O papel da Infraestrutura na crise e na saída dela

A consequência deste bom funcionamento logístico durante a pandemia, coordenado pelo Ministério da Infraestrutura, pode ser medida no desempenho da balança comercial

O papel da Infraestrutura na crise e na saída dela

A flexibilização do isolamento social está em curso e, com ela, a retomada da economia, apesar das incertezas quanto à velocidade e à intensidade. Mas, temos que reconhecer que o Ministério da Infraestrutura trabalhou tão bem que, assim como um bom juiz de futebol em uma decisão, passou quase desapercebido. As prateleiras dos supermercados não ficaram vazias, não faltaram produtos essenciais, frutas, legumes, gás de cozinha, remédios, etc. As famílias brasileiras em isolamento tiveram acesso a tudo que precisavam para abastecer suas dispensas, os hospitais foram abastecidos, os serviços básicos e essenciais funcionaram em perfeita ordem e, apesar da crise, a logística funcionou em nível nacional.

Coordenadas pelo Ministério da Infraestrutura, várias ações foram implementadas para que a logística funcionasse a contento. Foi criado um conselho de secretários de Transporte para que as instalações de suporte à logística fossem preservadas apesar das especificidades de medidas adotadas no combate à pandemia por estados e municípios. Por exemplo, as oficinas mecânicas, borracharias, lojas de auto peças e restaurantes de beira de estrada foram mantidos abertos. Uma malha mínima aérea foi estabelecida e ainda o funcionamento dos portos foi garantido, o que permitiu a exportação de parte da nossa safra agrícola recorde e da produção da indústria extrativa mineral, com destaque para o minério de ferro.

A consequência deste bom funcionamento logístico pode ser medida no desempenho da balança comercial. Em abril, o saldo de US$ 6,7 bilhões foi o segundo maior da história, com um crescimento de 18,6% em relação a abril de 2019. Temos que lembrar que houve uma queda forte nas importações, mas as exportações, graças à preservação da logística, seguiram firmes, em especial rumo à Àsia. Essa manutenção e crescimento das exportações de certa forma alivia em parte a recessão que sofreremos neste ano de 2020.
Segundo o ministro Tarcísio de Freitas, de janeiro a maio, o cronograma de obras do Ministério não sofreu interrupções e foram investidos R$ 3 bilhões com 23 obras entregues, sendo respeitados e criados vários protocolos sanitários e preservados, em isolamento, os funcionários do grupo de risco.

Em relação ao calendário de leilões de concessões, o ministério da infraestutura já marcou data para o primeiro, que deve ocorrer no dia 28 de agosto, quando serão leiloados os terminais de celulose do Porto de Santos. Outros 44 ativos deverão ser leiloados ou concessionados ainda este ano, dentre eles, 22 aeroportos que demandarão maior atenção e cuidado do governo dada a depreciação temporária destes ativos em razão da COVID-19. O ministro Tarcísio Freitas, em entrevista ao Estado de São Paulo, disse que os leilões serão marcados de acordo com a demanda dos investidores por informações e visitas a estes ativos, e ele citou como exemplo a alta demanda pela Nova Dutra, que deverá ser alvo de uma grande licitação já que 9 empresas já agendaram reuniões individuais com o ministério e dentre essas empresas algumas são grupos estrangeiros que ainda não operam no Brasil.

Neste segundo semestre podem ser concluídos ainda os estudos para a privatização do porto de Santos e da Cia Docas do Espírito Santo, o porto de Vitória.

O ministro Tarcísio segue confiante na arrecadação de R$ 230 a R$ 240 bilhões para os cofres públicos ainda neste ano de 2020, a partir de leilões de concessões e privatizações.

E porque que eu estou falando tudo isso?

Porque quase ninguém fala da gestão de excelência de vários ministérios diante da crise. E aí eu estou falando e destacando o Ministério da Economia, da Agricultura e da Infraestrutura, e, de maneira geral, do alinhamento do governo Bolsonaro, que segue focado em entregar para a sociedade brasileira um país voltado para a produção, com a diminuição do papel do Estado na economia e consequentemente com a diminuição da corrupção.

Passada a pandemia, o ministério da Economia já deixou claro a volta do foco para o equilíbrio fiscal capaz de recuperar a capacidade de investimento da União, dos Estados e municípios, em saúde, educação e segurança. O mercado financeiro já precifica a seriedade da gestão da crise com a queda do dólar; a queda dos juros mais longos; a alta do Ibovespa; e a queda do risco Brasil, que já se encontra nos mesmos patamares de março, antes do início da pandemia. A Petrobrás e o Tesouro Nacional foram ao mercado internacional para captarem US$ 3,25 bilhões e US$ 3,5 bilhões e a demanda pelos títulos, nos dois casos, foi 5 vezes maior do que a oferta. O Ministério da Agricultura deve capitalizar ainda mais a presença dos produtos brasileiros no mercado internacional e o Ministério da Infraestrutura, juntamente com o Ministério da Economia, devem ser os principais catalizadores da volta do investimento e do crescimento sustentável brasileiro.

Rita Mundim é economista, mestre em Administração e especialista em Mercado de Capitais e em Ciências Contábeis

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