Familiares de detentos protestam contra transferência do presídio de Itabira

Funcionários da Vale, vereadores, familiares e OAB se reúnem neste momento na Câmara Municipal

Familiares de detentos protestam contra transferência do presídio de Itabira
Protesto de familiares de detentos contra a transferência do presídio de Itabira, em 2020 – Foto: Thamires Lopes
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A porta da Câmara de Vereadores de Itabira está sendo palco de um protesto na tarde desta terça-feira (22). No horário em seria realizada a reunião ordinária, familiares de detentos se reuniram no local para manifestar contra a transferência do presídio. No momento, funcionários da mineradora Vale, vereadores, familiares dos detentos e representantes da Ordem dos Advogados do Brasil estão discutindo sobre o assunto.

Apesar da imprensa ter sido convidada pela Assessoria de Comunicação da Câmara de Itabira para participar da reunião, os profissionais foram barrados na entrada do local. Apenas no final da reunião, a reportagem da DeFato conseguiu participar da conversar.

Reunião de portas fechadas

Em entrevista à DeFato, a irmã de um dos presidiários, que preferiu não ser identificada, desabafou sobre a angustia vivida pelos familiares desde agosto, quanto o irmão foi transferido para Ponte Nova. ” Nós estamos aqui para pedir a volta dos nossos familiares. Nós não fomos avisados sobre a transferência e estamos há mais de um mês sem notícias. A gente só descobriu onde eles estão porque fomos até a porta do presídio para descobrir. Não estamos tendo nenhum suporte”, afirma a irmã de um dos detentos.

Foto: Thamires Lopes

Segundo a presidente da Associação de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade, Maria Tereza dos Santos, outra luta importante no movimento é pela não abertura de novas vagas no presídio, além de pedir a oportunidade de ensino de qualidade e profissionalizante para que os jovens negros, que moram na periferia, possam estudar.  “Ninguém consegue imaginar a dor de uma mãe que teve o filho taxado de ladrão e muito menos a dor de ver as nossas crianças sendo aliciadas para trabalhar para o tráfico”, lamenta a representante.

De acordo com o gerente de PAEBM, Nathan de Arimateia Silva, não vai faltará esforçoa da empresa para melhorar a situação dos familiares dos detentos e o que for de responsabilidade da Vale será feito. “O presídio está fora da mancha de inundação e caso haja uma ruptura, ele não seria atingido. Porém, a estrada que dá acesso ao presídio será atingida, e com isso ele ficará interditado.  Nós somos responsáveis por essa logística de entrada e saída do presídio neste caso”, afirma o gerente.

Os representantes da Vale, Quintiliano Guerra da Gerente de Geotecnia,  o analista de relacionamento institucional Luiz Augusto Moisés Magalhães , o coordenador de relacionamento institucional Daniel Argento e o supervisor de emergência Magno Mário Almeida, não quiseram se pronunciar sobre o caso.

Além deles, também estão presentes o Dr. João Paulo de Souza Júnior, presidente do Conselho da Comunidade na Execução Penal da Comarca de Itabira (CCLEPI) e Glaucius Detoffol Bragança, representando a OAB.

Entenda o caso

Cumprindo a determinação da juíza da 2ª vara Criminal de Itabira, Cibele Mourão Barroso de Figueiredo Oliveira, o presídio do município foi esvaziado no mês de agosto. A informação de que os detentos, a equipe de trabalho e todo o mobiliário foram distribuídos para outras unidades prisionais foi confirmada pela juíza Cibele Mourão à DeFato Online. No entanto, por questões de segurança, os locais exatos não foram informados.

O documento foi publicado em 22 de junho e faz relação à ausência de um plano de emergência em caso de colapso de barragem, que deveria ter sido apresentado pela Vale. A unidade prisional atualmente tem 290 detentos e está localizada às margens da MG-129, próxima à barragem do Itabiruçu, que apresenta nível 1 de risco de rompimento.

A barragem do Itabiruçu possui 130,7 milhões de metros cúbicos e passa por processo de alteamento para conseguir receber até 220 milhões de metros cúbicos. Reportagem de DeFato publicada no ano passado mostrou que a lama da estrutura de contenção chegaria à unidade em apenas seis minutos.