Belmont fala em “sofrimento severo” e planeja suspender contratos de 50 trabalhadores

Empresa tem como principais mercados países como Estados Unidos, China e a Europa, justamente locais mais atingidos pela pandemia do coronavírus

Belmont fala em “sofrimento severo” e planeja suspender contratos de 50 trabalhadores
Metabase acompanha medidas adotadas pela mineradora Belmont – Foto: Acom/Metabase
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A mineradora itabirana Belmont comunicou ao Sindicato Metabase o planejamento para suspender os contratos de 50 trabalhadores durante a crise provocada pela pandemia do coronavírus. A empresa pretende lançar mão dos mecanismos criados pela Medida Provisória 936/20, que institui o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda. Outra medida anunciada pela companhia é a redução de jornada de outros oito funcionários.

Pela MP editada pelo presidente Jair Bolsonaro, as empresas podem suspender contratos de colaboradores e reduzir as jornadas de trabalho como medidas que evitem as demissões. Durante o tempo em que esses mecanismos forem usados, caberá ao governo federal pagar a esses funcionários valores correspondentes ao seguro-desemprego a que teriam direito se tivessem sido mandados embora. No caso da Belmont, por causa do faturamento anual da mineradora, a contribuição do Poder Público será de 70%, com a empresa sendo responsável pelos 30% restantes.

De acordo com o diretor-presidente da Belmont Mineração, Marcelo Ribeiro, a companhia itabirana, “como a grande maioria das empresas, vem sofrendo severamente os impactos da Covid-19″.  O executivo comentou que os principais mercados de atuação da Belmont são os Estados Unidos, Europa e China, justamente os epicentros da pandemia, locais que foram forçados a tomar medidas enérgicas para contenção do vírus.

“Tais medidas de isolamento social resultaram em fechamento de fronteiras, cancelamento das feiras internacionais e fechamento de diversas operações que consequentemente paralisaram por completo as exportações da empresa”, disse Marcelo Ribeiro a DeFato Online. Ele acrescentou que o mercado da indústria joalheira, no qual atua a Belmont, “em momentos de instabilidade econômica, é um dos setores mais impactados”. 

O diretor afirmou que as medidas discutidas com o Metabase são alternativas para não ter quer demitir funcionários. Embora veja incertezas no mercado, ele estima que a recuperação deverá ser sentida apenas no segundo semestre, com a chegada do verão no hemisfério Norte. Segundo Ribeiro, os benefícios dos trabalhadores, como plano de saúde e cartão-alimentação, serão mantidos durante o período de suspensão dos contratos e redução de jornada.

“O Grupo Belmont tem 50 anos de história, já passamos por diversos momentos difíceis. Sabemos que eles acontecem de forma cíclica e por isso faremos todo o esforço para que nossos funcionários sofram o menor impacto possível”, declarou Marcelo Ribeiro.

Metabase atento 

Em nota encaminhada à imprensa, o presidente do Metabase, André Viana, disse que a entidade segue com atenção as movimentações na mineradora Belmont. As duas partes tiveram uma reunião nessa terça-feira (7) e deverão ter novo encontro nos próximos dias.

“Conhecemos a solidez da empresa. O grupo completou ano passado 50 anos, com clientes na China, Estados Unidos, Japão e outros países. Eles podem manter a empregabilidade. Iremos nos reunir e mostrar nossa preocupação, afinal, além do abalo psicológico com a pandemia, os trabalhadores terão mais esse”, declarou o sindicalista.

André defende que cabe uma negociação coletiva em torno das medidas planejadas pela mineradora e que não é correto acordo entre a empresa e o trabalhador sem a intervenção do sindicato. “A desigualdade estrutural entre as partes é enorme. O sindicato entra para equilibrar essa diferença, defender todos os direitos, principalmente das relações de trabalho”, argumentou.