. Mas, a princípio, eles não viram nenhuma questão que demandasse maior atenção. Agora todas as atenções estão voltadas para as trincas. Um ponto de cada vez”, concluiu a promotora.

Leia na íntegra a nota enviada pela Vale à DeFato:

A Vale retomou no dia 1° de agosto as obras do projeto de alteamento da Barragem Itabiruçu, em Itabira (MG). Estão sendo realizadas atividades complementares ao alteamento, como a construção de aterro de impermeabilização do talude e a complementação da instalação dos filtros.

Paralelamente a essas intervenções complementares, a equipe técnica do projeto segue com estudos e análises mais aprofundadas sobre os assentamentos diferenciais identificados no terreno.

Importante destacar que a execução dessa obra não altera os índices de segurança e estabilidade da barragem Itabiruçu. Cabe ressaltar que a barragem é construída pelo método a jusante, considerado o mais seguro.

A Vale realiza o monitoramento integral da estrutura, que teve sua Declaração de Condição de Estabilidade (DCE) renovada em 30 de março deste ano.

 

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